RESCALDO DAS LEGISLATIVAS 2025

O período que se segue a um acontecimento marcante e quando ainda se sentem ou vão sentir-se os seus efeitos ou consequências, costuma designar-se por o saldo, o resultado ou o rescaldo. Nesse sentido, podemos afirmar que as Eleições Legislativas realizadas no passado dia 18 de Maio representam o aprofundar de um percurso de pelo menos dois anos com maioria absoluta do Partido Socialista, onde tivemos oportunidade de constatar o agravamento das desigualdades sociais e um aumento do empobrecimento de uma fatia considerável dos nossos concidadãos, causas próximas para o desmembramento da geringonça, por iniciativa do PCP e por recusa do PS em aprofundar medidas sociais necessárias.

Paradoxalmente, esta política abriu caminho ao crescimento da direita parlamentar, representada pela AD, CHEGA e IL e provocou um grande descontentamento na população, a qual virou o sentido de voto exactamente para os partidos que defendem austeridade, desregulação laboral, privatização de Serviços Públicos Essenciais, incluindo a própria Segurança Social e já pretendem mesmo uma revisão constitucional.

Também não podemos esquecer que Luís Montenegro regressa ao anterior cargo, mas suspeito de conflito de interesses entre a sua função pública e as suas actividades empresariais, realidade que curiosamente não provoca controvérsia na população, a qual se manifesta muitas vezes indignada com a corrupção dos políticos. Esta reviravolta no xadrez político nacional pode explicar-se com a capitalização oportunista pela direita do descontentamento da população inebriada por promessas de autoritarismo e ordem social que, como sabemos através da História, nunca resultaram em benefícios, bem pelo contrário. Contas feitas, a esquerda cedeu terreno com o PS a perder 400 mil votos, o BE 150 mil, ficando reduzido a uma deputada e a CDU a perder 20 mil votos, conseguindo todavia contrariar de novo as aves agoirentas que predestinavam o seu fim. O crescimento do LIVRE com 50 mil votos não foi suficiente para equilibrar as contas com a direita, acrescido o facto de continuarmos com um nível elevado da abstenção.

Nesta conformidade, compete a todos quantos continuam a acreditar no ideário do 25 do Abril cerrar fileiras e disputar as próximas eleições autárquicas com sentido de responsabilidade para exigir direitos consagrados na Constituição e não os deixar cair nas mãos de quem os pretende retirar a qualquer preço para nos impor uma qualquer condição de subserviência, baixando a cerviz.

Não nos esqueçamos que o 25 de Abril não foi construído por quem esperou sentado, mas sim por quem acreditou no impossível e para tal deu tudo para a necessária mudança de paradigma de sociedade que tanto desejávamos, ou seja, um País livre e mais justo. Conforme com as recentes afirmações do Secretário-Geral do PCP, Paulo Raimundo, «independentemente dos arranjos que se venham a verificar no futuro, o novo quadro institucional comporta o perigo real da intensificação da concretização da agenda retrógrada, neoliberal e anti-popular e é nesse sentido que o resultado obtido pela CDU assume desde logo um importante significado de resistência e contraria os múltiplos vaticínios dos que confundem desejos com a realidade.

Em geral os resultados eleitorais do passado domingo criam uma situação com novas exigências e perante esta realidade não são aceitáveis entendimentos com a direita e as suas concepções reaccionárias, retrógradas e antidemocráticas e dar suporte à sua política anti-popular, o que se impõe neste momento é resistir e dar combate de forma determinada à agenda em curso». Pelo atrás exposto fica assim bem patente a determinação do PCP na CDU, para continuar a luta pelos direitos e interesses da população em geral, dos trabalhadores, da juventude, dos pensionistas e reformados e do desenvolvimento económico harmonioso do País.

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