CASA DOS PATUDOS – “A VERSALHES DAS LEZÍRIAS”

A Casa dos Patudos em Alpiarça é uma das casas mais fantásticas de Portugal.

No seu interior tem uma grande riqueza, com mais de 8000 obras de arte num espaço temporal de mais de 500 anos. Destacam-se as obras únicas de um tapete de arraiolos bordado a seda sobre linho datado de 1761 e o retrato do músico napolitano, Domenico Scarlatti pintado por Domingo António Velasco (Sec. XVIII).

Esta casa com 101 divisões, foi a casa de família de José Relvas, o homem que proclamou a República no dia 5 de Outubro de 1910, na varanda da Câmara Municipal de Lisboa.

José Relvas

Nasceu a 5 de março de 1858, na Golegã, numa família de proprietários rurais.
Sobre a sua formação, frequentou a Universidade de Coimbra entre 1875 e 1877, mas foi em Lisboa que veio a concluir o Curso Superior de Letras em 1880, com uma tese sobre direito feudal.
A 5 de fevereiro de 1882, casa com Eugénia Antónia de Loureiro da Silva Mendes. O casal teve três filhos, nenhum dos quais sobreviveu aos progenitores: Maria Luísa de Loureiro Relvas (1883 – 1896), Carlos de Loureiro Relvas (1884 – 1919), João Pedro de Loureiro Relvas (1887 – 1899).
A Casa dos Patudos foi residência de José Relvas desde os finais do século XIX até 1929, data da sua morte. Político, diplomata, estadista, lavrador, colecionador de arte e músico amador.
José Relvas ocupou-se da gestão das propriedades da família a partir de 1882, com apenas 23 anos. O nome Casa dos Patudos deve-se ao facto de existirem, naquela zona, muitos patos bravos.
Foi Ministro das Finanças no Governo Provisório da República entre 1910 e 1911, tendo sido ele que instaurou o escudo em Portugal, foi embaixador de Portugal em Madrid e ainda na política, destacou-se como Chefe de Governo e Ministro do Interior (1919).

Casa dos Patudos

O ideólogo da casa foi o arquiteto Raul Lino, dotado de uma cultura europeia marcada pela robustez dos seus critérios e competências, representava o triunfo de um novo paradigma arquitetónico e de que a Casa de Alpiarça haveria de ser o seu primeiro exemplar.

Os Patudos assinalam uma nova linguagem de Arquitetura Conceptual. Apropriada de referências nacionais, afirma-se com um certo despojamento decorativo exterior, mas esplendorosa e funcional nos seus espaços interiores, com um mobiliário, criado também pelo referido arquiteto.

O contínuo crescimento das coleções, levou José Relvas à remodelação da Casa. Em 1904 encomendou a Raul Lino, o projeto assente numa linha revivalista e nacionalista, fiel às constantes históricas da nossa tradição construtiva.