“NÓS SOMOS REALMENTE EMBAIXADORES DA LÍNGUA PORTUGUESA”

Isabelle de Oliveira apresentou o seu mais recente livro, intitulado “O Devir da Lusofonia”, no Espaço da Livraria, do El Corte Inglés Gaia Porto. Com preâmbulo do sociólogo francês Edgar Morin, prefácio do jornalista e escritor José Rodrigues dos Santos e posfácio de José Lourenço Pinto, advogado e presidente da Assembleia Geral do Futebol Clube do Porto, esta obra pretende contribuir para a afirmação e a difusão dos valores que a língua e a cultura portuguesa veiculam.

 

Isabelle de Oliveira é professora efetiva de Ciências da Linguagem na Universidade de Sorbonne, em Paris, e presidente do Instituto Mundo Lusófono. A sua paixão pela causa da promoção da língua e cultura portuguesa resultou no lançamento do seu mais recente livro, intitulado “O Devir da Lusofonia”, que foi apresentado no Espaço da Livraria, do El Corte Inglés Gaia Porto. Moderada por Gabriel Niva, jornalista da Televisão Pública de Angola em Portugal, a sessão contou com a presença de José Lourenço Pinto, advogado e presidente da Assembleia Geral do Futebol Clube do Porto, Nelma Fernandes, presidente da Confederação Empresarial da CPLP, Marta Machado, responsável das Relações Institucionais no Gabinete da Presidência Executiva da Altice, assim como dos jornalistas Mário Augusto e Manuel Queiroz.

A nova obra desta franco-portuguesa, que é uma das vozes mais sonantes sobre o mundo lusófono, conta com preâmbulo do sociólogo francês Edgar Morin, um dos mais relevantes intelectuais do século XX, prefácio do jornalista e escritor José Rodrigues dos Santos e posfácio de José Lourenço Pinto, advogado e presidente da Assembleia Geral do Futebol Clube do Porto.

A apresentação desta nova publicação da investigadora Isabelle de Oliveira iniciou com uma mensagem do jornalista José Rodrigues dos Santos que, apesar de não conseguir estar presente, fez questão de transmitir que a autora “faz parte de um grupo de elite de portugueses que, no país que os acolheu, conseguiu ascender com um trabalho de grande mérito e cuidado, na Universidade de Sorbonne, em Paris, e emergiu com toda a força que a sua carreira demonstra”, recomendando “a leitura desta obra notável, sobre a lusofonia, a nossa língua e cultura, escrita por alguém que está fora, mas que, também, está dentro”.

Seguidamente, Marta Machado, responsável das Relações Institucionais no Gabinete da Presidência Executiva da Altice, foi convidada a dirigir algumas palavras às dezenas de pessoas presentes. Ressaltando o trabalho notável que a investigadora tem desenvolvido em torno da lusofonia, a representante da empresa responsável pela operadora MEO salientou que “é preciso que os políticos, os governantes e as entidades, que podem contribuir para esta causa, se envolvam, preocupem, importem e, de facto, nos ajudem a levar a língua portuguesa além-fronteiras e a preservar esta cultura, que é tão rica e é tão nossa”.

Também Nelma Fernandes, presidente da Confederação Empresarial da CPLP, fez questão de marcar presença no lançamento desta obra e de exaltar que “a Isabelle é uma pessoa incansável, naquilo que é levar, além-fronteiras, a língua portuguesa e esta comunidade, onde nós estamos inseridos. Eu diria que, este livro, se deveria chamar «O Dever da Lusofonia», porque é algo que é um dever de todos e uma obra devia ser obrigatório não só nos colóquios e nesta reflexão, como estamos a ter hoje, mas, também, nas próprias escolas e nos outros países que falam português, que, cada vez mais, tendem a ser assaltados por uma outra língua e é uma obrigação nossa fazer com que, realmente, a língua portuguesa seja a nossa língua matriz”.

Por outro lado, o autor do posfácio do livro “O Devir da Lusofonia”, José Lourenço Pinto, sublinhou que a autora “presta serviço a Portugal, aos portugueses, àquilo que é mais sagrado numa comunidade e ao valor mais extraordinário de um país, que é a sua língua. Não tem preço. É tudo, pela riqueza fantástica que tem”, evidenciando “a forma suave, escorreita e capaz que ela faz do aparecimento da língua portuguesa, pois consegue trazê-la ao livro de uma maneira sublime e objetiva, (…) mas ela não se ficou, apenas, por trazer a iniciação da língua portuguesa, moldou-a, fortaleceu-a, enquadrou-a e melhorou-a, em vários aspetos. A língua, como sabem, não é apenas para ser falada, é para ser escrita e ela sabe modelar quem a fala e quem escreve. Porém, mais importante do que isso, prepara aqueles que a vão escrever mais tarde”.

Testemunhando o sacrifício, o sofrimento e a imposição do emigrante, o presidente da Assembleia Geral do Futebol Clube do Porto falou, emocionado, sobre o passado repleto de memórias, o presente e o futuro, evidenciando que “vê-se, neste livro, um apontamento da Isabelle mais sentimental, a língua e a expressão da sua intelectualidade, do seu saber, da sua cultura, mas, quando fala do emigrante, fala a alma, o coração, o entusiasmo, a emoção e como ela é sensível, pensa transmitir aos outros essa sensibilidade”.

Por conseguinte, o jornalista Mário Augusto, também foi convidado a usar da palavra, usufruindo do momento para afiançar que “a Isabelle é encantadora na maneira como se dedica, com paixão, a esta defesa da nossa língua e da nossa identidade e eu, apesar de as pessoas me associarem especialmente à área do cinema e à televisão, tenho uma atração e um encanto muito especial pela diáspora”.

Recordando que muitos emigrantes viveram de forma trágica, o jornalista enfatizou que “o drama que os antepassados ou que a outra leva de emigração viveu, hoje, perdeu-se e não se devia perder, até porque era uma forma de nós termos uma noção exata da dimensão do que é a língua portuguesa e do que é ser português”, afirmando que a autora “traz ao de cima a sua paixão pelas raízes e pela preservação. (…) Não adianta estar a fazer um monumento ao emigrante ou um mural da mala de cartão, quando é preciso estudar qual a influência e de que forma é que esses portugueses acabaram por moldar e ajustar, desde logo, os hábitos locais”.

Neste seguimento, Mário Augusto fez, ainda, questão de sublinhar que “este livro, desinquieta quem lê e gosta de pensar no que está a ler, agora, era bom que chegasse a quem de direito, para preservarmos um bocadinho mais a nossa identidade e a nossa história”, revelando que “se formos à procura da nossa génese, este é um bom princípio para começar, por isso, Isabelle, estás de parabéns, está aqui um trabalho muito meritório”.

Posteriormente, foi a vez do jornalista Manuel Queiroz falar, aproveitando a ocasião para referir que o livro “O Devir da Lusofonia”, “vai muito para além daquilo que é, de alguma forma, retratado no romantismo da emigração, uma vez que procura arranjar um programa, que enquadre, no fundo, aquilo que deve ser a ação futura sobre a lusofonia, sobre aquilo que o país deve fazer, aliás como um sítio onde se pode viver em português, porque, de facto, viver é muito mais do que ser”, expondo a ideia “de sermos todos parte de uma comunidade, que tem, para além da língua, toda uma cultura, que está inerente e que faz parte disso”.

A apresentação deste novo livro terminou com a intervenção da escritora, Isabelle de Oliveira, cujas investigações e atividades giram em torno do mundo lusófono, de toda a sua diversidade cultural, linguística e da sua democratização. “Eu apaixonei-me por Portugal e, a partir daí, comecei a desenvolver uma investigação e a nutrir, realmente, interesse pela nossa lusofonia e a querer dá-la a conhecer, porque eu acho que nós, que estamos lá fora, somos realmente embaixadores da língua portuguesa e temos uma maior preocupação do que aqueles que estão cá, pois não a valorizam”.

Admitindo sentir a maior admiração por todos os emigrantes, a investigadora reforçou que “foram pessoas corajosas, que partiram para um país diferente na língua e na cultura, para começar do zero e assumir o seu próprio destino, sem cobrar a ninguém o que quer que seja, nada exigido e tudo construído e conquistado”.

A académica, também, fez questão de relembrar que os emigrantes de outrora, não são os expatriados de hoje, enaltecendo que, atualmente, “os filhos da diáspora portuguesa, são os filhos da ciência, da investigação, dos estudos universitários, da arte, da cultura, do grande empreendedorismo comercial e empresarial e é esse o verdadeiro «Devir da Lusofonia», a afirmação e projeção mundial de uma língua e de uma cultura, com largos milhões de falantes em todo o mundo”.

Assegurando que não é razoável lembrarem-se, apenas, dos portugueses residentes no estrangeiro nas vésperas dos atos eleitorais, “com uma intolerável superficialidade”, Isabelle de Oliveira, lamentou que “alguns representantes políticos, independentemente da cor partidária, não tenham, ainda, assumido uma relação com a diáspora, como sendo uma prioridade nacional. A nossa diáspora é, sem margem para dúvida, um dos principais ativos nacionais do nome de Portugal, uma marca cultural bem reputada, com elevados níveis de notoriedade e de credibilidade. A rede global de portugueses no exterior é, pois, hoje, uma realidade que podemos e que temos a obrigação de enriquecer e essa é a verdadeira raiz de todo o meu trabalho, em prol da lusofonia. Esta obra representa o meu pensamento atual, acerca do que deverá ser o futuro da lusofonia, ou seja, um valor sólido e seguro, pleno de oportunidades”.

Assim, segundo a autora, “O Devir da Lusofonia” é um tributo à diáspora portuguesa. “A afirmação dos valores lusófonos, no mundo, representa, para mim, algo de muito válido e, portanto, útil e legítimo. No que as minhas forças me permitirem, tudo continuarei a fazer, para conseguir atingir este objetivo, já agora, com a ajuda de todos vocês”, sustentou Isabelle de Oliveira.