“Mesmo no dia-a-dia, no próprio trabalho. Entre a minha expressão coloquial e a minha expressão poética, não há distância. A diferença será de intensidade, ou ao que se pode chamar de intensidade” (A. O´NEILL 1968.)
Alexandre O´Neill Manuel Vahia de Castro O’Neill de Bulhões (Lisboa 1924/1986) importante poeta do movimento surrealista português, descendente de família irlandesa, Autodidata, O’Neill foi um dos fundadores do Movimento Surrealista de Lisboa.
É nesta corrente que publica a sua primeira obra, o volume de colagens A Ampola Miraculosa, grupo de vida efémera que rapidamente desaparece. As influências surrealistas permaneceram visíveis nas obras dele, que além dos livros de poesia incluem prosa, discos de poesia, traduções e antologias.
Profissionalmente, como outros autores, trabalhou na publicidade (recordemos Ary dos Santos) na qual verteu o seu espírito e imaginação. É da sua autoria o lema publicitário «Há mar e mar, há ir e voltar». A sua posição contra o regime fez que várias vezes fosse preso pela polícia política, a PIDE. As suas primeiras obras; em 1943, com dezassete anos, publicou os primeiros versos no jornal “Flor do Tâmega”. da cidade de Amarante.
Durante os seus primeiros anos foi distinguido com pequenos prémios literários. Datam do ano de 1947 as cartas de Alexandre O’Neill que demonstram o seu interesse pelo surrealismo , dizendo numa delas possuir já os manifestos de André Breton (o Manifesto Surrealista foi publicado pelo escritor francês em 1924 , cujo propósito era “ trazer para o mundo um novo modo de encarar a arte”) e de Maurice Nadeau (1911/2013).
Nesse mesmo ano, O’Neill, Mário Cesariny e Mário Domingues começam a fazer experiências a nível da linguagem, na linha do surrealismo, sobretudo com os seus Cadáveres Esquisitos e Diálogos Automáticos, “que conduziam ao desmembramento do sentido lógico dos textos e à pluralidade de sentidos”.
Por volta de 1948, fundou o Grupo Surrealista de Lisboa Em 1949, tiveram lugar as principais manifestações do movimento surrealista em Portugal, como a Exposição do Grupo Surrealista de Lisboa (em Janeiro), onde expuseram Alexandre O’Neill, e entre outros António Pedro (fundador do teatro Experimental do porto/TEP).
Nessa ocasião, Alexandre O’Neill publicou A Ampola Miraculosa como um dos primeiros números dos Cadernos Surrealistas. “A obra, constituída por 15 imagens e respetivas legendas, sem nenhum nexo lógico entre a imagem e legenda, poderá ser considerada paradigmática do surrealismo português”.
Hoje 6/04/17, cinco anos depois da publicação de Poesias Completas, a Assírio & Alvim vai publicar uma nova edição da poesia de Alexandre O’Neill; “Com organização de Maria Antónia Oliveira e revisão de por Luís Manuel Gaspar, o extenso volume, Poesias Completas & Dispersos, inclui os 11 livros de poemas publicados em vida pelo poeta, entre 1951 e 1986, reunidos anteriormente em outras edições, e ainda algumas novidades.
Poesias Completas & Dispersos trata-se da junção de dois livros publicados anteriormente. Um deles, também com o título Poesias Completas, conheceu duas edições em vida do autor — uma em 1981, com chancela da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, incluía o até então inédito As Horas Já de Números Vestidas, e a outra, em 1983, com uma nova versão de Dezanove Poemas.
O outro, com o título Anos 70 — Poemas Dispersos, publicado já em 2005 pela primeira vez pela Assírio & Alvim. A grande novidade da presente edição é, portanto, a inclusão de 42 textos dispersos, publicados em jornais, revistas, discos e catálogos de arte, como a Relâmpago ou A Phala.
A nova edição da Assírio & Alvim inclui posfácio assinado por Maria Antónia Oliveira, responsável pela organização do livro, intitulado “A Doença das Palavras”, no qual a especialista na obra de O’Neill fala da paixão do poeta pelos dicionários e pelas palavras, procurando descrever o estilo do poeta que dizia não ter estilo nenhum.(informação Assírio & Alvim) Saudamos a publicação de uma poesia exemplar!