Pronto, pronto, rendi-me. Eu disse que ia embora, estava cansado, que me ia dedicar à pesca e à arte bonecreira a full time. Humoristicamente, já atingi o topo da minha carreira, mesmo sem nunca ter publicado uma linha ou feito um único espetáculo. A minha carreira humorística centrou-se nos meus amigos e naqueles que tiveram o privilégio de comigo privar. Tem de se começar nalgum lado, né? E eu também nunca fui esquisito.
Mas como tanto insistiram comigo para que escrevesse uns textos, avançando até com chorudas avenças, não tive outro remédio. Avisei logo!
“Terá de ser nos meus termos!”.
Rejeitei todas as ofertas, umas mais abastadas que outras, e coloquei as minhas condições.
“Se vou escrever umas crónicas de teor humorístico, têm de ser gratuitas, em benefício da Humanidade. Não vai ser pro Bono, que esse já tem dinheiro c’ma esterco”.
No fundo não quis discriminar ninguém, rico ou pobre, porque todos têm direito a uma risada. Sincera ou amarela. Mas também é de borla, né? Olha, não sejam piegas.
E aqui estou eu, para vosso gáudio. Agradeçam-me depois.
Não vou ceder à tentação do humor fácil através do palavrão da merda. Isso é que nunca! Vai ser mais umas coisitas de comentário da atualidade e das vossas banalidades. Ofendi? É pá, desculpem! Politicamente correto não é a minha cena. Recordo as palavras de um rapazito chamado Rowan Atkinson, que até fez meia dúzia de workshops comigo (embora, coitado, sem grandes resultados).
Ele lá disse, um dia, no café, a alguém, num ano destes qualquer: “o papel da comédia é ofender e isso não pode ser mudado, porque toda a piada tem a sua vítima”.
De modos que se se sentirem alguma vez ofendidos por mim, olha, desenrrasquem-se. Eu disse “ofendidos”? Queria dizer “ofendidos e ofendidas”. Ou “ofendid@s”. Ou “ofendides”. Olha, sei lá, desenrrasquem-se.
Tantas famílias: cheguei para vos alegrar. Agora amanhem-se.