A Associação Portuguesa de Mutualidade (APM – RedeMut) comemorou o Dia Nacional do Mutualismo, a 25 de outubro de 2021, no Auditório Manuel Menezes de Figueiredo, em Vila Nova de Gaia, com uma conferência. “Como pode o Plano de Ação Europeu para a Economia Social contribuir para potenciar uma economia ao serviço das pessoas e do planeta?” foi o tema escolhido e esteve dividido em dois painéis, onde participaram personalidades como António Costa e Silva, Francisco Assis, Maria de Belém Roseira, Manuel Pizarro, entre muitas outras. Luís Amorim, presidente da Liga das Associações de Socorro Mútuo de Vila Nova de Gaia, apontou para o papel do mutualismo na sociedade mas referiu a sua maior preocupação: falta de jovens na área.
No Dia Nacional do Mutualismo, a Associação Portuguesa de Mutualidade (APM – RedeMut) organizou, no Auditório Manuel Menezes de Figueiredo, a 25 de outubro de 2021, em Vila Nova de Gaia, a conferência “Como pode o Plano de Ação Europeu para a Economia Social contribuir para potenciar uma economia ao serviço das pessoas e do planeta?”. O evento foi dividido em dois painéis.
Inicialmente, Pedro Bleck da Silva, vice-presidente do Concelho de Administração da APM-RedeMut, fez uma pequena introdução onde referiu que a associação alberga 80% das mutualidades do país. Seguiu-se Francisco Rita, presidente da Mesa da Assembleia Geral da APM- RedeMut, que lembrou que a pandemia veio reforçar a necessidade destas associações. Era suposto ter passado um vídeo de Ana Mendes Godinho, Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, mas acabou por não acontecer, uma vez que a ministra não conseguiu gravar o vídeo e enviar.
No primeiro painel, sob o tema “Que condições são necessárias garantir na Europa para que a Economia Social cumpra todo o seu potencial?”, participaram: Pedro Bleck da Silva, vice-presidente do Concelho de Administração da Associação Portuguesa de Mutualidades – RedeMut; Patrick Klein, responsável pelo setor da Economia Social Empreendimento Social da Comissão Europeia; Manuel Pizzaro, deputado do Parlamento Europeu; Alain Coheur, membro do Comité Económico e Social Europeu – secção especializada de Emprego, Assuntos Sociais e Cidadania; e Victor Meseguer, diretor da Social Economy Europe. Neste painel, Pedro Bleck da Silva chamou a atenção para o papel da Economia Social, demonstrando que esta envolve 2,8 milhões de empresas, gera 13,6 milhões de empregos e representa 8% do PIB Europeu, no entanto, afirma que é um setor marginalizado pelo Mercado Europeu, chamando a atenção para a necessidade do reconhecimento político da Economia Social. Manuel Pizarro também admitiu que a Economia Social e o Mutualismo merecem uma maior valorização no contexto político e garantiu que, no Parlamento Europeu, há um grande consenso por parte dos deputados no que diz respeito ao apoio da Economia Social.
A temática do segundo painel esteve assente na questão: “Como se pode articular o Plano de Recuperação e Resiliência Português com o Plano de Ação Europeia para a Economia Social?”. Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, foi o moderador. Numa pequena introdução disse que, durante a pandemia, a Economia Social mostrou o seu valor e provou que não é o terceiro setor e sim, muitas vezes, o primeiro. António Costa e Silva, presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência, seguiu-se no painel e deu a visão institucional do tema. Lembrou que a Economia Social foi uma rede de apoio durante a pandemia, como já havia sido durante a Troika, mas lamentou que quando as crises desaparecem, a Economia Social volta à invisibilidade. Entretanto, Maria de Belém Roseira, ex-Ministra da Saúde e ex-Ministra da Igualdade, dirigiu-se, em forma de vídeo chamada, ao público. A intervenção da ex-ministra estava programada para o encerramento, mas o atraso na programação fez com que tivesse de falar um pouco antes. Numa mensagem curta, Maria de Belém Roseira disse que mutualismo rimava com cidadania e solidariedade e lembrou que somos todos indispensáveis uns aos outros. O segundo painel continuou com as expectativas dos atores onde participou: Paula Roseira, da “Benéfica e Previdente” – Associação Mutualista; Rui Pedroto, da Fundação Manuel António da Mota; Rosa Maria Neto, da CERCICA – Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Cascais; Isabel Maia Rebelo, da Cooperativa SEIES – Sociedade de Estudos e Intervenção em Engenharia Social, Crl; e António Tavares, da Santa Casa da Misericórdia do Porto. Os intervenientes falaram as experiências das suas instituições e das várias realidades.
Por fim, em jeito de encerramento, Francisco Assis, presidente do Concelho Económico e Social, também salientou que acredita que a pandemia trouxe mudanças. “A economia tem de ser social”, garantiu, não esquecendo que é importante a articulação com outras áreas, nomeadamente a política. Terminou com uma frase marcante, em forma de incentivo a todos os que trabalham ou são voluntários na área da Economia Social e do Mutualismo: “Desejo-vos um bom trabalho, sabendo que do vosso trabalho dependem milhões de pessoas”.
Depois da sessão, o jornal AUDIÊNCIA falou com Luís Amorim, presidente da Liga das Associações de Socorro Mútuo de Vila Nova de Gaia sobre o dia e a atividade. Em primeiro lugar, Luís Amorim fez questão de afirmar que gostam de festejar o Dia Nacional do Mutualismo no próprio dia e já o fazem há, pelo menos, 46 anos, e em 2021, calhou ser a uma segunda-feira.
“Nós fomos a grande almofada durante esta crise, como já tinha acontecido em 2014, eu lembro-me que ali na Liga, tive casos de desespero, pessoas que não tinham dinheiro para comer, não tinham dinheiro para medicamentos, não tinham dinheiro para a escola dos filhos e eram as nossas instituições que apoiavam. Agora na pandemia, gente sem rendimentos, sem nada, com as vidas destruturadas, e foram as instituições mutualistas, e não só, as instituições de economia social, que deram o apoio, portanto, é pegar nesse potencial, nesse histórico e olhar para a frente”, relembrou Luís Amorim, à semelhança de muito o que já tinha sido falado na sessão, mas o mutualista terminou dizendo “mas precisamos de jovens”. O presidente da Liga brincou dizendo que na palestra se via muito cabelo branco ou muitas carecas, tudo para chamar a atenção da dificuldade que tem sido conquistar os jovens para esta área. “É uma dificuldade passar esta mensagem para os jovens do que é o mutualismo, para darem continuidade”, referiu. Mas Luís Amorim já pensou numa forma de conquistar os jovens em Vila Nova de Gaia: “No caso da Liga, estamos a pensar em fazer creches. Para quê? Trazer jovens para aqui. Ao trazer crianças trazemos pais jovens e avós jovens, que é importante vermos que, hoje, os avós com 50/55 anos ainda têm 30 anos pela frente, e têm experiência, caminho feito”.
“Uma reunião muito interessante, intervenções com muita profundidade”, foi assim que Luís Amorim classificou a conferência e deixou votos de que, em 2022, se possa fazer um evento com a mesma, ou mais, categoria.