TUNA ACADÉMICA DA UNIVERSIDADE DOS AÇORES RECETIVA A DESAFIOS

No rescaldo das celebrações do 25.º aniversário da Tuna Académica da Universidade dos Açores (TAUA) na Ribeira Grande, nos passados dias 6 e 7 de dezembro, o Audiência entrevistou Rui Silva, magíster desta tuna, bem como recolheu o testemunho de Miguel Dias (Luso-Can Tuna).

Em declarações ao Audiência, Rui Silva afirma que a tuna está disposta a colaborar com o concelho e com a cidade da Ribeira Grande dentro das “possibilidades” que têm tendo em conta a sua atividade musical, bem como que estão “recetivos a desafios” por parte do município.

A TAUA comemorou o seu 25.º aniversário na cidade da Ribeira Grande. O primeiro dia contou com a celebração de uma missa de Ação de Graças seguida de noite de serenatas na igreja de Nossa Senhora da Conceição, e o segundo dia com um concerto solidário.

Na quinta-feira (dia 6) abrilhantaram a noite os grupos musicais da Universidade dos Açores: o Grupo de Fados, os Tunídeos, a Tuna Com Elas e a Enf’in Tuna, bem como a Luso-Can Tuna do Canadá e a TAISCTE de Lisboa.

Já na sexta-feira (dia 7) foi dia das tunas de fora fazerem um ‘photopaper’ pela cidade da Ribeira Grande, serem recebidas pela Câmara Municipal e também dia do concerto solidário comemorativo do 25.º aniversário, em que a TAUA lançou o seu segundo registo discográfico intitulado “Mérito”.

O Teatro Ribeiragrandense encheu-se para ver e ouvir Luís Alberto Bettencourt, os Myrica Faya, a orquestra do Conservatório Regional de Ponta Delgada (CRPD), a Luso-Can Tuna, a TAISCTE e a tuna anfitriã.

Durante a noite houve também algumas surpresas: a apresentação do espetáculo a cargo de Carmen Gaudêncio e Adolfo Fialho (antigos elementos da TAUA), bem como a participação em cima do palco de Tiago Dias (professor no CRPD e antigo maestro da tuna anfitriã) ao piano e também de Alexandre Gaudêncio (também antigo maestro da TAUA) no violino.

No final da noite foi ainda entregue o valor de 500€ à Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários da Ribeira Grande.

Entrevista a Rui Silva, Magíster da TAUA

Que balanço faz destes dois dias de comemorações do aniversário da TAUA?
O balanço das comemorações do 25.º aniversário da TAUA é bastante positivo. O programa decorreu como planeado, com grande adesão por parte das pessoas tanto na noite de serenatas, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, como no concerto comemorativo no Teatro Ribeiragrandense. O evento foi prestigiado por atuações de grande qualidade musical e um ambiente de muito convívio e espírito académico.

Durante o vosso concerto solidário, foram relatados alguns testemunhos sobre a história da tuna. Qual a importância de dar voz aos antigos elementos?
Foram apresentados durante o concerto comemorativo excertos de um documentário, em fase de finalização, que tem como objetivo registar e divulgar a história da TAUA desde a sua fundação até aos dias de hoje. O documentário é composto por muitos relatos e testemunhos de elementos fundadores, antigos magísteres, antigos maestros e de muitos antigos elementos. Os excertos apresentados permitiram ao público conhecer, pela voz de antigos elementos, o percurso de uma tuna que tem uma história singular e digna de registo.

Ainda sobre o concerto, houve a participação de uma orquestra, dos Myrica Faya e de Luís Alberto Bettencourt. Qual a preparação que tiveram para atuar em conjunto com estes músicos?
A atuação das bandas e músicos convidados valorizaram muito o nosso concerto comemorativo. Na primeira parte do concerto apresentámos três temas em conjunto com uma orquestra composta por alunos e antigos alunos do Conservatório Regional de Ponta Delgada, interpretámos com Luís Alberto Bettencourt, “Chamateia” e com os Myrica Faya, o tema “Chapéu Novo”, havendo ainda oportunidade de cada um interpretar um tema próprio. Na última parte a TAUA fez a sua atuação com a participação especial de dois antigos maestros: Tiago Dias e Alexandre Gaudêncio. Foi uma experiência muito interessante e desafiante para toda a tuna, dada a variedade de estilos musicais interpretados.

Houve muita gente a passar pela Ribeira Grande nestes dois dias. O vosso objetivo de levar o espírito académico até à cidade norte de São Miguel foi cumprido?
O evento trouxe muitas pessoas à Ribeira Grande, em particular muitos estudantes e antigos tunos. Tal como prevíamos, muitos dos antigos elementos da TAUA juntaram-se a nós nos dias de comemorações, gerando-se um enorme convívio de gerações, de recordações, de alegrias e, acima de tudo, de muito espirito académico.

Estiveram presentes uma tuna do Canadá e outra de Lisboa. Que reações pode descrever destes dois grupos ao visitar o concelho?
Estiveram presentes nestas comemorações a TAISCTE (Tuna Académica do ISCTE-IUL), que apadrinhou a TAUA no seu batismo em 1994 e uma das nossas tunas afilhadas, a Luso-Can Tuna (única tuna existente na América do Norte), num total de cerca de 55 elementos. Foi organizado um programa para que pudessem conhecer melhor a ilha e em particular o concelho da Ribeira Grande. Durante a tarde do dia 7 as tunas participaram num ‘photopaper’ que proporcionou uma viagem histórica, cultural e social da cidade da Ribeira Grande e no dia 8 tiveram ainda oportunidade de visitar a Lagoa do Fogo e conhecer as plantações de chá Gorreana. As tunas levam certamente recordações de uma natureza e espírito que só a ilha de São Miguel pode proporcionar.

25 anos de atividade ininterrupta é considerado um marco. Têm sentido o apoio da comunidade ao longo deste tempo?
O tempo de permanência um elemento numa tuna académica está dependente da duração do curso em que está matriculado. Manter um grupo com uma boa qualidade musical durante 25 anos com esta condição é por vezes árduo, sendo que a TAUA tem conseguido sabiamente ultrapassar essa dificuldade ao longo do tempo. Desde a sua fundação a TAUA tem conseguido sempre um apoio e reconhecimento extraordinários por parte de toda a comunidade académica e entidades externas. A 11 de dezembro de 2018 foram aprovados por unanimidade um Voto de Congratulação e um Voto de Louvor pela Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, que reconhece o trabalho e a dedicação da TAUA na dignificação do nome dos Açores e da Universidade dos Açores, na Região, no país e no estrangeiro.

O que podemos esperar da TAUA na Ribeira Grande? Mais iniciativas deste género?
Nós estamos sempre recetivos a desafios. Organizar um evento destes é trabalhoso, a nível logístico e não só, mas felizmente tivemos o apoio da Câmara Municipal e dos órgãos do poder local da Ribeira Grande. Para já, será difícil reproduzir o que foi feito na cidade durante aqueles dois dias, mas com certeza que poderão contar connosco para as atividades que nos forem propostas. Além disso, costumamos juntar-nos às comemorações da Festa da Flor, bem como fazemos atuações um pouco por todo o concelho. Este ano também estivemos presentes no Caldo de Peixe, em Rabo de Peixe, e na Feira Quinhentista, portanto, não contamos deixar de animar a cidade e o concelho da Ribeira Grande, dentro das nossas possibilidades.

Daniel Brigolas, vice-maestro da TAISCTE

Lembro-me da primeira vez que estive nos Açores em abril de 2013, na altura estava na TAISCTE há um ano e meio e ainda não tinha tido a oportunidade de conhecer a TAUA. Sabia que eram nossos afilhados e pela conversa dos “mais velhos” estava a prever uma viagem incrível. Escusado será dizer que superou qualquer expetativa que podíamos ter.
Na altura tivemos a sorte da data coincidir com o cortejo académico, no qual a TAUA ia participar e nos fez uma surpresa ao preparar uma placa em que escreveram “TAUAISCTE”. Como o último “A” de TAUA estava desenhado com uma clave de sol, o pessoal só dizia “TAUISCTE”. O nome pegou e de que maneira! Foi repetido em cantigas vezes sem conta.
Para nós foi especial recebermos o convite para voltar aos Açores e participar num evento tão marcante, a celebração dos 25 anos de tuna. Foram dias de muitas guitarradas, momentos bem passados em que pudemos conviver com as pessoas que não víamos há algum tempo, em que pudemos voltar a cantar as músicas do passado, mas também criar novas ligações.
Foi um prazer rever os nossos afilhados nesta data tão importante, que culminou numa atuação no Teatro Ribeiragrandense, com uma festa pela noite dentro.
À TAUA e a todos os seus elementos, desde a sua fundação até aos dias de hoje, muitos parabéns!

Miguel Dias, maestro da Luso-Can Tuna

Do primeiro ao último momento, a viagem foi inesquecível.
Desde o início que me senti em casa, graças ao calor e à simpatia de todos, especialmente da nossa tuna madrinha, a TAUA.
Os primeiros dias eram cheios de atuações e atividades. Primeiro, a noite de serenatas na igreja. Foi uma noite repleta de emoções, muitas caras conhecidas e um ambiente fantástico. No dia a seguir, uma festa enorme no Teatro Ribeiragrandense, que me trazia muita ansiedade e nervosismo. Para muitos na minha tuna, era a primeira vez a tocar num palco assim, num Teatro de grande nível e qualidade e em frente a outras tunas.
Tudo passou muito rápido. De um momento para o outro a nossa atuação estava a acabar, mas tudo parou quando a TAUA subiu ao palco sozinha. Se há um momento categórico e emblemático da minha semana passada em São Miguel, é esse.
Os dias depois do aniversário foram cheios de paisagens e festas que nunca vou esquecer.