“A FERRARI OFF ROAD”

Um Ferrari em terra batida por melhor que seja, pouco anda, para além de se estragar. Já qualquer Fiat Punto numa estrada bem alcatroada desliza. Mentalidade profissional em campos amadores fura pneus, já a mentalidade amadora em campos profissionais é desperdício de pneus.
Até porque um Ferrari e um Fiat Punto no alcatrão em ponto morto tem a mesma performance da mesma forma que têm em terra batida. . Pois ambos têm os seus pontos fortes e fracos, as suas caracteristicas especificas e o seu “habitat natural” onde têm melhores desempenhos. Em suma, tem diferentes rendimentos, finalidades e objectivos, mas ambos com a dignidade, os valores e a grandeza da sua história.
Dito isto. Embora qualquer Fiat Punto numa boa estrada tem sempre melhor performance do que em terra batida, basta por vezes ligar somente o carro. Ou seja, só quando se asfalta, vulgo, tem melhores condições  e recursos (melhores jogadores, estruturas, instalações…), implica diretamente no rendimento de todos, inclusive no Fiat Punto. Da mesma proporção em que a terra batida nivela por baixo, o asfalto nivela por cima, mas a evidência que se destaca é a potência da máquina, dito de outra forma, a mentalidade e competência profissional. A mesma que prejudica o Ferrari na terra batida é a que te faz voar no asfalto. 1)
Se porque comprar pneus novos, aumentar a potência, atualizar o software do carro….mas andas em terra batida pouco vais andar e muito estragarás o carro. Positivo, mesmo é a disciplina e a consistência de uma atitude e mentalidade profissional, que embora provoque danos no carro quando estás na terra batida, dará-te as competências para entrares em qualquer pista alcatroada e vencer. Por vezes custa-me a perceber porquê os Fiat Puntos queixam-se tanto de uma estrada asfaltada ter menos 1cm, quando não se preocupam em aperfeiçoar o seu carro. Sempre na Oficina, culpam a marca, trocam ou incompreensivelmente esquecem-se de deitar o respectivo combustível… Etc etc. Até porque a sua durabilidade e rentabilidade é maior somente por estar no asfalto. Aproveitem então, pois muitas vezes em ponto morto num bom asfalto, anda mais um Fiat Punto  do que um Ferrari a toda a potência em terra batida. Mais longe de certeza chega. E com menos investimento em manutenção ou em condução evolutiva e criativa. 2)
Um Ferrari para o ser na sua plenitude, depende da pista onde anda. Mas numa pista de corridas qualquer carro anda, embora somente aqueles que aperfeiçoam a máquina para aquela pista, são os que estão preparados para a mesma. Ou deveriam ser. Parece que o mais importante é conhecer o dono da pista, o dono do alcatrão ou dono da oficina e um pouco do carro. Vejamos que ainda existem, sempre lacunas na mecânica e na progressiva inovação do carro, para aqueles que a humildade da melhoria contínua e da profícua aprendizagem é apenas uma palavra e não um processo de actos consumados. Embora existam excelentes exemplos opostos, de sucesso desportivo, tais como a WRC Lancia de 1983, ou Brawn GP, ou Girona. Estes underdogs a nível estratégico, financeiro e operacional, criaram e recriaram modelos, planeamentos e programas adaptados e contextualizados, maximizando os recursos em seu poder. Só temos de saber como diz Enzo Ferrari “se queremos ser desportistas ou competidores”. 3)
É óbvio que a resiliência e outros traços da tua personalidade nestes terrenos atribulados, como também o resistente investimento no carro, mesmo que o Ferrari ande nessas terras batidas, será crucial na contínua procura de uma estrada melhor, que possa mostrar toda a sua “potência”. Quando esse dia chegar, a estrada nunca vai ser demasiada curta, nem com mais ou menos um 1cm de alcatrão, ou outra qualquer falta ou falha. Essas desculpas de mau condutor não farão parte toda viagem, aproveitada ao máximo e o Ferrari estará no seu habitat natural. Não será só uma condução, será uma comunhão com a estrada. Faremos parte da estrada e a estrada faz parte de nós, fluindo-se num só. Pois existiu tempos onde a queixa pela terra batida seria realidade, mas a verdade nua e crua, é que não podemos, nem temos o papel nem a função de construir a estrada, mas sim de trabalhar todos os dias arduamente para a paixão de conduzir onde o Ferrari seja Ferrari. 4) Num treino onde a rejeição é somente a direção certa, ou queixas te como Fiat Punto ou prego a fundo como Ferrari.