A REALIDADE PORTUGUESA NA EUROPA DOS “27”

A comunicação social livre é hoje, pelo menos em espírito, um dos principais pilares do nosso Estado de Direito Democrático, tal como o conhecemos. Em cada dia que passa, os portugueses, sobretudo os mais atentos ao pulsar da realidade nacional, terão sempre ensejo de poder vislumbrar melhor o rumo que o País leva, comparando os patamares de desenvolvimento e bem-estar, cujo caminho a nossa integração plena na Europa dos 27 desde sempre nos apontou. No entanto, não podemos perder de vista que, apesar de UE ser hoje uma realidade viva, corporiza também um projecto repleto de inimigos (e não apenas fora!), mas que também pode correr riscos de paralisação activa. Por isso, é imperioso que todos aqueles que elegemos para assumir o comando da “nau” reformulem claramente as suas responsabilidades de ação e liderança, sob pena de, por inação e/ou falta de audácia, virmos a ser “triturados” por um desenlace político de alcance incomensurável, que seria trágico para os propósitos da UE dos “vinte e sete”.

A situação em que todos estamos envolvidos exige vigilância permanente, pois os inimigos da democracia parlamentar caminham a seu lado, havendo, por seu turno, alguns dos que parecendo estar do lado certo do projecto, acabam por se tornar obstáculos do normal funcionamento das instituições legítimas. Assim sendo, é nestas épocas de crise, nas mais variadas facetas do “modus vivendi” lusitano, que sentimos necessidade premente de todos estarmos atentos ao que os próprios órgãos internos da UE dos “27” deliberam e proclamam, por vezes nem sempre da forma mais isenta, objectiva e adequada.

Reformas objectivas
práticas e duradouras

Mas nem tudo são “rosas” no funcionamento de órgãos tão gigantescos no seio de uma organização com eleitos “quanto baste”, se atendermos às diversas correntes de opinião que o Parlamento Europeu congrega, pois as reformas que for necessário levar a cabo terão que ser práticas, objectivas, duradouras e sem ambiguidades, sob pena delas próprias se tornarem entrave à obtenção das melhores soluções, aquelas que apontarem sempre no “Bem Maior” dos povos europeus que hoje constituem a UE.

Em relação à postura dos parlamentares lusos em cada uma das instituições partidárias, o mais importante não é saber se A ou B é mais, ou menos representativa no hemiciclo. O “bem maior” da população europeia, que todos auguramos possa fortalecer-se de forma sólida, será sempre aquele cuja direcção aponte para a melhoria das condições de vida dos europeus no seu conjunto, como filosofia oficial da instituição, que permita dar voz aos legítimos anseios dos povos do “velho continente”, sem excepção, da Península Ibérica ao Mar Báltico, onde se localizam algumas das nações europeias que ao longo da história mais têm penado pelos horrendos desvarios das experiências totalitárias que nos rodeiam e que todos sentimos na “pele”. Por isso mesmo, na qualidade de única instituição tendente a dar voz a esses mesmos povos, a UE jamais poderá centrar-se nesta ou naquela organização de âmbito partidário, sob pena dessa mesma Europa Unida dos “2 7” estados, por via da sua inércia, ou visão retrógrada, contribuir minimamente para o aparecimento de um “nado-morto” que se traduzirá no principio do fim de um projecto colectivo com décadas de dedicação e análise, por parte das mais diversas comunidades livres da Europa Ocidental, como espaços de diálogo, de paz e de cooperação. Assim sendo, apesar desse bom relacionamento que importa enaltecer, é importante manter a vigilância, para que temas como os da corrupção financeira, que muito recentemente abalaram a face da organização, não venham a virar-se contra o próprio projecto inicialmente liderado por Jacques Delors, sob pena de ser contestada por falta de visão adequada, falta de rigor, legalidade e transparência.