Não é todos os dias que os profissionais portugueses logram passar à fase final de uma competição golfista ao nível das melhores, embora já tenhamos um lote de praticantes que não nos envergonham entre os mais sonantes do Circuito. Vem isto a propósito da 14ª edição do recente “Open” de Portugal Masters que durante quatro dias (sem a presença de público) se desenrolou no percurso algarvio Dom Pedro Victória, em Vilamoura (par 71) e em cuja fase final evoluíram três portugueses – Ricardo Melo Gouveia, Ricardo Santos e Tomás Guimarães Bessa, por sinal o actual campeão nacional – no conjunto dos oito que alinharam inicialmente.
O vencedor desta competição que apurou os melhores 70, em função das duas primeiras voltas e que envolveu jogadores, oriundos de duas dezenas de países de todo o mundo, foi o sul-africano George Coetzee que cumpriu a prova com o “score” relativo de 16 abaixo do par, parciais de 66+70+66+66, cuja proeza lhe valeu a conquista de um prémio pecuniário de €156.825, para um “prize money” global de um milhão de euros.
Coetzee conseguiu vantagem de duas pancadas sobre o inglês Laurie Canter e três sobre a dupla Tommy Fleetwood e Joakim Lagergren, que arrecadaram um prémio de cerca de € 52.121. De salientar que o vencedor desta 14ª edição, que também pratica “surf”, não se cansou de elogiar o nosso País, enaltecendo ainda o valor simbólico de uma vitória que perseguia desde 2010.
Dos oito nomes lusos que iniciaram o torneio, apenas três passaram o “cut” estabelecido na marca das 141 pancadas e muitos nomes sonantes ficaram de fora. Com um agregado de 280 pancadas (4 abaixo) e os parciais de 69+72+69+70, Ricardo Melo Gouveia foi, pela sexta vez, o melhor português na prova, ao classificar-se no grupo dos 36ºs, enquanto Ricardo Santos, também de Vilamoura, ficou no grupo dos 50 melhores, com duas pancadas de vantagem sobre o par do campo (282) e os parciais de 69+71+72+70.
Por sua vez, Tomás Guimarães Bessa, formado na Academia de Miramar, ficou no grupo dos 64ºs, com um total de 285 pancadas (1 acima) e os parciais de 68+70+75+72). Esteve muito bem nas duas voltas de qualificação, mas decaiu ligeiramente nas da fase final. Quanto aos outros portugueses eliminados – Filipe Lima (142), Vítor Lopes (143), Tomás Silva (148), Pedro Lencart da Silva (149) e Miguel Gaspar (156), a maior decepção terá sido a “queda” do luso-francês Filipe Lima, dada a sua experiência no circuito, na estreia do amador de Miramar, Pedro Lencart da Silva, a sentir o peso da responsabilidade.
Mesquita Guimarães Jr. conquista “Verão” da Quinta do Fojo
O amador Luís Mesquita Guimarães Jr., um dos melhores praticantes da Quinta do Fojo (Canidelo), conquistou o Torneio de Verão da instituição presidida por Filomena Rito, ao impor os seus atributos a um conjunto de opositores bem cotados e com “handicaps” baixos, já que no golfe, o nível qualitativo de um jogador é inversamente proporcional à expressão numérica do seu “handicap” (nível de jogo).
O torneio foi disputado nas fórmulas (“gross” e “net”), ou seja, com e sem bonificação, das quais saíram vencedores, Paula Marques e o citado Luís Mesquita Guimarães Jr. Quanto à classificação bonificada (“net stableford”), foi caracterizada por notório equilíbrio. Basta referir que entre a vencedora e o quinto classificado, Carlos Paulo, a diferença foi apenas de dois pontos, o que tornou a ponta final da prova bastante mais emotiva. Paula Marques usufruiu de 31 pancadas de bonificação, mas conseguiu aliar essa benesse com a inspiração suficiente para chegar aos 41 pontos, ou seja, mais um que o segundo classificado, Paulo Cruz, e mais dois que o trio Francisco Inácio, Mesquita Guimarães Jr e o referido Carlos Paulo.
Mas é na classificação de “score” real (“gross”) que a verdadeira essência do golfe se situa, pela simples razão dos praticantes não poderem contar com qualquer ajuda externa e também aí as diferenças foram mínimas. Mesquita Guimarães Jr. foi quem menos falhou e isso permitiu-lhe chegar ao “18” com o “score” mais desejado e um “scorecard” com 31 pontos, seguido de muito perto, por César Campos (“hdcp”- 4), que ficou a um escasso ponto do vencedor, à frente de Joana Silveira (a mais credenciada, “hdcp” 1) e que repartiu com Gonçalo Mota o terceiro lugar do pódio, com 28 pontos. Se atendermos à fórmula “stroke play”, pela qual se rege toda a alta competição da modalidade, Mesquita Guimarães Jr. apesar de ser um jogador “8” de “handicap”, logrou obter uma volta que lhe permitiu anular três pancadas ao seu nível de jogo, ao cobrir a volta regulamentar com 65 pancadas para um par de 60 (5 acima) e uma performance global de um “birdie”, 13 pares, dois “bogeys” e dois duplos, enquanto Campos registava dois “birdies”, 10 pares, quatro “bogeys” e dois duplos.
Curiosamente, César Campos possui melhor nível de jogo (“hdcp.4), mas desperdiçou duas pancadas em relação aos seus atributos para terminar com seis acima (66). No fim de contas, com os diversos praticantes do clube ávidos de uma competição psicologicamente perturbada pela pandemia, os amadores da Quinta do Fojo aderiram entusiasticamente ao torneio estival, estimando-se em cerca de meia centena os praticantes que responderam à chamada no “tee” de saída, com origem em percursos como o centenário Oporto, a mais antiga instituição portuguesa do género (foi fundado em 1890) o vizinho Golfe de Miramar (nonagenário), Golfe Atlântico, Clube Nortada, Estela Golfe e até os limianos do Axis Golfe, este ano envolvidos numa Taça Fundação “especial”, para comemorar as suas Bodas de Prata num torneio prestigiado a ter lugar ainda durante o mês em curso.