UM CESSAR FOGO FRÁGIL

O Médio Oriente está à beira de uma guerra total, mesmo tendo em conta os recentes acontecimentos dos quais sobresaiem um acordo de cessar fogo entre Israel e o Hamas e o colapso do governo de Assad na Síria, País este agora governado e ocupado por um grupo anteriormente terrorista, mas hoje proclamando-se democrático e transformado, assim caindo nas boas graças estado unidenses, ou seja, o ano em curso poderá tornar-se assustadoramente complicado com a subida ao poder de Donald Trump se ele seguir as pisadas de Joe Biden em termos de política externa.

Curiosamente, tanto um como o outro, reivindicam os méritos por acabarem com a guerra genocida de Israel, que já matou mais de 64 mil palestinos até o momento, mas que continuam a ser massacrados, com a violação por Israel do acordo de cessar fogo. Estamos globalmente de acordo ou pelo menos a esmagadora maioria, em que as armas se calem, mas seguramente o bom senso dos governantes dos países envolvidos no conflito deveria permitir um fim permanente para a guerra e o encetar de conversações para a constituição de dois estados.

Donald Trump orientou Israel a aceitar um cessar fogo para mostrar ao mundo que ele pode fazer um acordo para a Paz, o mesmo tendo afirmado em relação à guerra da Ucrânia, mas para já tudo é fogo de vista. Informações recentes, sugerem que o acordo parece não estar finalizado nos círculos políticos internos em Tel Aviv, como informa o Times of Israel, onde é salientado que altos funcionários israelenses não declararam oficialmente um acordo para implementação de
cessar fogo com o Hamas e o gabinete do primeiro-ministro divulgou um comunicado «acusando o Hamas de apoiar somente algumas cláusulas e criar uma crise na finalização do acordo», ou seja, ainda não está tudo preto no branco.

Pode parecer pessimista, mas será justo dizer que o acordo de cessar fogo é frágil e será apenas um remédio temporário, pois a resistência palestina sabe, no seu íntimo e por exemplos anteriores, que a Paz desta forma é inatingível e estará pronta para continuar sua luta quando Israel reacender o próximo conflito.

Por outro lado, Israel quer terminar esta guerra, adquirindo todos os territórios palestinos adquiridos e Donald Trump não fará nada para obstaculizar esta ideia, aliás, a exemplo do que fez no seu primeiro mandato como presidente, mudando a embaixada dos Estados Unidos para Jerusalém, facto que os palestinianos e a maior parte do mundo muçulmano
reprovaram com justificada indignação.

O colapso da Síria concretizou-se pela mão de grupos terroristas, Al-Qaeda, Estado Islâmico, Frente al-Nusra, apoiados pelos Estados Unidos, Israel e a Turquia, os quais desde 2013 no mandato de Barack Obama que ordenou o envio de armas para o intitulado Exército Sírio Livre, em constantes ataques deixaram um rasto de morte e destruição de património
mundial.

O General Martin Dempsey, Chefe do Estado-Maior Conjunto, alertou repetidamente sobre o risco de armar forças rebeldes que incluiam grupos extremistas islâmicos com supostos laços com a Al-Qaeda, mas não deram credibilidade aos seus avisos. Em novembro do ano passado, os ataques terroristas na área de Idlib, no sul da Síria, foram frustrados pelas leais Forças Armadas da Síria, de acordo com a agência de notícias síria SANA, e o Ministério da Defesa sírio informou que «Unidades de forças posicionadas no sul da zona rural de Idleb repeliram um ataque terrorista lançado por organizações armadas, deixando pesadas perdas em equipamentos e armas, matando e ferindo dezenas de terroristas. Também derrubaram vários drones suicidas filiados a terroristas que tentaram atacar alguns pontos militares e várias aldeias e cidades seguras», ou seja, este foi um sinal de alerta de que os terroristas apoiados pelos Estados Unidos, Israel e Turquia estavam a preparar-se para mais ataques futuros contra as forças do Presidente Assad.

Esta foi uma estratégia de longo prazo que começou sob o regime Obama, estando disponíveis nos documentos libertados pelo Pentágono em 2012 onde se confirma o plano para desestabilizar a Síria e outras zonas do Oriente Médio, assim apoiando também os interesses israelitas. O futuro aparece-nos assim toldado por nuvens negras e todos quantos lutam globalmente pela Paz, só devem continuar esse caminho, pois são os povos a dar a última palavra.