Há quanto anos dá aulas e a há quanto tempo está nesta escola?
No próximo dia 4 de outubro, fará 32 anos que iniciei a minha carreira de Professora. Estou nesta escola, desde setembro de 1998, ou seja, prestes a fazer 23 anos.
Foi um sonho de criança “…quando for grande quero ser professora”?
Sim, é verdade. Desde muito cedo foi esse o meu sonho. Primeiro, comecei a “ensinar” as poucas bonecas que tinha e, mais tarde, sempre que pude e enquanto estudava, dava explicações de Português, a crianças, jovens, adultos…
Quando entrou na escola para dar aulas pela primeira vez, como foi a receção? E hoje?
A minha 1.ª vez foi marcante pois comecei a lecionar nos Cursos Noturnos, na Escola Rodrigues de Freitas, no Porto, onde as turmas eram constituídas por alunos todos mais velhos do que eu. Foi um grande desafio e um ano que nunca esquecerei. Hoje, é muito diferente quer pela minha experiência, quer pelas grandes mudanças que se deram nas escolas. Mas o 1.º dia é sempre o 1.º dia! Há sempre aquele “nervosismo” deste dia.
Como se prepara para um dia de aulas?
Um dia de aulas é preparado com alguma antecedência, num plano a médio e curto prazo. A preparação de uma aula requer muito tempo, muita pesquisa, muita dedicação. Tudo para que consigamos transmitir aos alunos os conteúdos previstos, mas de uma forma que os motive e que os implique nesta nova aprendizagem/atividade. Neste momento, estou na Direção do Agrupamento, cargo que exige um trabalho diário de muita preparação das atividades das escolas, quer a nível pedagógico, quer a nível da sua organização e logística. São desafios diários…, mas que adoro!
Aquela palavra que se ouve sempre “senhora professora, tenho uma pergunta para si, ou preciso da sua ajuda” como soa no seu espírito de professora?
Estas questões, estes pedidos são o que todos nós professores queremos ouvir, pois é sinal de que os alunos estão implicados, interessados em ajudar, em ensinar. Ser Professor é estar ao serviço permanentemente, é sermos o “livro”, o “Google”, o “braço” que os alunos precisam para aprenderem, em vários níveis e em vários contextos.
Tem filhos?
Sim, tenho 3 filhos.
Se eles quiserem seguir esta profissão, que palavras usa para inspirar ou…
Os meus filhos sempre assistiram de muito perto ao desempenho da minha profissão, pois estudaram na escola onde leciono e, em casa, acompanhavam o meu “trabalho de casa”. Verificaram que era uma profissão exigente, de muita entrega e dedicação. Seguiram outras áreas, onde se sentiam mais confortáveis. Aos meus filhos sempre disse (e digo) que deviam seguir a área de que gostavam, em que sentissem paixão. Só assim poderão entregar-se de corpo e alma, dar o seu melhor e serem felizes.
Está sempre com a porta aberta, para quando precisem de si. Já aconteceu, algum aluno pedir-lhe ajuda fora do horário da escola?
Sim. Já tive oportunidade de ajudar alunos, professores, funcionários e pais, fora e dentro do contexto escolar. Estou sempre pronta para ajudar quem necessite de mim, dos meus préstimos, das minhas palavras, do meu sorriso, do meu abraço.
Um professor deve dar aulas até que tempo ou idade?
A idade da reforma está prevista na lei. Apesar de sabermos que as pessoas são todas diferentes e que se umas estão bem aos 60 anos, mas outras não, considero que a partir dos 60 anos, para quem assim o desejasse, o trabalho docente deveria passar por um outro tipo de atividade nas escolas e não a lecionação de turmas.
Algum momento marcante bom e mau: Pode contar?
São muitos anos de profissão…. Com mais momentos bons do que maus, felizmente. Tenho o privilégio de ter uma memória seletiva, guardo só o melhor…
Já se emocionou com alguma dedicação de um seu aluno?
Sim. Emociono-me com muita facilidade. A nossa profissão é muito envolvente e a hora da despedida ou outras situações difíceis de alguns alunos/famílias “mexem” muito comigo.
Guarda alguma recordação, poema ou objeto?
Tenho uma linda caixa onde guardo todas as ofertas que os alunos me dão: poemas, fotografias, trabalhos, etc. De vez em quando, faço uma “visita” a esta caixa e faço uma viagem fascinante ao passado.
Já encontrou alunos seus que agora estão formados ou com família? E filhos de seus antigos alunos?
Sim, com muita frequência. E já fui professora de filhos de alunos. É uma sensação maravilhosa reencontrar os nossos alunos e verificar que estão bem encaminhados, com uma boa profissão, família, filhos… É sentir que o nosso “trabalho” resultou, deu frutos muito positivos.
“Sou amiga, sou mãe, sou professora” nos dias de hoje estas palavras ainda são compreendidas pelos alunos?
Penso que sim…. E nós professores ajudamos a mostrar as diferenças existentes nessas 3 “funções”. Acontece, por vezes e pelas piores razões, que o Professor é tudo isso! Na disciplina de Cidadania, são abordados temas atuais e de grande importância para os nossos alunos. Este e outros temas pertinentes são analisados, vividos e interiorizados.
Vive-se um tempo de mudança, mudança é atitude para os jovens alunos. Como encara as atitudes dos alunos quando vêm para a escola com toda a tecnologia que é possível transportarem para as aulas?
A tecnologia é o futuro…. É importante para o percurso dos nossos alunos e por essa razão já existe a disciplina de TIC no currículo dos vários anos de escolaridade. O grande problema é má utilização desses aparelhos tecnológicos…É aqui que entra a importante ação dos pais, em casa.
Quando olha para um aluno carregando a sua mochila pensa ou acredita, que ele pode mudar o mundo?
Penso, acredito e tenho a certeza! Daí a importância da escola, dos Professores.
Nas suas aulas, se uma disciplina fosse realizar sonhos, que sonhos gostaria que eles realizassem? E o seu sonho professora.
Gostaria que todos eles fossem felizes, bons seres humanos e que façam, sempre, o que gostam. O meu sonho é que o Agrupamento que dirijo seja sempre de excelência e uma referência, pois assim também os nossos alunos serão de excelência.
Uma frase ou poema em homenagem a todos os seus colegas da mesma profissão Professora.
Partilho a frase de D. Pedro II: “Se não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro.”