“O NOSSO OBJETIVO É O DE PASSAR DO OCEANO AO PRATO”

Situado em Rabo de Peixe, desde 2016, o Botequim Açoriano coloca na mesa dois ingredientes importantes: gastronomia e cultura. Rúben Correia, em conversa com o AUDIÊNCIA, falou sobre o evento Botequim ComVida, a missão do restaurante, a excelência dos produtos e os projetos futuros.

 

Tivemos, no mês de Fevereiro, dois grandes eventos aqui no Botequim Açoriano. Isto cada vez mais está-se a tornar numa referência da cultura e da gastronomia da Ribeira Grande?

O nosso slogan é “sentamos à mesma mesa os saberes e os sabores da cultura dos Açores” e, neste caso, este mês, foi um mês muito produtivo. No Dia dos Namorados tivemos a presença do Tozé, dos Perfume,grande símbolo da nossa música nacional, e, agora, a passagem do Chakall, devido ao projeto Botequim ComVida. ComVida de viver, de dinâmica mas também de convite, de convidado. um trocadilho que nós fazemos. Irão passar pela nossa cozinha vários chefes de renome nacionais como o Henrique Sá Pessoa, o Chefe Avilez, o Kiko, entre outros chefes conhecidos e reconhecidos na gastronomia nacional e internacional. O nosso objetivo é trazer até nós, chefes com uma visão mundial e multicultural da gastronomia para conhecer os melhores produtos dos Açores, e que possam, de certa forma, dar o seu contributo para reinventar a gastronomia açoriana, ou seja, trazer receitas para o presente do passado de forma, dando um toque mais moderno e multicultural. Teremos a fusão da nossa Chefe Dodó, a minha mãe, que irá dar um pouco do seu saber da gastronomia açoriana e os chefes vão dar o seu toque mundial. É um desafio muito interessante que visa envolver várias parcerias e o objetivo também é passar por locais típicos e de referência no nosso concelho. Vamos dar primazia aos nossos produtos da localidade que já consumidos diariamente para que, de certa forma, possamos internacionalizar a nossa gastronomia.

 

Para além desse enriquecimento, há também a ideia de tornar um espaço em que as pessoas devem procurar, porque aqui encontram o que há de melhor…

A nossa missão diariamente é trazer até nós o melhor produto e o produto mais fresco que encontramos no mercado. Temos a garantia que o nosso peixe é de qualidade e fresco pois compramos diretamente aos produtores, os pescadores de Rabo de Peixe. Na semelhança daquilo que fazemos diariamente, também vamos fazer com os nosso chefes, para que tenham conhecimento de aqui, nos Açores, temos bom produto e temos boa matéria prima para fazer da nossa gastronomia, uma gastronomia de excelência.

 

E, por outro lado, isso também poderá permitir que Rabo de Peixe seja olhado de uma outra forma…

Tal e qual. Eu tenho uma referência em termo de peixe em Lisboa, a cidade onde atualmente estou a viver, que se chama precisamente Rabo de Peixe, um restaurante com muita qualidade e com um peixe fresco vindo todos os dias vindo, precisamente, de Rabo de Peixe. Temos matéria prima de qualidade que nenhuma parte ou poucas partes no mundo têm. Agora, temos é que ter a ousadia e a capacidade de pegar nesse produto de qualidade transformá-lo em excelência, num produto final. O nosso objetivo é o de passar do oceano ao prato.

 

Rabo de Peixe fica com duas alternativas, do prado ao prato e do oceano ao prato…

Inspirei-me no slogan da Associação Agrícola, um restaurante de referência. Nós garantimos excelência e produtos dos Açores. Agora, da carne não tenho a certeza que toda a carne consumida seja açoriana,agora, o peixe sim.

 

A carne nobre não existe aqui, em São Miguel, mas existe noutras ilhas porque aqui há mais vacas leiteiras e elas não dão carne nobre…

4 milhões de euros em faturação em lombo, carne de vaca, é preciso muita vaca nos Açores Quer dizer, eu não acredito que haja tanta vaca para a quantidade que se serve nos Açores. Quantas vacas não serão necessárias para faturar 4 milhões de euros? Vamos lá ver, a Associação Agrícola não é a única vendedora de carne nos Açores, há muitos restaurantes. Eu compro carne ao Talho Sousa daqui da zona mas, há certas alturas do ano, em que ele me diz que não tem mais carne e aí temos que mandar vir carne da Argentina, da Colômbia, do Brasil e de outros países. Agora, não podemos vender carne que não é dos Açores, passar por ser dos Açores. A carne da Argentina e de outros sítios é de excelente qualidade e, às vezes, até é superior à nossa. porque como não temos um terreno plano, as nossas vacas estão sempre em superfície não plana, criando músculo, portanto, a nossa carne, de certa forma, tem a tendência para criar músculo e ser mais rija porque temos vacas musculadas. Na Argentina isso não acontece.

 

Depois deste mês de fevereiro bem recheado para além das visitas, já há algum projeto estabelecido para o mês de março, para além das visitas dos chefes…

Ainda estamos a tentar fechar o chefe que virá no mês de março. Não posso lançar o nome porque ainda estamos em agendamento. Todos os meses teremos um chefe de nome no Botequim Açoriano. Para o dia do pai, estamos a ponderar trazer o chefe nesse dia. Para o dia da mulher faremos uma tertúlia sobre Natália Correia. Estamos a lançar convites a individualidades açorianas.