O senhor primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe tem toda a razão ao afirmar que não precisa de Portugal para se relacionar com qualquer país europeu. A propósito da assinatura de protocolo de cooperação, nomeadamente militar, com a Rússia de Putin.
O governante são-tomense deveria saber que ninguém põe em causa que as suas decisões são soberanas, pode escolher com quem se relacionar. Mas também devia saber que a união faz a força. Seremos mais de 400 milhões de falantes da língua portuguesa em 2050, segundo as previsões. É uma grande força, que pode ajudar cada país em várias áreas e situações.
São Tomé não precisa de Portugal, segundo afirma. Tudo bem. Demos a independência a este território para que fosse isso mesmo: independente. Mas, fazer parte duma comunidade tão vasta e tão presente em todos os continentes é uma mais valia inegável.
Lembro aqui as palavras proferidas há dias pelo Presidente da República de Timor-Leste que enfatizou a decisiva contribuição de Portugal para a criação deste país. Portugal tem tido uma atitude de tratar como iguais todos os países que foram sua colónia (não por vontade dos portugueses, mas de uma ditadura que acabou há meio século).
Temos acolhido com muito respeito e atribuído a nacionalidade portuguesa, com direito a passaporte europeu, a centenas de milhar de cidadãos destes países. Isto também devia pesar nas palavras do senhor primeiro-ministro de S. Tomé e Príncipe.