A SEMENTEIRA DA DESTRUIÇÃO

O projeto hegemônico dos Estados Unidos na era pós 11 de Setembro é a «Globalização da Guerra», por meio da qual a máquina militar EUA/NATO, a que podemos acrescentar operações secretas de inteligência, sanções económicas e o impulso da ingerência para «mudança de regime», são utilizados em todas as principais regiões do mundo.

A ameaça de guerra nuclear preventiva também é usada para chantagear os países à submissão, estando intimamente relacionada com um processo de reestruturação financeira global, que resultou no colapso das economias nacionais e no empobrecimento de grandes sectores da população mundial.

O objetivo final é a conquista do mundo sob o manto da defesa dos «direitos humanos» e da implantação da «democracia ocidental» de que os Estados Unidos se auto proclamam como paradigma global.

Com a desintegração da URSS e consequente dissolução do Pacto de Varsóvia no início dos anos 90 e o colapso de outros regimes socialistas na Europa Oriental e Central, a razão de ser da NATO deixou de existir, no entanto, em vez de dissolver essa instituição militar, o imperialismo procurou reformulá-la como um meio para realizar as suas ambições hegemónicas, ou seja, a força de compensação para o equilíbrio mundial representada pela URSS havia desaparecido e os EUA logo tentaram impor uma ordem mundial unipolar.

A NATO adotou esse procedimento e, em vez de se dissolver, começou a expandir-se, actuando como o longo braço militar do imperialismo estado unidense, resultando que esta  expansão e as intervenções respectivas criaram crises humanitárias seguidas, morte, destruição e instabilidade em muitos lugares do globo.

É de lembrar que a NATO não interveio militarmente e formalmente nem uma vez na chamada era da Guerra Fria, pois as suas intervenções e rápida expansão só começaram após a desintegração da URSS, mostrando claramente quais os motivos posteriores por trás da existência da NATO, ou seja, a manutenção e perpetuação da hegemonia estado unidense, eliminando qualquer obstáculo que se interponha entre as aspirações hegemónicas, se for considerado como um potencial inimigo, assim contrariando as garantias dadas pelos líderes ocidentais a Mikhail Gorbachev de que a NATO não se moveria para leste e o antigo presidente soviético a acreditar piamente.

Um acompanhamento casual dos envolvimentos da NATO no cenário global, após a desintegração da URSS, dar-nos-á alguma perspectiva de como esta organização tem agido como o opressor e explorador cruel em muitas partes do mundo, por exemplo, o seu envolvimento no Kosovo com a justificação declarada de apoiar «os objetivos políticos da comunidade internacional: um Kosovo pacífico, multiétnico e democrático, no qual todo o seu povo pudesse viver em segurança e desfrutar de direitos humanos e liberdades universais em igualdade de condições».

Esta intervenção teve custo humanitário com mais de 500 civis que perderam a vida devido ao bombardeio indiscriminado da NATO, os feridos foram mais de 6.000 e durante o bombardeio de onze semanas até a embaixada chinesa foi bombardeada, causando indignação internacional.

Falando sem rodeios, as mortes diretas de guerra nas principais zonas do Afeganistão, Iraque, Síria, Iémen, Somália, Sudão, nas últimas duas décadas estão perto de 1 milhão e este número, como se pode esperar, é completado com os horrores do envolvimento da NATO nas respectivas áreas, uma vez que não cobre mortes indiretas, migração, ferimentos, perda de propriedade, danos psicológicos ou instabilidade geopolítica, acrescido o facto dos países referidos até hoje não terem conhecido a Paz tão desejada.

A partir da descrição acima, é mais fácil colocar a NATO e seu papel no globo na perspectiva adequada, ou seja, um instrumento para atingir os objetivos da política externa dos Estados Unidos na Europa inicialmente e depois estendê-la para a Ásia, dito de outra forma a contínua expansão e envolvimento da NATO nos assuntos mundiais é uma ameaça séria à Paz global e a uma ordem mundial justa.

Assim, como sugere o histórico da NATO e até hoje, em vez de «segurança coletiva», esta instituição militar ofereceu grave insegurança às nações que se opunham aos interesses dos Estados Unidos, enchendo os cofres dos complexos militares industriais, desviando fundos de programas vitais para a melhoria da subsistência dos pessoas e obrigando os aliados a aumentar as suas contribuições para a instituição, nos respectivos orçamentos.

O atual conflito entre a Rússia e a Ucrânia está enraizado nessa lógica expansionista da NATO, como braço armado estado unidense, sendo a Ucrânia mais um seu teatro bélico.

Nessa conformidade, os povos do mundo devem opor-se à guerra em curso em termos inequívocos, ela deve ser interrompida imediatamente e as partes em conflito procurarem envolver-se no diálogo para a Paz.