Os últimos dias têm sido pródigos no nosso País e ao nível político em situações que colocam o Presidente da República e o Primeiro Ministro no patamar de melhor actuação em termos de confronto, dada a «preocupação» de ambos na obtenção da melhor nota para defesa das instituições a que presidem.
Poucos dias após as grandes manifestações do 25 de Abril e do 1 de Maio em que esteve bem patente a determinação de trabalhadores, reformados e outros extractos populacionais ligados à área económica, em intensificarem a luta pelo aumento dos salários, das reformas, dos direitos, pela defesa dos Serviços Públicos Essenciais e contra o aumento do custo de vida em que sobressai o preço dos bens mais necessários à população, o País é confrontado com uma singular disputa entre dois órgãos de soberania que se transformou em telenovela nacional apresentada diariamente com denodo pela comunicação social.
Escusado será afirmar, mas reforça-se, que todo este ruído se transformou de imediato em campo de actuação da extrema direita nacional que, como acontece por essa Europa fora com as congéneres, se aproveitou para tecer os habituais comentários de teor populista e praticar as provocações em que são exímios.
Não se sabe quando a telenovela chegará ao último episódio nem tão pouco quando virão à luz do dia os resultados do inquérito sobre o roubo do computador perpetrado por um elemento do Ministério das Infraestruturas, da queixa apresentada ao Ministério Público, nem sobre a actuação dos Serviços Especiais de Segurança, se é que tiveram ou não procedimento, nem qual será o destino da TAP, empresa de bandeira e quando se iniciará a estratégica para melhoria da economia nacional e da população do País.
Sabe-se, sim, que se perspectiva a continuação do confronto institucional, se dermos crédito às palavras do Presidente da República que afirmou peremptoriamente procurar de futuro estar mais atento à evolução da governação, substimando o método dos beijos e abraços tão do seu hábito, considerações logo respondidas pelo Primeiro Ministro que se afirma sem medo e estará pronto para o que der e vier, sem desfalecimentos.
Entretanto, o povo português, perplexo, indignado e farto de sacrifícios, pergunta: Então e nós e os nossos problemas diários que se avolumam dia a dia? Quem procura resolvê-los?
Aqui chegados, seguramente nos lembramos da letra da canção que questionava sobre a Paz, o Pão, Habitação, Saúde, Educação, temas que permanecem na ordem do dia e que, consagrados na Constituição, continuam por criar em plenitude, pois os mandantes da governação os olham de soslaio e não de frente, com olhos de ver, até um dia, pois, somente quando pessoas honestas disserem o que é verdade e actuarem em conformidade com as regras estabelecidas, essas pessoas tornar-se-ão de facto dignas de confiança.