A PARCERIA ESTADO UNIDENSE COM ISRAEL

Não tenhamos ilusões, nem sejamos ingénuos, a actual guerra no Oriente Médio confirma uma vez mais que os Estados Unidos reafirmam a sua parceria estratégica com Israel, pois essa aliança garante ao «Tio Sam» acesso e vantagem geopolítica na região, além de permitir que Israel lide com um ambiente regional hostil ao receber ajuda fundamental
militar e financeira.

Historicamente, os laços entre os dois países remontam também a um período de imigração importante, com o «lobby» israelita a exercer forte influência financeira e política nos Estados Unidos, inclusive no desfecho das próximas eleições norte americanas.

Os Estados Unidos querem reafirmar poder, querem evitar que o Irão aumente ainda mais a sua influência na região com mais aliados, sobretudo grupos paramilitares e Israel, como posto estratégico do avanço estado unidense na Ásia Ocidental, transformou o genocídio na Palestina numa ferramenta para controlar, também, recursos energéticos de grande importância nesta região, desde que em 2010, o geólogo israelita Eitan Aizenberg confirmou a descoberta duma jazida, com possibilidade de disponibilizar cerca de 1,7 mil milhões de barris de petróleo recuperáveis e uma média de 122 biliões de pés cúbicos de gás suficientes para cobrir o consumo energético de Israel durante décadas e de colocar o regime sionista/nazi como um actor chave no mercado de hidrocarbonetos.

A partir de então e fazendo vista grossa para o Direito Internacional, o regime de Benjamin Netanyahu, Bibi para Joe Biden, dedicou-se a convocar investidores e empresas transnacionais para iniciarem os seus planos de exploração de gás nestes espaços marítimos, ultrapassando as regras de usufruto mencionadas no artigo 55o do Regulamento de Haia, que proibe Israel de utilizar os limitados recursos não renováveis dos territórios ocupados para obter lucros comerciais e em benefício da potência ocupante.

Para melhor aquilatarmos da imensidão do reservatório referido, ele está situado na Bacia do Levante, uma extensa região do leito marinho que abrange cerca de 83 mil km2, desde o Chipre até à Síria, passando pelo Líbano e incluindo a península do Sinai e nesse mesmo espaço encontra-se o campo de gás Tamar, que contém aproximadamente 8,7 mil milhões
de pés cúbicos de hidrocarbonetos.

Assim, a exploração de hidrocarbonetos entrelaça-se com a política de genocídio e colonização, que procura sufocar qualquer resistência com vistas a apoderar-se tanto das suas terras como dos valiosos reservatórios energéticos, com plena aprovação dos Estados Unidos.

Este projeto, impulsionado por membros do G20, propõe estabelecer rotas terrestres que conectem os países produtores de energia e os mercados europeus e as suas implicações são profundas, não só em termos de comércio e economia como também para a geopolítica energética da região.

Em termos económicos, um projecto chamado IMEC-corredor económico Índia-Médio Oriente-Europa, constituiria uma forma de reduzir os custos de transporte e os tempos de entrega entre a Índia e a Europa, o que é especialmente atraente para a mobilidade de produtos de alta procura como maquinaria, tecnologia, têxteis e principalmente hidrocarbonetos.
Assim e para a geopolítica, o mencionado corredor conta com o apoio dos Estados Unidos, que procuram confrontar a influência da China nos seus projetos de infraestruturas globais, como a Iniciativa do Cinturão e Rota, com o INSTC-Corredor Internacional de Transporte Norte-Sul surgindo como uma alternativa ao tradicional canal de Suez.

Apesar da vontade expressa pelas partes interessadas, é provável que o IMEC não consiga materializar-se como um projeto comercial sólido porque como se verifica compete com os megaprojetos de integração comercial liderados pela China que contam com contratos substanciais no desenvolvimento de infraestrutura ferroviária na Arábia Saudita, além de uma concessão de 35 anos para a gestão de um terminal de contentores no porto de Khalifa, o que deixa pouca margem para a intervenção do IMEC neste ecossistema comercial.

Pelo exposto, Israel como posto estratégico do avanço dos Estados Unidos na Ásia Ocidental, transformou o genocídio na Palestina e o conflito com o Líbano numa ferramenta para controlar recursos energéticos de grande importância regional e globalmente, colocando os norte americanos numa posição de hipocrisia e enfraquecimento internacional, ao reafirmarem a sua disposição de um cessar fogo que não encontra aplicação no terreno e pelo contrário ocasiona mais obstáculos como, por exemplo, o ataque a estruturas da ONU, a hospitais, escolas e outros edifícios essenciais para o dia a dia das populações.

A administração norte americana, seja qual for a que orientar em breve os destinos do País, precisa de interiorizar a ideia de que a sua hegemonia geoestratégica encontra-se em declínio progressivo, outras sensibilidades surgiram para uma gestão mais equitativa e respeitosa dos direitos dos povos, com respeito mútuo e intercâmbio económico justo entre países.