Direitos humanos, terrorismo e crime organizado bem podemos encontrá-los em parceria que para muitos seria impensável, mas que parece cada vez mais afirmar-se no contexto das relações globais.
Uma característica marcante da «indústria» ocidental de direitos humanos é a maneira como politiza sua «produção» para atender às necessidades de política externa dos governos de seus países, por muito que esta realidade custe a muito boa gente.
Para esse fim, investidores corporativos e governamentais financiam produtores líderes da «indústria», como a Amnistia Internacional, a Human Rights Watch, a Freedom House ou a Federação Internacional para os Direitos Humanos, daí resultando que os relatórios formais e o conteúdo da mídia social dessas organizações de produtores minimizam os abusos e as violações cometidos por governos apoiados pela NATO e pelos governos de países aliados e em contraste essas ONGs ocidentais exageram ou até inventam abusos dos direitos humanos em outros países não alinhados.
Na América Latina, os abusos generalizados sob regimes de direita na Colômbia, Honduras, Haiti ou Brasil são mencionados em termos discretos, enquanto falsas alegações de grupos de oposição financiados pelos EUA em Cuba, Nicarágua e Venezuela são ampliadas e transmitidas em colaboração responsável.
Nem a própria «indústria» de direitos humanos, nem os meios de comunicação e as «indústrias» académicas, que são seus principais consumidores, fazem qualquer esforço sério de investigação, porque também são financiados pelos mesmos investidores corporativos e governamentais semelhantes aos de seus fornecedores de marca da «indústria» de direitos humanos.
Dada a estreita integração entre essas várias «indústrias» ocidentais de conhecimento e informação, tem sido impossível para eles evitar a cumplicidade no apoio criminoso de seus governos ao terrorismo e ao crime organizado em todo o mundo.
Na América Latina, o caso da Nicarágua, entre outros atrás referidos, constitui um dos exemplos mais claros dessa realidade, se olharmos para a violenta tentativa de golpe fracassada de 2018, envolvendo o uso de terrorismo e crime organizado por procuradores financiados e dirigidos pelos EUA.
Quando, em 2018, o vice-ministro das Relações Exteriores da Nicarágua, Valdrack Jaentshcke, perguntou ao então chefe da delegação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos para a Nicarágua, Paulo Abrao, por que a CIDH se recusava a investigar os assassinatos de polícias e funcionários do governo pela oposição, Abrao respondeu que tais crimes não eram mandato da CIDH porque a doutrina da CIDH-Comissão Interamericana de Direitos Humanos era que os direitos humanos só podem ser violados pelos Estados.
Mais tarde, quando as autoridades nicaraguenses derrotaram a tentativa de golpe terrorista e aplicaram o devido processo aos culpados dos crimes violentos da oposição, a CIDH e o resto da «indústria» ocidental de direitos humanos levantaram-se em protesto e acusaram o governo da Nicarágua de montar processos políticos.
Embora certamente ultrajante, esse facto está longe de ser surpreendente, uma vez que as autoridades dos EUA e seus aliados da OTAN têm sido patrocinadores e financiadores do terrorismo contra vários governos e países-alvo durante décadas, pois de uma forma ou de outra, governos e interesses corporativos financiam seus cúmplices na «indústria» ocidental de direitos humanos e na «indústria» de conhecimento e informação nas universidades ocidentais e na «indústria» de comunicações da mídia corporativa ocidental.
Além da Nicarágua, ao relatarem acontecimentos da Síria à Venezuela, do Irão à Ucrânia, do Afeganistão à Líbia, da Crimeia à Bielorússia, todos são culpados em maior ou menor grau de promoverem o terrorismo e encobrirem o crime organizado, situação que contribui seguramente para o recrudescimento da insegurança e impunidade a nível mundial, colocando também em causa a Paz e o relacionamento entre países soberanos.