Depois de vários anos emigrado na Suíça, são imensas as pessoas que me perguntam, É verdade que os suíços são ricos?
Pelo meu conhecimento do país não é difícil responder, e seria até fácil dizer. Como em todo o mundo, há um pouco de tudo, mas a verdade é que não é bem assim: Há pobreza um pouco por todo o lado, que são ajudados pelos serviços sociais, mas têm de prestar serviços, apresentações diários e semanais em locais, alguns suíços são tão pobres que nem conseguem pagar o seguro de saúde.
A reputação da riqueza helvética é inabalável. Por anos consecutivos a Suíça liderou o ranking das nações mais ricas do globo, em termos de renda per capita. Não tem muito tempo, dois estudos realizados separadamente mostraram que o país está entre os dez com a maior quantidade de milionários. Mas neste país não é dinheiro sujo, não é dinheiro manchado de sangue como noutros países do planeta e paraísos fiscais, a corrupção é condenada pesadamente. Mas ser rico no papel é apenas uma parte da história, ao falar sobre a riqueza, sabemos que a mesma pode ser relativa.
Dinheiro, dinheiro, dinheiro, jactos privados, mansões e barcos de luxo à beira do lago, férias de esqui em estações de luxo nos Alpes. Na imaginação colectiva, a Suíça e os milionários vivem quase em simbiose. O banco Credit Suisse estima que quase 3 mil pessoas no país têm fortunas declaradas de pelo menos 100 milhões de dólares.
Estes fazem parte, assim, do exclusivo clube dos super-ricos. Já o grupo de milionários é maior, cerca de 500 mil (aqueles que têm mais de 1 milhão de dólares, para uma população de 8,7 milhões de habitantes). Indiscutível: os super-ricos têm dinheiro de sobra. Mas quanto é necessário para que o resto da população possa ser considerada também rica?
O Departamento Federal de Estatísticas afirma que não há uma definição objectiva de rico na Suíça. Assim o faz também o banco UBS (União de Bancos Suíços), que se declara o maior gestor de fortunas do mundo. Na ausência de factores para definir a riqueza, dados estatísticos sobre a distribuição de rendimentos podem ajudar. Não se separam os habitantes em categorias de bilionários ou milionários, mas sim entre os que têm fortunas de 300 mil (dólares) a um milhão.
De facto, os números mostram que há menos milionários e bilionários do que pessoas com menos de 10 mil dólares. Outro facto que nota é que, os 20% de pessoas no alto da escala ganham cinco vezes mais do que os 20% na escala inferior. Isso significa que as disparidades de riqueza são tão grandes na Suíça como em outras partes das economias desenvolvidas, no entanto ninguém pode ganhar mais do que 12 vezes o salário mínimo nacional (cerca de 4 mil Francos), já com ajudas de custo incluídas o que de certa forma também torna este país um dos mais justos do planeta.
O governo suíço não define a maioria da população como rica ou pobre, mas: 60% dos habitantes são considerados com pertencentes à média”. São aqueles lares onde o rendimento bruto fica entre 70% e 150% do rendimento médio nacional (considerando o salário médio nacional 10 mil francos bruto ou seja cerca de 8 mil livre de impostos). Os que tem um rendimento médio acima desses valores são considerados membros da categoria de classe alta Que são cerca de 20%.
Analisando todos esses dados, pode-se imaginar que a classe média suíça é, de facto, abastada. Para começar, os habitantes da nação alpina têm o segundo maior rendimento (em poder de compra) de todos os países da Europa, perdendo apenas para Luxemburgo. Mas o conceito de riqueza depende do lugar de residência. Viver na Suíça, considerada por muitos como a ilha dos preços elevados na Europa, significa ver a conta bancária se esvaziar rapidamente até o final do mês. Em nenhum outro país as roupas, comida, hotéis ou restaurantes são tão caros como na Suíça.
A média de salário bruto mensal na suíça ronda os 8 mil francos livres de impostos, uma quantia que é suficiente para cobrir o custo de vida e todos os anos passar férias pelo mundo. Ao descontar o aluguer, seguro de saúde e despesas quotidianas, uma família mediana na Suíça consegue economizar cerca de 30% do seu rendimento, Os lares com um rendimento abaixo dos cinco mil francos mensais não conseguem economizar muito. Muitos dessas pessoas, especialmente os aposentados, são obrigados a tirar dinheiro da poupança para poder sobreviver. Mas o seu futuro está de certa forma garantido, pois essa poupança ao longo dos anos, permite no final de vida ver aumentada a pensão de reforma que é de cerca 2 mil francos, quase para o dobro ou ter nessa mesma conta de poupança cerca de 1 milhão francos, que pode aplicar como desejar , até adquirir a sua casa no estrangeiro como muitos fazem em Espanha e agora mais recentemente em Portugal.
Se as estatísticas não definem o que significa ser rico, pelo menos fazem-no com os ditos pobres. O número de lares nessa categoria (dois adultos e duas crianças, com rendimento mensal abaixo dos 6 200 francos) ou 4 100 francos para famílias monoparentais, nas quais algum dos membros não concluiu o ensino obrigatório, assim como desempregados.
Embora encontrar um trabalho é o caminho mais seguro para sair da pobreza. O desemprego na suíça é de cerca de 3%. E neste últimos casos dos ditos mais pobres, um em cada dez empregos na Suíça tem salários mínimos. Aproximadamente 12% dos suíços fazem parte desse grupo de trabalhadores, muitos dos quais são mulheres ou estrangeiros.
Ninguém escapa de determinadas despesas. Uma delas é o seguro de saúde que, na Suíça, é obrigatório
independentemente do rendimento familiar. As contas das seguradoras são caras. As mensalidades aumentam anualmente, consumindo uma boa parte da renda familiar cerca de 350 francos mensais, mas não há lista de espera e a marcação de consultas, mesmo de especialidade não passa de 15 dias.
Assim sendo, as famílias com rendimentos mais baixos têm ajuda do estado, neste caso cantões para ajudar a pagar o seguro de saúde ou seja, um quarto da população necessita de ajuda financeira porque a lei assim o permite, mas não se pense que são grandes ajudas, estão sempre pendentes de aprovação e dos rendimentos mensais e estes são na sua maioria os monoparentais.
Sim, muitos bilionários vivem na Suíça. Porém mais da metade da população é classe média. No papel, os suíços possuem mais dinheiro do que outras populações, mas a verdade é que ganham apenas o suficiente para viver (diga-se bem e passando férias) num país com um dos maiores custos de vida do planeta. Rico ou não, o que os suíços podem com toda a certeza afirmar, é que vivem num país com um dos padrões e qualidade de vida, mais elevado do mundo.
A maioria dos habitantes 90% consideram-se felizes no país em que vivem, apesar de não terem necessariamente uma mansão na beira do lago ou um iate no porto felizes e satisfeitos com as politicas governamentais. A Suíça como todos os países do mundo tem coisas boas e coisas más, mas em questão de impostos, a população no país helvético dos chocolates, queijos lagos e neve, são dos que menos pagam. IVA normal 8%, reduzido 2,5% (medicamentos, livros bebidas não alcoólicas e especial cerca de 4% para hotelaria e restauração.
Steuer/ Quelsteuer ou IRS português, rondam os 10 % do rendimento anual bruto, reduzindo depois certas despesas. Pode dizer-se que os impostos anuais são um salário mensal, mas não há descontos por conta nem nada que o valha.
Algumas curiosidades, é que o governo apoia muito o seu povo, mas os combustíveis mais poluentes são mais caros. Não existe Imposto automóvel, e a circulação nas auto-estradas custa 45 Francos por ano, no geral viver na Suíça é bom, mesmo que o custo de vida seja elevado pode-se passar férias e ainda economizar algum dinheiro e nos outros país da Europa em especial Portugal?
No entanto, a verdade é que os milionários na suíça continuam a aumentar, mantendo a suíça no ranking da riqueza global.
Poderia perguntar-se e porquê?
Como dinheiro atrai dinheiro, os bilionários de todo o mundo escolhem a suíça, porque os impostos são dos mais baixos do mundo, a qualidade de vida e segurança são das melhores do mundo.