PENSAMENTOS INTEMPORAIS DO ESCRITOR AQUILINO RIBEIRO

É nos tempos de crise moral e material com que a Sociedade dos nossos dias se vê confrontada, que a “sede de justiça” impele os seres humanos a dedicarem um pouco mais do seu tempo a exercitar o raciocínio. Trata-se, portanto, do momento adequado para entrarem em cena os Poetas e os Pensadores, no fundo, os Homens de Letras.

Tomando por base uma notificação de 2019 da ASSP – Associação de Solidariedade Social dos Professores, hoje socorro-me de um pequeno texto do saudoso homem de letras, Aquilino Ribeiro, para invocar a sede de justiça e a reclamação de equidade social, que uma boa fatia da nossa comunidade vem reivindicando e que começa assim:

A nação é de todos. A nação tem de ser igual para todos. Se não é igual para todos é porque os dirigentes, que se chamam Estado, se tornaram quadrilha.

Se não presta ouvido ao que eu penso e não me deixa pensar como quero, se não deixa liberdade aos meus actos, desde que não prejudiquem o vizinho, tornou-se cárcere. Não, os serranos, sejam mil, cinco mil, ou dez mil, têm tanto direito e ser respeitados como os restantes senhores da Comunidade. Se os sacrificam, cometem uma acção bárbara, e eles estão no direito de se levantar por todos os meios contra tal política arbitrária”.

Excelente testemunho nos deixou na obra denominada Quando os Lobos Uivam, o escritor beirão Aquilino Ribeiro, nascido em Sernancelhe, no distrito de Viseu, e que viveu nos séculos XIX e XX (1885-1963). Foi reconhecido como um dos mais prolíficos autores portugueses, fazendo jus à auto denominação de “obreiro das letras”. Além disso, Aquilino Ribeiro deixou uma vasta obra em que cultivou todos os géneros literários, partilhando com Fernando Pessoa, nas palavras de Óscar Lopes, um lugar cimeiro no panorama das letras portuguesas. Bom seria que pudéssemos meditar no seu pensamento e seguir o seu exemplo, sendo certo que, actualmente, há ainda vivos muitos cidadãos portugueses que conheceram fisicamente o escritor e com ele conviveram. Os seus restos mortais estão hoje sepultados no Panteão Nacional, para onde foram transladados no principio deste século, mais propriamente no ano de 2007.

OBS: Parte deste texto foi extraída de Quando os Lobos Uivam”, obra do autor publicada em 1958.