Todas as caminhadas exigem calçado adequado, roupa apropriada e boa forma física. Durante a peregrinação a Fátima verificam-se inúmeras complicações, como insolações, alergias provocadas pela exposição solar, desidratação e, sobretudo, problemas com os pés, que sofrem microtraumatismos repetitivos, derivados da sobrecarga das longas caminhadas, da dificuldade de caminhar, das variações atmosféricas e dos declives do terreno.
Recomenda-se a todos os peregrinos que não caminhem por um período superior a três horas, que vistam roupas frescas, que usem calçado que facilite a ventilação do pé e que calcem meias de fibras naturais.
O calçado deve ser adequado para fazer uma peregrinação, ou seja, para atividade de marcha específica de esforço continuo. Deve ser leve, respirável, estável e com alguma elasticidade para que se vá adaptando ao edema dos pés.
As peúgas devem ser trocadas regularmente durante a caminhada, de forma a evitar a saturação por transpiração, não devem ter costuras e podem conter algumas caraterísticas específicas como elasticidade moderada, sobretudo para as pessoas com insuficiência vascular ou edemas.
É importante que não furem as bolhas dos pés, que não apliquem pomadas ou medicamentos sem aconselhamento de um especialista e que não caminhem entre as 12 e as 16 horas, por se tratar do período de maior incidência solar.
O desconhecimento sobre o seu estado geral de saúde, a sua capacidade física, as necessidades que vai ter durante a caminhada são alguns dos erros cometidos pelos peregrinos e que podem resultar em dificuldades.
A Associação Portuguesa de Podologia alerta para a importância de os peregrinos trazerem sempre consigo informação sobre os seus antecedentes médicos, medicamentosos, alergias e o contacto de familiares.
No final de cada etapa, os cuidados com os pés devem ser prioritários. É essencial que os peregrinos façam a higienização dos mesmos e a assepsia das feridas, que mantenham os pés elevados e façam uma massagem com creme adequado. Sempre que existam flictenas (bolhas), feridas, alterações na pele, lesões musculares ou outro tipo de lesões, devem procurar ajuda especializada de cuidados de saúde.
Alertamos para o perigo do auto-tratamento ou dos cuidados realizados por pessoas não qualificadas, devido ao elevado risco de infeções e possíveis doenças infectocontagiosas.
Qualquer lesão que surja durante a peregrinação deve ser avaliada, diagnosticada convenientemente e tratada. O peregrino poderá continuar a caminhada se a lesão não conferir riscos de infeção do pé e do doente.
Nos dias seguintes à peregrinação, as lesões devem ser tratadas adequadamente, seja no âmbito podológico, fisioterapêutico, de enfermagem ou médico. O peregrino deve dar descanso ao pé, fazer higienização diária, aplicar um creme relaxante e a realizar alguma atividade moderada.