“PRECISAMOS QUE SEJAM APLICADAS MEDIDAS DIRECIONADAS À NOSSA REALIDADE”

O concelho do Nordeste comemorou, no passado dia 18 de julho, na Praça da República, o seu 509º aniversário. Esta data foi festejada junto da comunidade nordestense, com um programa recheado de atividades, que iniciaram no dia 13 de julho e terminaram no Dia do Município e incluíram as tão ansiadas festas, que atraíram milhares de pessoas a esta localidade. A tradicional sessão solene foi um dos pontos altos das celebrações e culminou com a homenagem a José Carlos Carreiro, ao Achada Futebol Clube, a José Augusto Borges e a Orandina Pacheco, antecedendo a distribuição das Sopas do Espírito Santo, por toda a população.

 

As tradicionais Festas do Nordeste, que iniciaram no dia 13 de julho, encerraram com chave de ouro, no Dia do Município. Assim, no passado dia 18 de julho, a Praça da República voltou a ser palco de mais uma sessão solene comemorativa do 509º aniversário do concelho nordestense.  A cerimónia ficou marcada pela presença de Berta Cabral, secretária regional das Infraestruturas, Turismo e Mobilidade, José Andrade, diretor regional das Comunidades, deputados da Assembleia Legislativa Regional, autarcas e representantes de entidades civis, militares e religiosas.

As intervenções foram inauguradas pelo orador convidado, José Andrade, diretor regional das Comunidades, que fez questão de ressaltar a sua ligação a este concelho, prestando um tributo aos seus avós. “Tenho com o Nordeste uma relação inata e vitalícia, por ligação ancestral”, asseverou o diretor regional, garantindo que “tenho orgulho de ter sangue nordestense e sinto uma empatia especial por esta terra, por esta gente, que se destaca e se distingue na nossa ilha, pela sua natureza, pela sua resiliência”.

Evocando a criação e a evolução do concelho, o orador convidado fez questão de destacar o contributo “determinante do poder local, recordado os protagonistas que lideraram o desenvolvimento do município e das suas freguesias em quase meio século de gestão autárquica com legitimidade democrática. Tudo isso na perspetiva de valorizar as pessoas, porque os nordestenses é que fizeram, fazem e farão desta terra o que ela é e será. Afinal, trata-se aqui de homenagear o povo do Nordeste – todos os nordestenses de todas as freguesias, desde o mais notável até ao menos notado, que resistiram ao esquecimento e que construíram o desenvolvimento a que têm direito como todos os demais”.

Na ocasião, José Andrade salientou que foi no último meio século que o concelho “terá conhecido o seu mais intenso e evidente processo de desenvolvimento”, referindo que “tudo isso graças ao voluntarismo e ao empenho de todos e tantos eleitos locais, que se entregam ao interesse da sua terra, com sacrifício pessoal, familiar e profissional”.

Posteriormente, foi António Miguel Soares, presidente da Câmara Municipal do Nordeste, quem se dirigiu aos presentes, frisando que esta celebração constituía um momento especial de memória daqueles que deram origem ao concelho e, ao mesmo tempo, de reflexão sobre o percurso do território até aos dias de hoje, “das lutas que travamos, o sofrimento pelo qual passamos e a capacidade de superação e de transformação, tão característica dos açorianos em geral e dos nordestenses em particular, tudo fatores que nos moldaram e que fazem de nós e da nossa terra aquilo que somos hoje”.

Assumindo que tem “a distinta honra e o prazer de liderar esta Câmara Municipal, junto de uma equipa de trabalho talentosa, lutadora e abnegada”, o edil reforçou que visa “a melhoria das condições de vida dos nordestenses, criando também as melhores condições possíveis para os investidores do nosso tecido empresarial e para as instituições sociais, recreativas, culturais e desportivas aqui sedeadas”.

Segundo o autarca, é responsabilidade do município agir em conformidade com as necessidades e procurar diminuir as assimetrias que, “infelizmente, ainda se fazem notar no Nordeste”. Assegurando que o trabalho deste executivo tem sido árduo, mas, ao mesmo tempo, recompensador, António Miguel Soares garantiu que o concelho de hoje é “muito diferente do que foi”, evidenciando “o desenvolvimento de um conjunto de iniciativas, que visam não só a reabilitação das zonas nobres do concelho, com especial incidência na sede do mesmo, como também estimular as empresas locais, aumentando a oferta de emprego e a estabilização dos agregados familiares no concelho, sem descurar o cumprimento para com as obrigações decorrentes do Programa de Reequilíbrio Financeiro”.

Destacando que o Nordeste, fruto da sua ruralidade e condição de concelho periférico, tem especificidades muito próprias e uma economia local mais permeável às dificuldades geradas pela conjuntura social e económica atual, o presidente da autarquia atestou que merece, “como os outros concelhos na sua condição, um olhar diferenciado e uma discriminação de forma positiva pelos nossos governantes, de acordo e de encontro às necessidades da nossa população”. “Não basta e não é suficiente todo o dinamismo, proatividade e trabalho constante desta Câmara Municipal. Precisamos também que nos sejam aplicadas medidas concretas, ponderadas e direcionadas à nossa realidade e às nossas necessidades, quer a nível do emprego, quer a nível de infraestruturas, quer mesmo ao nível da qualificação da nossa população, pois, de nada nos serve afirmar que temos a geração mais qualificada de sempre se não os conseguirmos fazer regressar ao Nordeste para exercerem a sua atividade profissional”, relevou António Miguel Soares.

Aproveitando a presença da secretária regional das Infraestruturas, Turismo e Mobilidade, Berta Cabral, o edil nordestense constatou que “precisamos que as infraestruturas existentes deixem de ser obsoletas e carentes, para passarem a ser uma efetiva e real resposta às necessidades da nossa população. Precisamos de potenciar a nossa imagem de destino idílico, de enorme beleza natural, de convivência salutar entre progresso e natureza; de uma zona balnear que nos possibilite aproveitar o mar e as condições naturais que o nosso concelho possui e, ao mesmo, sejam dignas e idênticas a outras zonas balneares nos Açores”, reconhecendo que “existe sensibilidade por parte do Governo Regional para estas necessidades e que existem intenções de reverter alguns fatores de diferenciação e discriminação para com o Nordeste”.

Após as mais diversas exposições, decorreu um momento, que brindou os presentes com as homenagens da Câmara Municipal do Nordeste a “três dos nossos mais dedicados concidadãos e a uma instituição desportiva, que tem levado muito longe o nome do nosso concelho”, nomeadamente, ao ex-autarca José Carlos Carreiro, ao Achada Futebol Clube, e a duas individualidades ligadas à Ermida do Pranto, no âmbito das celebrações dos 500 anos, concretamente, a José Augusto Borges e Orandina Pacheco.

No final, todos foram agraciados com as Sopas do Espírito Santo, que foram distribuídas pela população e com as atuações dos Grupos Folclóricos da Imaculada Conceição e São José da Salga.