Com um lúcido discurso da organização, o diretor Mário Dorminsky encerrou numa concorrida cerimonia a edição nº 37 do Fantasporto/2017.
No seu discurso que reafirma o interesse de continuar a programar o encontro lembrou também os eventos e festivais que a cidade do Porto já perdeu, entre eles o festival Intercéltico de música (ultima edição em 2008), o PONTI (festival bienal de teatro promovido pelo TNSJ, última edição em 2004).
Eu aproveito de lembrar como o Porto escorraçou a companhia Art ´ Imagem da cidade ao mesmo tempo que perdia o único festival de teatro para a infância e juventude, (organizado por aquela companhia de teatro) “O Fazer a Festa”… resta-nos assim o FITEI que já anuncia a sua programação definitiva para este ano cuja edição 40º acontecerá entre os dias 1 a 17 de Junho.
Terminou assim no passado dia 5 de março a 37ª edição do Festival Internacional de Cinema do Porto – Fantasporto.
O filme “Realive”, do realizador espanhol Mateo Gil, foi o vencedor da 37.ª edição do Fantasporto, tendo recebido ainda o prémio de Melhor Argumento. O argumento, relata a história de um homem diagnosticado com uma doença a quem é dado um ano para viver, levando a que decida congelar o seu corpo durante 60 anos, para acordar quando já exista um remedio para o que o afeta.
O Prémio Especial do Júri foi para “Saving Sally”, do filipino Avid Liongoren e Liam Gavin recebeu o Prémio de Melhor Realização por “A Dark Song”. Na Semana dos Realizadores, o grande premiado foi o filipino “Pamilya Ordinaryo”, de Eduardo W. Roy Jr.
Na Secção Orient Express o grande prémio foi para “The Net”, de Kim Ki-Duk.Júri Internacional Cinema Fantástico. Grande Prémio Melhor Filme Realive, de Mateo Gil. Prémio Especial do Júri Saving Sally, de Avid Liongoren. Melhor Realização Liam Gavin, A Dark Song. Melhor Ator. Frederick Koehler, The Evil Within. Melhor Atriz Catherine Walker, A Dark Song. Melhor Argumento. Mateo Gil, Realive. Melhores Efeitos Especiais Drew Casson, The Darkest Dawn Melhor Curta Metragem Cenizo, de Jon Mikel Caballero Menções Especiais A Repartição do Tempo, de Santiago Dellape Garden Party, de Théophile Dufresne, Florian Babikian, Gabriel Grapperon, Lucas Navarro, Vincent Bayoux e Victor Claire 27ª Semana dos Realizadores – Prémio Manoel de Oliveira Melhor Filme Pamilya Ordinario, de Eduardo W. Roy Jr. Prémio Especial do Júri Sins of the Flesh, de Khaled el Agar Melhor Realizador Kim Jee-Woon, The Age of Shadows Melhor Argumento Ivan Szabó e Roland Vranik, The Citizen Melhor Ator Park Ji-Il, The Net Melhor Atriz Nahed el Sebai, Sins of the Flesh Hasmine Kilip, Pamilya Ordinario Secção Orient Express Melhor Filme The Net, de Kim Ki-Duk Prémio Especial Orient Express Dearest Sister, de Mattie Do Menção Honrosa Saving Sally, de Avid Liongoren Prémio Cinema Português Melhor Filme Um Refúgio Azul, de João Lourenço , aluno finalista do curso de Cinema e Audiovisual da ESAP/ Escola Superior Artística do Porto.
Menção Especial do Júri para Filme de Escola Schlboski, de Tomás Andrade e Sousa (criatividade) – ETIC Prémios Não Oficiais Prémio da Crítica Caught, de Jamie Patterson Division 19, de Susie Halewood Prémio do Público Saving Sally, de Avid Liongoren.
Como espectador habitual deste festival, cito entre os filmes revisitados Drop Dead fred (1991) de Ate de Jong (cineasta premiado pela sua carreira), uma história endiabrada sobre uma menina e o seu amigo imaginário.
Também de destacar pelo argumento e interpretação dos atores, o interessante filme O País dos Meninos Bem Comportados (The Land of Good Kids 2014) filme russo do realizador Ol´ga Kaptur, uma história que nos leva a um país sem imaginação, para o qual são relegados os meninos que se comportam mal, para levar uma lavagem de memória, para melhorar as suas condutas… o país dos meninos bem comportados é um mundo sem imaginação que vive na fronteira de um parque de diversão abandonado, metáfora de um mundo perdido, quase estalinista, onde os meninos todos fardados de igual maneira não tem nomes, apenas números que os identificam.
As metáforas do mundo dos países de leste ainda perduram e parecem estar vigentes, mais ainda, quando pairam sobre Europa nuvens totalitárias e segregacionistas.