OS PRETEXTOS

A situação na Venezuela, derivada da criminosa ingerência e desestabilização levada a cabo pelo todo poderoso vizinho estado unidense e pelas forças do capitalismo interno mais retrógrado, merece a nossa denúncia e condenação.

Acresce o facto de subsistirem ameaças de intervenção militar do chamado Comando Sul norte-americano a coberto da «ordem executiva de 2015» emanada da administração ianque que considera a Venezuela como «ameaça incomum e extraordinária» para a «segurança nacional e a política externa dos Estados Unidos», resultando daqui a continuação da política de sanções, nomeadamente no plano financeiro, causando enormes dificuldades àquele País sul americano como temos podido observar através de imagens preocupantes, aliás, a exemplo do que tem acontecido com Cuba com o decorrer dos anos.

Mais uma vez, a tal política externa mostra a verdadeira face do imperialismo e da sua ofensiva contra os direitos dos povos a escolherem soberanamente o caminho político que querem seguir nos respectivos países.

Se recuarmos um pouco na História, desde o assassinato de Kennedy, que desencadeou a Guerra do Vietname em consonância com o complexo militar-industrial e a ideia sobre o perigo do avanço do comunismo naquela zona, até  aos atentados às Torres Gémeas atribuídos à Al-Qaeda, organização treinada, municiada e subsidiada pelos estados unidos para atacar os soviéticos no Afeganistão, Bin Laden foi visita da Casa Branca, passando pela invasão do Iraque, da Líbia e mais recentemente da Síria, colocando o Médio Oriente a ferro e fogo,  abrindo o caminho a várias organizações terroristas, além das constantes ingerências criminosas em África, no conjunto originando uma onda de refugiados só comparável à observada durante a II Guerra Mundial e, nos dias de hoje, as ameaças contra a Coreia do Norte e a Rússia, constituem provas incontestáveis de que esta gente não mudou, mas também não mudaram todos aqueles que cegamente, inconscientemente ou propositadamente apoiam este caminho que poderá conduzir o planeta a um conflito de grandes proporções, com a diferença de que, a acontecer, agora não deixará muita gente para contar como foi.

A actual administração norte americana tem mostrado um comportamento errante, mas ao mesmo tempo de confronto que não augura nada de positivo, no entanto, a anterior administração também não lhe ficou atrás, apenas alterando o discurso e mudando alguma coisa para que tudo continuasse na mesma, pois, no fundo, a política externa da governança continua a trilhar o mesmo caminho do hegemonismo e do militarismo.

Claramente, a guerra tornou-se uma enorme máquina de fazer dinheiro e o governo dos EUA, com o seu vasto império, é um dos seus melhores compradores e vendedores, mas o que a maior parte dos americanos, com os cérebros lavados e acreditando que patriotismo significa apoiar a máquina de guerra, não reconhece ainda é que estas guerras em curso têm pouco a ver com a manutenção da segurança do país, mas tudo a ver com o enriquecimento do complexo militar-industrial a expensas do contribuinte.

O presidente Trump planeia reforçar gastos militares enquanto corta fundos para o ambiente, protecções de direitos civis, artes, negócios possuídos por pequenas e médias empresas, emissoras públicas de rádio e televisão, a Amtrak serviços ferroviários, aeroportos rurais e rodovias interestaduais, ou seja, para financiar este florescente império militar que pretende policiar o mundo, o governo estado unidense está preparado para levar a nação à bancarrota, sacrificar as suas forças armadas, aumentar as probabilidade de terrorismo e suas repercussões internas e de empurrar o país para um colapso final.

Portugal, à beira mar plantado, tem uma Constituição, resultante da Revolução de Abril, que, a ser fielmente cumprida, repudia liminarmente estas políticas belicistas e, nessa conformidade, deve levantar a voz em todas as instituições internacionais existentes, pugnando pelo respeito do conteúdo da Carta das Nações Unidas, pela solução pacífica e dialogante dos conflitos, pelo desarmamento e pela Paz.