“UMA HOMENAGEM À TERRA ONDE NASCI E AO RANCHO REGIONAL DE GULPILHARES”

O livro “Gulpilhares Terra de Folclore”, da autoria de António José Santos e com prefácio de Joaquim Carvalho, tio do escritor, foi apresentado no passado dia 19 de março, no Auditório de Gulpilhares. A iniciativa, que se inseriu nas comemorações do 85º aniversário do Rancho Regional de Gulpilhares, contou com a presença de Paula Carvalhal, vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Gaia, Alcino Lopes, presidente da União de Freguesias de Gulpilhares e Valadares, Paulo Rodrigues, presidente da Federação das Coletividades de Vila Nova de Gaia, e Daniel Café, presidente da Federação do Folclore Português.

 

 

O lançamento do livro “Gulpilhares Terra de Folclore”, da autoria de António José Santos, decorreu no passado dia 19 de março, no Auditório de Gulpilhares, no âmbito das comemorações do 85º aniversário do Rancho Regional de Gulpilhares. O evento, que foi inaugurado com um momento musical, protagonizado pelo Grupo de Cordas da coletividade, teve como principal objetivo preservar e difundir os usos, costumes e tradições da localidade.

O autor desta obra, António José Santos, revelou, aquando da apresentação, que “é, para mim, uma enorme honra estar, aqui, perante todos vós e poder contar com a vossa companhia, na apresentação desta pequena, mas sentida, homenagem, para com a terra onde nasci e, em particular, para com o Rancho Regional de Gulpilhares, onde aprendi a conhecer e a gostar de folclore. Já lá vão quase 40 anos”.

Garantindo que este é “um projeto de amor a uma causa, a uma instituição”, o escritor explicou que “este livro é fruto de um sonho, mas, também, é fruto de uma pequena dose de inconformismo. Inconformismo esse, que me foi levando pelas questões com que me deparei, ao longo dos últimos anos. No fundo, os meus porquês”.

Destacando a importância de preservar e difundir os usos, costumes e tradições da localidade, António José Santos mencionou que “enquanto houver um punhado de mulheres e homens com amor às suas raízes, não vai ser por desistência, que morrerá a missão de levar, por diante, as tradições da nossa terra”.

Por fim, o autor enalteceu que “Gulpilhares, com uma história etnográfica riquíssima, tem um legado para mostrar e tão pouco foi, ainda, feito para as gerações futuras o poderem conhecer. Deixo, neste livro, o meu contributo, para que não se esqueçam as danças e os seus passos, as letras dos cantares e alguns outros dizeres, mas, também, para que não se esqueçam as pessoas que, ao longo de mais de oito décadas, transportaram o legado dos nossos antepassados, até aos dias de hoje. Não escrevi sobre todos, mas escrevi, sobre os que me deixaram marca, aqueles que, pelo seu arrojo, pela forma diferente com que encararam a missão que lhes estava destinada, levaram para a frente o Rancho Regional de Gulpilhares. Espero que estas páginas sejam um motivo de conversa e, quem sabe, até de uma saudável discussão, para que outras ideias surjam e não se esqueçam nunca nem o folclore nem as pessoas”.

Neste seguimento, Valentim Machado, presidente da direção do Rancho Regional de Gulpilhares, afirmou, em entrevista exclusiva ao AUDIÊNCIA, que “esta obra é mais uma, porque nós já temos alguns livros, que foram editados ao longo das celebrações, nomeadamente dos 75 anos. Porém, este livro está mais atualizado e está, digamos, na linha do 85º aniversário da existência do Rancho Regional de Gulpilhares”.

Fundado em 1936, o Rancho Regional de Gulpilhares procura manter-se, sempre, fiel ao ideal que nortearam os seus fundadores. “Nesta obra, é possível encontrarmos algumas referências, alguns daqueles que foram os esteios do Rancho Regional, ao longo da sua existência, assim como também temos, pela primeira vez, o registo das danças, isto é, os desenhos que indicam como se dança e as partituras das músicas. Assim, perpetuamos, mesmo, todo este património, que recolhemos em 1936, ou nos anos antes da fundação”, sublinhou o presidente da direção da coletividade, explicando que “o Rancho Regional de Gulpilhares foi construindo a sua identidade ao longo do tempo, ao longo da participação e organização de festivais de folclore e de atividades relacionadas com as nossas tradições, como a desfolhada ou escapelada, a malhada, o mata porco e as romarias ao Senhor da Pedra. Este livro, de facto, vai guardar esse património e perpetuá-lo, o que é muito importante para nós, porque nós deixamos um legado às nossas gerações vindouras, assim como os nossos antepassados, também, o fizeram”.

Assumindo-se como sendo o embaixador do folclore desta região do país, o Rancho Regional de Gulpilhares é uma presença assídua além-fronteiras, tendo marcado presença em Espanha, França, Bélgica, Itália, Grã-Bretanha, Grécia, Jugoslávia, Bulgária, Holanda, Áustria, Israel, Alemanha, Polónia, Checoslováquia, Hungria, Dinamarca e Brasil.

O presidente da Federação do Folclore Português, Daniel Café, também fez questão de participar nesta iniciativa, parabenizando o Rancho Regional de Gulpilhares pelos 85 anos de vida e pelo lançamento desta obra, pois considera que “nunca é demasiado tarde para um grupo fazer este trabalho importantíssimo de registo”.

Para o presidente do Folclore Português, “é sempre um motivo de grande orgulho e de grande satisfação ver nascer mais uma obra literária, que, seguramente, figurará o nosso Centro de Documentação e Investigação dedicado a estes temas”.

Salientando a importância de “registar”, para “não perdermos todo o conhecimento que foi investigado, nem todo este trabalho que os grupos de folclore têm feito, e o Rancho Regional de Gulpilhares está de parabéns, por fazer este ano 85 anos, e que pode ser posto em causa, se não houver o cuidado de deixar escrito, este nosso conhecimento”, Daniel Café reforçou não ter dúvidas de que “se nós não tivermos o registo de algumas destas danças, das cantigas, das melodias, vamos perdê-las, porque as pessoas vão-se esquecendo. (…) Se não tivermos um livro, onde tenha o registo daquilo que é o trabalho efetuado pelo grupo, a investigação que o levou a cabo, vamos perder essa informação”.

Também, Alcino Lopes, presidente da União de Freguesias de Gulpilhares e Valadares, dirigiu-se aos presentes, ressaltando que “para mim, o Rancho Regional de Gulpilhares é o melhor de Vila Nova de Gaia e do Norte do país”.

Asseverando que “a autarquia está sempre presente e quer ir longe na projeção do que está, aqui, a ser feito” e que a coletividade “é muito importante para todos nós”, o edil congratulou o autor da obra, o diretor do Rancho Regional de Gulpilhares, assim como o Grupo de Cordas, pelo “trabalho extraordinário”.

O presidente da União de Freguesias de Gulpilhares e Valadares assumiu, ainda, que “como gulpilharense, tenho um orgulho enorme no nosso grupo, no nosso rancho, e faço votos para que os dirigentes de agora, e do futuro, deem continuidade ao trabalho que tem vindo a ser feito”, afiançando que “estes 85 anos de existência vão fazer-nos refletir sobre o que foi o passado e o que é o presente e eu espero que o presente seja risonho e um bom momento, para nós continuarmos a crescer”, porque “vocês merecem o nosso respeito e a nossa admiração”.

Por sua vez, Paula Carvalhal, vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Gaia, aproveitou a ocasião para evidenciar “a importância de registar a nossa cultura, o nosso passado, que define o presente e o futuro”, reforçando que “temos, aqui, a possibilidade de podermos ter uma memória, para sempre”.

Assegurando estar feliz, “por ver o Grupo de Cordas novamente ativo”, a autarca felicitou o Rancho Regional de Gulpilhares, “por esta ousadia de fazerem, mais uma vez, um registo da vossa história, com uma visão de futuro, priorizando o vosso saber e a vossa vida, como entidade ligada ao folclore”.

A apresentação do livro “Gulpilhares Terra de Folclore” terminou com um momento no qual Alcino Lopes presentou António José Santos e Daniel Café, com uma peça da Vista Alegre, que contém a imagem da Capela do Senhor da Pedra.