Desde 4 de setembro que “Pare, Escute e… Ria!” está em cena no Teatro Maria Vitória, no Parque Mayer. Uma produção de Hélder Freire Costa com um elenco de luxo, que promete animar o serão dos espectadores.
Dias antes da estreia de mais um espetáculo de revista produzido por Hélder Freire Costa aconteceram alguns percalços: o ator Paulo Vasco teve um acidente que o levou a ser operado ao joelho poucos dias antes da estreia e uma bailarina teve uma entorse.
Mas nada disso fez com que a equipa de profissionais que dá corpo e voz ao “Pare, Escute e… Ria!” se abatesse. Como conta o produtor, “a equipa uniu-se de tal modo e propôs a solução que foi utilizada: distribuir os textos e números entre os atores”.
Também Flávio Gil e Miguel Dias que, em conjunto com Renato Pino escreveram o guião, fazem destaque à forma como o elenco se adaptou rapidamente à falta deixada por Paulo Vasco.
Se por um lado Miguel Dias diz que o espetáculo teve de ser repensado, Flávio Gil afirma que até no dia do ensaio geral o alinhamento foi trocado. Tudo isto foi possível, conforme disse, não só porque “o teatro tem a sua magia, mas também pelos profissionais que nos rodeiam que, além de bons, são muito generosos”. O objetivo desta mudança foi, acima de tudo, “unirmo-nos para que o Paulo se sentisse bem, para recuperar calmamente, e também para não defraudar o público”, de acordo com Miguel Dias.
Segundo Hélder Freire Costa, é essa “força” e “dinamismo” que o teatro tem que fez com que o espetáculo tivesse um “grande sucesso na estreia”. Com toda a tristeza por detrás da condição de Paulo Vasco, foi uma “enorme alegria o público ter gostado do espetáculo” desde o início.
No entanto, nem tudo foram más notícias. O regresso de Fátima Severino e Paula Sá à revista, bem como a estreia de Sara Barradas nos palcos do Maria Vitória fizeram a delícia da equipa residente. A “jovem revelação e atração do fado”, Elsa Casanova, também já deixou o espetáculo, mas por motivos mais alegres, como conta Hélder Freire Costa: “a Elsa Casanova também já deixou o espetáculo, mas é uma alegria. Ser-se mãe ou ser-se pai é algo fantástico da natureza. Como não pôde fazer o espetáculo até ao fim, tivemos a sorte de encontrar a Milene Candeias, que é uma belíssima fadista” e já integra o elenco.
Desde o início que havia o desejo pela superação em relação aos três últimos trabalhos que a maior parte dos atores fez. “Foi uma revista muito pensada porque queríamos que quando as pessoas vissem, considerassem a melhor de todas. Era este o nosso objetivo, que as pessoas não tivessem dúvidas em dizer que é o melhor espetáculo, e ajuda ter um elenco de luxo como este, um elenco muito talentoso que veste tão bem as nossas palavras”, afirma Miguel Dias.
Também Flávio Gil (encenador) sentiu a responsabilidade de escrever este guião: “tínhamos a consciência de que era muito importante que este espetáculo superasse os anteriores”, diz. “Fizemos três revistas seguidas em que se verificou um número crescente de expectadores, de espetáculo para espetáculo, e isso traz-nos uma responsabilidade muito grande, que é superar esses números e a qualidade do espetáculo também”.
Como disse Miguel Dias e Hélder Freire Costa, a plateia está cada vez mais cheia e cada vez há mais grupos a irem ver a Revista, vindos de vários pontos do país. Por isso mesmo “as expectativas são que esta Revista tenha mais público que a anterior e seja um sucesso económico também para o Sr. Hélder, para que se possa continuar”, disse o ator.
Paula Sá mudou-se do Porto para Lisboa há 25 anos. De regresso ao Teatro Maria Vitória, encontra nos seus corredores lembranças de outrora. Octávio Matos e Beto, ambos já falecidos, são “duas presenças que associo muito a este sítio”, tal como José Raposo, Maria João Abreu e Fátima Severino, com quem muito aprendeu. Ou talvez por ter conhecido ali o marido e “criado” a sua família, haja um carinho diferente por esta casa de espetáculos.
Continua a ir ao Porto com frequência, pois é lá que vive grande parte da sua família, e também foi lá que realizou um dos seus grandes sonhos: trabalhar, ainda que só durante algumas temporadas, já que é em Lisboa que estão “os meios de comunicação social e dobragens audiovisuais”.
É da família que tem mais saudades: “depois do nascimento da minha filha, cada vez sinto mais que é muito bom estar perto da família e infelizmente eu não tenho isso. Uma das coisas que mais me dói e que esta profissão me tirou, foi esse «ninho»”.
Para o futuro ficam alguns desejos: fazer o que ainda não fez. “Gravar um álbum, fazer cinema, fazer mais televisão… mas de qualquer forma sinto-me bastante feliz e realizada porque estão a surgir coisas que não estavam nos meus planos. Por exemplo, este ano sou efetiva numa escola, onde dou aulas de teatro. Surgem sempre coisas, novos desafios… e tenho tentado superá-los.”
Se Paula Sá voltou a estas andanças, foi a vez de Sara Barradas se estrear, estreia essa que, concordam os seus colegas, não poderia correr melhor, ainda que a atriz sinta uma “grande responsabilidade” por pisar um palco “com muita história” e “com pessoas que fazem isto há muitos anos”.
A jovem que é uma cara conhecida da televisão portuguesa, também já passou pelo teatro. Conta-nos que é “completamente diferente fazer teatro e fazer televisão. Aqui o público está à nossa frente, não podemos «cortar», como em televisão que se corta e repete. Aqui não se corta e repete. Se errarmos, temos de saber dar a volta de alguma forma. Depois temos o ‘feedback’ imediato do público. Se estão a gostar mostram que estão a gostar, se não estão a gostar, nós sentimos. As energias transmitem-se e nós sentimos isso”.
Quanto ao futuro de Sara Barradas, poderá continuar na Revista, se houver oportunidade para tal. Quando ao do Teatro Maria Vitória, “é outra revista!”, exclama Hélder Freire Costa sem hesitar. Mas para Flávio Gil, a preocupação atual é “continuar a defender este espetáculo o melhor possível para que, até ao fim da temporada [maio de 2020], conforme o que nos tem mostrado até agora: que superou os três espetáculos anteriores”.