UM PONTO DE ORDEM À MESA DO REACIONARISMO

A Rússia czarista, a União Soviética e a actual Rússia capitalista foram desde sempre alvo da cobiça de outros estados, não somente orientais mas também ocidentais, dada a sua enorme dimensão e também da riqueza existente nos seus solo e subsolo.

A Guerra Russo-Japonesa foi um conflito ocorrido entre 1904 e 1905, entre o Império do Japão e o Império Russo, pela disputa de territórios da Manchúria a nordeste da China e da Coreia e teve como principais teatros de operações a península de Liaodong e Mukden, no sul da Manchúria e a área marítima em torno da Coreia e do arquipélago japonês.

Anos volvidos e na madrugada do dia 24 de Junho de 1812, o grande exército napoleónico atravessou a fronteira e invadiu a Rússia sem avisos ou declarações formais de guerra, tendo os russos em retirada utilizado a política de terra queimada destruindo aldeias, cidades e plantações, assim retirando aos invasores a possibilidade de reabastecimento alimentício, até que em 19 de outubro de 1812, após cinco semanas de estar acampado sobre as cinzas de Moscovo, o imperador francês Napoleão Bonaparte decidiu iniciar a retirada, após ter aguardado inutilmente por um pedido de rendição, acrescido o facto do general Inverno ter começado a mostrar a sua mais valia aniquilando uma boa parte do desmoralizado exército napoleónico.

Mais tarde e durante a II Guerra Mundial, Hitler pensou em invadir a União Soviética, face à relutância dos aliados ocidentais dos soviéticos em abrirem uma nova frente militar na Europa, na expectativa de que a União Soviética fosse rapidamente derrotada, o que não aconteceu e bem pelo contrário o exército nazi sofreu pesada derrota que influenciou decisivamente o desfecho da guerra a favor dos aliados.

Nos dias de hoje e como resultado da contínua expansão para leste do braço armado dos EUA, a NATO, ignorando a Carta das Nações Unidas, o conteúdo da Acta Final de Helsínquia e dos acordos de Minsk, celebrados sob a égide da França e da Alemanha mas nunca cumpridos, sucedeu a invasão da Ucrânia, País liderado por um governo, onde ponderam elementos cruciais de ideologia nazi, que durante anos tem dizimado as populações russófonas no Donbass, levando a Europa novamente para a possibilidade dum conflito militar com a Rússia, desta vez com riscos nucleares acrescidos e que colocam a humanidade num patamar de perigosidade nunca até agora atingido.

Curiosamente ou ironias do destino, o País especialista em invasões, os Estados Unidos, cujo currículo nesta matéria tão tem rival que lhe chegue aos calcanhares, está hoje nos corações das almas inquietas que emocionalmente seguem sem reservas as aventuras belicistas estado unidenses que sentem a sua dominação global posta em causa.

Contrariando parte substancial da informação a que acedemos com mais frequência e nos procura incutir uma realidade inexistente, tanto na recente Conferência de Segurança em Munique, como nas declarações de responsáveis máximos de países, nomeadamente da China, não existe unanimidade de princípios e métodos quanto ao fornecimento de armamento letal ao beligerante Ucrânia, pois esse desiderato contribuiria para deitar gasolina no braseiro já existente, sobresaindo, isso sim e ainda bem, uma preocupação em dar passos na direcção da Paz, contrastando com os defensores da guerra.

É curioso também observar que recentemente, na reunião sobre o Estado da Nação e no Comício subordinado ao tema  «Glória aos Defensores da Pátria» que contou com a presença de muitos milhares de pessoas para assistir ao discurso de Vladimir Putin, alguns comentadores habituais da nossa praça se tenham referido de forma correta ao que estavam a ver em directo e à tradução do discurso, mas posteriormente tenham alterado lamentavelmente a sua narrativa com considerações de caracter pessoal e preconceituoso.

Aqui chegados, constatamos que tanto a Rússia como a União Soviética do passado sempre foram palco de invasões, no entanto e na Rússia do presente, o País passou de invadido a invasor para evitar a repetição da história.

Daqui resulta naturalmente  que, perante a complexa e perigosa situação internacional que hoje vivemos, é necessário e urgente dar mais força à luta pela Paz e o desarmamento.