ROSITA ORFA TEM 94 ANOS E ASSUMIU QUE VAI CONTINUAR A ESCREVER POESIA

Rosa Teixeira dos Santos, mais conhecida por Rosita Orfa ou Rosinha, nasceu a 16 de junho de 1927, na rua da Igreja, em Serzedo, e é uma poetisa popular que escreve o que lhe vai na alma.

 

 

 

Rosa Teixeira dos Santos escreveu dois livros, o primeiro, “Fantasia da Vida”, foi publicado em 1999, e o segundo, “Memórias da Minha Vida”, em 2008.

De palavra em palavra, Rosita Orfa transporta para a poesia as ligações profundas às raízes e às tradições da terra que a viu nascer.

A poetisa tem 94 anos, declama os seus poemas de cor e assumiu ao AUDIÊNCIA que vai continuar a escrever, porque encontra na poesia a forma mais natural de se expressar.

 

 

 

 

Portugal

 

Precisamos de ar puro,

Para purificar os pulmões,

Assim seremos felizes,

Não queremos ilusões.

 

Sou uma alma que vivo,

Sem um querer justificado,

O pão-nosso de cada dia,

É sossego desejado.

 

Que a pomba mensageira,

Traga um raminho de oliveira,

Sorrio pra toda a gente,

E gosto da nossa bandeira.

 

Amo muito o meu país,

Como ele não há igual,

Porque a bandeira mais linda,

É do nosso Portugal.

Serzedo, Rosa Teixeira dos Santos (Rosita Orfa)

 

 

  1. João do Porto

 

Na cidade do Porto,

  1. João é bem festejado,

Cravos e erva-cidreira,

E o belo carneiro assado.

 

Que bonitas são as rusgas,

O S. João vêm festejar,

Com alfazema e manjerico,

Eu lá irei com o meu par.

 

Para a fogueira saltar,

Isso então é que vai ser,

Levo a minha saia rodada,

Prás pernas não me prender.

 

Na Rua dos Clérigos,

Como é belo apreciar,

Tantas, tantas cabecitas,

Martelos a martelar.

 

Para mim o alho,

Tem a sua tradição,

Criado pela natureza,

Assim, é mais S. João.

Serzedo, Rosa Teixeira dos Santos (Rosita Orfa)

 

 

O S. João em Serzedo

 

Em Serzedo, Rua da Igreja,

Nunca esquecia o S. João.

Rodas de mão e cantigas

Em temos que já lá vão.

 

No lugar do Pinheiro

Era o maior S. João,

Mas tudo passa, tudo morre,

Ficou a recordação.

 

O lugar do Outeiro

Marcou sempre a tradição

Na Srª do Livramento,

Fogueira de S. João.

 

Olha três, quatro balões,

Eles aí vão no ar,

Foram lançados em Fontes,

Para o S. João festejar.

 

Em Serzedo, lugar do Bodo,

O S. João era festejado,

O Bodo era espaçoso,

Era bastante animado.

 

  1. João repenicado,

Para mim é um grande Santo,

Na Freguesia de Serzedo,

Fogueiras em todo o canto.

 

Os vizinhos reunidos

Gostam de colaborar,

Sardinhas e frango assado,

Até a autora raiar.

 

Como a noite está serena

Vou-me sentar no Pontão,

E vem aí uma rusga

A cantar ao S. João.

 

Ao longe ouve-se um eco

De alguém que vem a cantar,

  1. João, a noite está bela,

Continua-se a dançar.

 

O galo já está a cantar,

É o dia a anunciar,

  1. João até ao ano;

Por Deus, hei de lá chegar.

 

A estrela da manhã é linda,

No céu, só ela ficou,

A fogueira já está em cinzas…

Para este ano terminou.

Serzedo, Rosa Teixeira dos Santos (Rosita Orfa)

 

 

 

Há 10 anos sem pensar

 

Há 10 anos sem pensar,

que fui assim convidada,

para assistir a uma gala,

que surpresa abençoada.

 

Nem tinha conhecimento,

que o Jornal Audiência existia,

dirigido pelo diretor senhor Ferreira Leite,

bendito seja esse dia!

 

Um homem, um senhor,

pois assim está confirmado,

semeou agora colhe

e está de amigos rodeado.

 

Em verdade, bem alto digo,

com estas palavras simples mas merecidas,

eu assim vou terminar,

um amigo como o senhor Ferreira Leite,

é difícil de encontrar!

 

 

 

Rosa Teixeira dos Santos (Rosita Orfa)

Serzedo, 21 de outubro de 2018