JORGE RITA INSISTE: É NECESSÁRIO AUMENTAR O PREÇO DO LEITE

Durante a inauguração do XVIII Concurso Micaelense da Raça Holstein Frísia, que aconteceu de 21 a 23 de junho, presidente da Associação Agrícola da Ilha de São Miguel (AASM), apelou ao Governo Regional para que se tomassem “medidas imediatas” para aumentar o rendimento dos produtores de leite.

Jorge Rita continua a pedir ao Governo Regional medidas para aumentar o preço do leite nos Açores: “ou existe da parte da Região apoio direto ao leite, ou tem de existir na Região rapidamente uma decisão ao nível do SAFIAGRI [programa que se destina a compensar os encargos financeiros bancários relativos a empréstimos aplicados em investimentos em explorações agrícolas]”, para que se possa “dar alguma folga a um setor que vive alguma descapitalização”.

O presidente da AASM continua a defender que é necessário valorizar “o melhor leite do mundo mas o mais mal pago da Europa”, e relembra que as verbas do próximo Quadro Comunitário de Apoio e as verbas do POSEI são as grandes preocupações do setor.

Phil Hogan, Comissário da Agricultura, prometeu, aquando de uma visita a São Miguel, que não haveria cortes nas verbas do POSEI. No entanto, Jorge Rita não quer apenas manter estas verbas, e defende que deve haver um aumento no POSEI para os Açores. Quanto ao Quadro Comunitário de Apoio, Jorge Rita defende que é possível “melhorarmos a performance dos Açores no próximo Quadro Comunitário de Apoio, não esquecendo a desagregação do envelope financeiro que tem de vir para a Região”.

No seu discurso, Jorge Rita continua a defender a qualidade dos produtos do setor leiteiro açoriano, afirmando que é necessário “potenciar os nossos produtos e os laticínios são uma fonte de receita extraordinária para a Região, ainda mais se tiverem valos acrescentado”. No entanto, para que a qualidade se mantenha, o Governo Regional dos Açores terá de melhorar as infraestruturas agrícolas: “muito há ainda a fazer: quantas melhores acessibilidades, quanto melhor o abastecimento de água nas explorações, quanto mais eletricidade, teremos melhor rendimento e garantia de melhor sustentabilidade e de melhor produto”.

Por outro lado, Jorge Rita identificou a falta de mão-de-obra no setor como sendo um problema. Por isso mesmo “esse é um trabalho que tem de ser feito na Região e feita em parceria com as escolas e com quem o quer fazer”.

O presidente da Associação Agrícola fez ainda referência à junção entre o turismo e a agricultura, afirmando que “o casamento da agricultura e do turismo é um bom casamento, mas também estamos casados com as nossas indústrias. O Governo Regional não pode ser o juiz que decide o divórcio; tem de ser o juiz que faz a conciliação entre as partes”.

Ainda no âmbito do XVIII Concurso Micaelense da Raça Holstein Frísia, no qual estiveram presentes 235 animais, Jorge Rita destacou o trabalho a nível do melhoramento genético que tem sido feito pelos produtores, afirmando que é feito “com gosto, com paixão e com o objetivo da qualidade”.

Também o presidente do Governo Regional esteve na cerimónia de abertura do concurso, tendo defendido que as entidades públicas e privadas devem desenvolver um trabalho de mobilização, de diálogo e de parceria para garantir que o setor agrícola regional vença os desafios que estão à sua frente. Vasco Cordeiro afirma que este diálogo e concertação tem sido possível de desenvolver com o setor, e está convicto de que “continuará a ser possível continuar este trabalho”.

Vasco Cordeiro, durante o seu discurso, apontou a adesão registada ao ProRural+ (com mais de 900 candidaturas aprovadas) com um investimento de cerca de 90 milhões de euros. O governante afirma que “isso é a expressão clara de que a nossa estratégia suscitou a adesão por parte daqueles que fazem desta a sua vida no dia-a-dia”.

Quanto ao POSEI, o presidente do Governo Regional garantiu que o Executivo está “profundamente empenhado em que não haja uma discriminação negativa dos Açores quanto às verbas do POSEI”.

No que concerte ao preço do leite, o principal problema do setor do leite, Vasco Cordeiro salientou que para este desafio ser resolvido é necessário que todas as partes se “sentem à mesa” para que, entre as políticas públicas e a capacidade dos privados de orientar a sua atividade para uma cada vez maior valorização dos produtos regionais, se “consiga que toda essa cadeia possa fortalecer o seu valor e o seu contributo para a economia da nossa Região”.

Quanto à aposta no futuro da agricultura, Vasco Cordeiro garantiu que “está a ser debatido e construído o programa Jovem Agricultor que encerra em si esta nossa perspetiva da aposta na juventude e no rejuvenescimento do setor”.

 O XVIII Concurso Micaelense da Raça Holstein Frísia terminou no domingo, dia 23 de junho, tendo o juiz canadiano Yvon Chabot, dado a vitória principal (Vaca Grande Campeão) a ‘ORP Mccutchen Maia’, uma vaca da exploração de Óscar e Roberto Ponte, da Lomba da Maia.

Jorge Rita: “o grande desafio é, para o ano, o concurso nacional ser feito em São Miguel”

 “O balanço deste concurso é muito positivo. O que nós pretendíamos era demonstrar uma vez mais a excelência dos nossos animais e isso foi conseguido, além de demonstrar a excelência do trabalho que tem sido feito pelos criadores, pela Associação Agrícola da Ilha de São Miguel e também por todos os patrocinadores do evento.

Se me perguntar em termos de retornos económicos o que é que isto tem, respondo que não é palpável nem contabilizável. O que nós sabemos é que com a notoriedade que se dá cada vez mais à excelência deste concurso a nível internacional, somos cada vez mais conhecidos. O arquipélago dos Açores, no mundo das vacas, é muito conhecido e derivado a este concurso. Temos cá os melhores juízes e eles encarregam-se de fazer passar essa mensagem nas crónicas que fazem nas revistas das especialidades.

Para nós isso é motivo de muito orgulho, sabendo o trabalho que tem sido feito pelos lavradores, pela Associação Agrícola e por todos aqueles que patrocinam os eventos.

Este é o melhor concurso a nível nacional, e o grande desafio é, para o ano, o concurso nacional ser feito aqui na Região Autónoma dos Açores, em concreto em São Miguel. Vamos começar a preparar tudo isso para que o sucesso continue a crescer, para darmos continuidade à excelência do trabalho que tem sido feito e à excelência dos nossos animais, porque os Açores só vingam pela excelência e pela qualidade. Penso que as vacas e os lavradores dão uma demonstração inequívoca do que é trabalhar com o objetivo da excelência e qualidade.”