RÚBEN PACHECO CORREIA: O NOVO PRÍNCIPE DA TVI

Rúben Pacheco Correia nasceu em Rabo de Peixe, na Ilha de São Miguel, em 1997. Autor publicado desde os 14 anos, conta já com cinco obras editadas. Neto e filho de chefes de cozinha, abriu o primeiro negócio aos 18 anos, o Botequim Açoriano. É crítico gastronómico e tornou-se presença regular nas manhãs da SIC pela mão de Cristina Ferreira, que, recentemente, o convidou para a TVI. Em entrevista exclusiva ao AUDIÊNCIA, Rúben Pacheco Correia falou sobre a relevância da sua presença na televisão nacional, sobre as participações semanais no programa Cristina ComVida e sobre o que faz, todos os dias, por Rabo de Peixe, pela Ribeira Grande e pelos Açores.

 

 

 

O que o motivou a aceitar o convite de Cristina Ferreira e a mudar-se da SIC, para a TVI?

A Cristina Ferreira foi a primeira pessoa a acreditar e apostar em mim em termos televisivos. A Cristina é a maior referência televisiva da minha geração. Não vai haver outra, como não haverá outro Ronaldo. São dois astros, cada um na sua área. E, portanto, quem é que não quer trabalhar com o Ronaldo? Quem não quer trabalhar com a Cristina? Senti que a Cristina queria muito que eu voltasse a estar com ela e segui o meu instinto. Aceitei, sem sequer saber se ia ganhar mais ou se ia ganhar menos. Aceitei, porque acredito na Cristina, porque admiro-a e porque tenho por ela a maior estima e gratidão por me ter colocado na televisão. Mas, antes de aceitar, comuniquei a quem tinha que comunicar e senti que não era tão desejado ali, como estava a ser para a Cristina e para a TVI. Portanto, a minha decisão só ficou fortalecida e a minha consciência tranquila, no sentido de ter percebido que podia sair, sem que a minha ausência se notasse ou entristecesse alguém.

Como descreve a sua passagem pela SIC, canal onde começou, também, ao lado de Cristina Ferreira?

Fui muito feliz na SIC. E estou grato por tudo! A SIC e a equipa da Casa Feliz foram incríveis comigo. Senti-me acarinhado durante muito tempo. A Diana Chaves é uma mulher incrível, adoro-a. É boa pessoa mesmo. Há pessoas na equipa, desde o porteiro até à produtora, que me trataram de uma forma que nunca terei palavras suficientes para agradecer. Levo-as comigo no coração, para sempre. E sinto que deixei um pouco de mim nestas pessoas também.

Como caracteriza estes primeiros dias na nova estação?

Ainda estou a conhecer os cantos à casa. Mas tenho sido muito bem recebido. Tratam-me como se eu fosse da família. E isto é muito importante para mim.

Esta sua mudança tem feito correr muita tinta na comunicação social. Qual é o seu olhar sobre as notícias que têm sido publicadas e as duras críticas de que tem sido alvo?

As pessoas nem sempre entendem as mudanças. Diz o nosso povo que “quem muda, Deus ajuda”. Acredito muito nisto. Mas, é normal que o público fiel das manhãs da SIC, que se habitou a ver-me todas as semanas na Casa Feliz, durante mais de um ano, tenha sido surpreendido com a minha decisão. Compreendo. Contudo, muitas pessoas não entendem isso. Olham para os canais como se fossem clubes de futebol. Não o são, são empresas. E mudar faz parte, faz parte do crescimento individual e coletivo dos colaboradores e das instituições. Porém, há críticas e críticas. E, de facto, é com muita tristeza que leio algumas demonstrações, até de ódio, dirigidas a mim, quando não faz sentido nenhum. Eu não traí ninguém, não me vendi. Segui o meu instinto e segui um caminho diferente. Todos nós já mudamos na vida. O próprio João Baião já mudou de canal duas vezes, o Goucha já mudou, a Cristina, enfim, a maior parte das pessoas que fazem televisão em Portugal já mudaram de canal, já mudaram de empresas e isto não pode ser visto como uma traição. Faz parte.

Eu tomei conhecimento de que assinou um contrato de um ano com a TVI. Pode desvendar-me o que o futuro lhe reserva? O que é que vai acontecer nos próximos tempos?

Vamos ter que aguardar. Por enquanto, podemos contar com a minha participação semanal no programa Cristina ComVida e terei incursões em diferentes programas da TVI. E, com o tempo, veremos o que os telespetadores querem que eu faça mais. O caminho faz-se caminhando, como escreveu Agostinho da Silva. Acredito que esta evolução e este crescimento, naturalmente, acontecerá. Estou preparado para sair a qualquer momento da televisão, sem ressentimentos, sobretudo porque a minha vida não é apenas isto. Mas, também sinto que estou pronto para desafios diferentes. Veremos o que o futuro nos reserva.

Como rabopeixense, acredita que a sua visibilidade e o papel que desempenha, também, é importante para a população de Rabo de Peixe? De que forma?

Como deve imaginar, eu não represento Rabo de Peixe. No máximo, sou o representante de mim mesmo. Contudo, tenho em mim um pouco do basalto negro que tanto nos caracteriza. Brillat-Savarin um dia perguntou, de forma retórica, num dos seus livros: “diz-me o que comes, dir-te-ei quem és”. A gastronomia, a pronúncia, a cultura são o cartão de identidade de cada um dos povos. E, apesar de não me considerar representante dos Açores, sinto que tudo aquilo que faço, penso e digo é, claramente, influenciado pela minha raiz. Quem nasce na Ilha, tem tatuada a Ilha no coração. E eu tenho muito orgulho nas minhas raízes. Tenho muito orgulho em quem sou, mas sobretudo donde venho. De Rabo de Peixe. Quando falo na minha terra, não tenho a pretensão de representar ninguém. Nem legitimidade! Falo numa perspetiva de dizer quem sou e como me moldou a minha terra. Falo de Rabo de Peixe e dos Açores que tenho em mim, que sinto e que sou. Não obstante, acredito que é importante para a Vila ter um rabopeixense que aparece todas as semanas na televisão nacional por bons motivos. Um rabopeixense que se orgulha da sua terra, que dignifica a sua terra e que projeta a Vila, num sentido diferente dos sensacionalismos mediáticos, que a comunicação social nacional tem muito por hábito adotar.

O Rúben é o rabopeixense/ribeiragrandense com maior dimensão em termos de comunicação social nacional. Temos visto a Câmara atribuir diversos votos de congratulação a jovens que se distinguem no concelho em torneios e concursos e até recentemente por uma aparição televisiva na Praça da Alegria. O Rúben nunca foi contemplado, nem na sua Vila, nem no concelho. Sente-se magoado?

Claro que não. Nem penso nisto. Aliás, acho que é muito importante a câmara e a junta homenagearem jovens de talento da nossa terra que não sejam tão conhecidos, de forma a que os possam ajudar a ganhar dimensão também. Como compreenderá, não tenho esta necessidade. Um papel assinado por um autarca não fará diferença alguma na minha vida. A diferença na minha vida quem a faz sou eu, todos os dias, com provas dadas nacionalmente. Em jeito de brincadeira, e para finalizar, e se me permite, vou adulterar a célebre frase de Kennedy “não me perguntem o que a Ribeira Grande e os Açores podem fazer por mim, mas o que posso fazer pela Ribeira Grande e pelos Açores”. Acho que a questão que aqui se coloca é exatamente esta: não é importante o que a autarquia ou a junta podem ou não fazer por mim em termos de “reconhecimento”, mas o que eu posso e faço todos os dias por Rabo de Peixe, pela Ribeira Grande e pelos Açores em termos de reconhecimento cultural, gastronómico, etc. É apenas isto que me move, nada mais.