À surpresa seguiu-se a indignação um pouco por todo o mundo com uma das últimas decisões da administração Trump, em termos de política externa, ao partilhar tecnologia nuclear sensível com a Arábia Saudita e autorizar empresas estado unidenses a construirem reactores nucleares neste País.
A iniciativa de construir reactores nucleares na Arábia Saudita é liderada pelo genro do presidente, Jared Kushner, que se reuniu com o líder saudita príncipe Mohamed bin Salman, de má memória, para discutir «meios para melhorar a situação de toda a região através de investimentos económicos», segundo a Casa Branca. Nesse programa económico está incluida a IP3 International , um consórcio de empresas dos EUA liderado por vários generais e almirantes reformados que se preparam para ganhar milhões com o acordo.
O governo saudita, que está a solicitar propostas para os reactores nucleares, parece ter investido já umas centenas de milhares de dólares num período de um mês para pressionar a administração Trump a aprovar a compra de equipamentos e serviços junto a fontes norte-americanas e assim sendo a Westinghouse Electric Co. e outras empresas americanas estão a preparar-se para construir as instalações, o que permitiria à Arábia Saudita enriquecer e processar urânio.
Este esforço de proporcionar à Arábia Saudita capacidade nuclear é não só insensato, como foi feito sem a aprovação do Congresso, como exigido por lei e em violação da Lei de Energia Atómica, situação que não surpreende dada a volatilidade da administração Trump, acrescido o facto de que uma Arábia Saudita nuclearizada liderada por alguém que é considerado de mentalidade controversa, é uma grave ameaça existencial para o Médio Oriente, tal e qual o conhecemos hoje.
E para que não subsistam dúvidas, o príncipe Mohamed bin Salman, líder dum País que ainda não se libertou do feudalismo e envolvido há pouco tempo no assassinato escabroso do jornalista Khashoggi, não descartou a possibilidade da utilização do nuclear para fins armamentistas.
O príncipe Salman e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, insistem que existe um programa secreto de armas nucleares iranianas, apesar de todos os relatórios técnicos, incluindo os próprios israelitas, indicarem o contrário, já vimos isto no Iraque, mas mesmo assim, consideram a sua versão a única com credibilidade e apesar de Israel ter já um arsenal nuclear com centenas de armas, cuja tecnologia foi também disponibilizada pelos norte americanos.
Em 12 de Fevereiro deste ano, Trump encontrou-se na Casa Branca com vários peritos privados de energia nuclear e «o encontro incluiu discussões sobre os esforços dos EUA para garantir acordos a fim de compartilhar a tecnologia nuclear dos EUA com países do Médio Oriente, incluindo a Jordânia e a Arábia Saudita», diz o relatório.
Há pouco tempo para impedir a transferência de tecnologia nuclear para a Arábia Saudita e o Irão, inimigo mortal da Arábia Saudita, não terá escolha a não ser iniciar agora um programa de armas nucleares se os sauditas construírem reactores nucleares, ideia tanto mais perigosa quanto esta tecnologia poderá cair nas mãos de radicais jihadistas não estatais, apoiados e financiados por elementos poderosos da Arábia Saudita.
Daqui podemos bem concluir que uma vez mais o imperialismo estado unidense está na primeira linha da destruição global ao pretender possuir o estatuto de potência hegemónica, militarista e controladora dos destinos do planeta e como «o pior cego é o que não quer ver» resta-nos lutar pela Paz em todas as circunstâncias.