NASCEU NO PORTO, VIVEU E CRESCEU EM GAIA… E JÁ É NOSSO!

Considerado hoje um dos principais acontecimentos musicais realizados no território nacional, o Marés Vivas aconteceu pela primeira vez em 1998 na cidade do Porto (!!!), transitando no ano seguinte para Vila Nova de Gaia, mantendo-se como um certame de bandas portuguesas e percorrendo diversas freguesias da orla marítima e fluvial do concelho durante vários fins de semana. No ano 2000, manteve o mesmo perfil doméstico, optando, no entanto, pela sua concentração em apenas dois locais gaienses durante quatro noite. Mas eis que, em 2001 (ano de autárquicas!…), apresentou-se mais ambicioso, juntando às bandas nacionais alguns destacados grupos de além-fronteiras, como os Guano Apes, Jon Spencer Blues Explosion, Yo La Tengo ou Fun Loving Criminals. E quando tudo parecia indicar o seu fortalecimento, o certame entrou numa fase de hibernação que durou cinco longos anos.

O renascimento do Marés Vivas aconteceria em 2007, depois de inexplicáveis avanços e recuos, tendo por palco a praia do Areinho de Oliveira do Douro e reunindo numa única noite cerca de 12 mil pessoas que assistiram às atuações das bandas Chemical Brothers e Da Weasel. Após este regresso tímido, que pôs fim a uma pausa de cinco anos, o festival voltou no ano seguinte em dose tripla, com um programa aliciante, onde se destacavam os nomes de James, Prodigy e Tricky, enchendo por completo a praia de Cabedelo, que viria a ser palco do certame durante dez gloriosos anos com outros grandes nomes como Elton John, James Morrison, Manu Chao, Scorpions, Sting, Joe Summer, Skunk Anansie, Moby ou John Legend, apesar das críticas de alguns grupos ambientalistas, que contestaram a escolha do lugar por temerem consequências nefastas na Reserva Natural Local do Estuário do Douro.

A contestação dos ambientalistas foi ainda maior quando, em 2016, a autarquia, face à construção de um conjunto de edifícios nos terrenos da praia do Cabedelo, tornou pública a decisão de mudar o festival para um Parque Urbano que se projetava para o Vale de São Paio, em Canidelo. Esta decisão motivou uma providência cautelar apresentada pela Quercus, que acabou por determinar a suspensão das obras de preparação do terreno para o festival e atrasos na primeira fase de preparação do novo Parque Urbano, bem como a denuncia do Partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) ao Ministério Público da realização de operações de limpeza de terrenos alegadamente à margem das leis, que terão causado danos significativos e irreparáveis a animais e espécies protegidas. Em resultado desta polémica, o município desistiu da ideia inicial e acabou por optar por outros terrenos, que não enfermavam dos mesmos problemas ambientais, mas requeriam bastantes cuidados.

Atendendo à grande proximidade destes terrenos com a Reserva Natural Local do Estuário do Douro, refúgio ornitológico criado em 2006 com vista à segurança de inúmeras aves que passam, durante todo o ano, por aquele lugar para nidificarem e recuperarem forças, urgia tomar medidas que evitassem causar danos de grande monta às aves protegidas. Mas foram poucas as barreiras acústicas e muito deficiente o cuidado com a localização dos palcos e dos PA (direcionamento das colunas de som) dos vários artistas que integraram o cartaz do Marés Vivas, entre 2016 e 2019, com realização nos terrenos da antiga Seca do Bacalhau, por onde passaram os milhares de decibéis de nomes como Elton John, Scorpions, Bastilhe, Kodaline, David Guetta, Diogo Piçarra, Keane, Mando Diao, Sting ou Jamiroquai.

Mas a partir de 2020, com a epidemia da COVID’19, os “habitantes” do refúgio ornitológico do Estuário do Douro livraram-se de vez do massacre a que estavam a ser sujeitos, contrastando com a tristeza dos festivaleiros que durante dois anos ficaram “órfãos” de um evento musical imperdível que acabariam por ver renascer de forma sustentada e sem riscos de danos ambientais, nos terrenos do antigo Parque de Campismo da Madalena. Esta mudança de local proporcionou um recinto cinco vezes maior do que o anterior, oferecendo melhores condições de conforto, segurança e acessibilidade para os públicos, que desde 2022 puderam assistir à atuação de notáveis artistas como Bryan Adams, Anitta, Jessie J, J Balvin, Pablo Alborán, Slow J, Black Eyed Peas, The Script, Take That, James Athur ou Ben Harper.

E ei-lo agora mais uma vez de volta, nos dias 18, 19 e 20 de julho de 2025, no mesmo lugar onde renasceu reforçado, com melhores condições logísticas e maior ambição, assumindo-se definitivamente como uma experiência para todos os sentidos, unindo música, natureza e celebração num cenário único, para mais uma edição que promete momentos inesquecíveis, com um cartaz verdadeiramente de luxo que combina alguns nomes lendários da música internacional com artistas consagrados do panorama nacional, como os Scorpions, Thirty Seconds to Mars, Pedro Sampaio, Ozuna, Marcus King e Calema ou Xutos & Pontapés, Miguel Araújo, Luís Trigacheiro, Nena e Joana Almeirante e Os Quatro e Meia.

Com a aproximação das eleições autárquicas, pergunta-se o que se propõe fazer o próximo responsável pelos destinos de Gaia no que respeita ao Marés Vivas, certame nascido na cidade do Porto, mas que por aqui viveu e cresceu e… já é nosso??!! Será que algum dos candidatos se atreve a pôr em causa a sua continuidade entre nós?! É o que consta por aí!…

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