ARTISTAS DE GAIA: 35 ANOS A DEFENDER E A INCENTIVAR A CRIAÇÃO ARTÍSTICA

A Cooperativa Cultural Artistas de Gaia comemorou 35 anos de existência e de defesa das artes plásticas, no passado dia 11 de julho, no Gabinete da Bienal, em Vila Nova de Gaia. A celebração contou com a presença de Agostinho Santos, presidente da direção e sócio fundador da Cooperativa, de Paula Carvalhal, vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Gaia, e de vários sócios da Artistas de Gaia.

 

 

A Cooperativa Cultural Artistas de Gaia foi constituída a 11 de julho de 1985 por um grupo de artistas gaienses e, segundo o sócio fundador e presidente da direção, Agostinho Santos, assume-se como sendo “uma instituição de artistas, para artistas e, portanto, neste momento, já somos a maior instituição de arte do país, só constituída por artistas, nomeadamente fotógrafos, desenhadores, escultores e ceramistas”.

Esta instituição tem como principal objetivo divulgar, defender e incentivar a criação artística e, apesar de ter sido fundada em Vila Nova de Gaia, tem cerca de 600 sócios oriundos de norte a sul do país, porque, de acordo com Agostinho Santos, que comanda os destinos da cooperativa há 25 anos, “a arte não pode ter divisões, a arte não pode ter uma regra, não pode estar confinada a limites geográficos” e, por isso, “abrimos as fronteiras e temos sócios de norte a sul do país, o que é importante, porque nós entendemos que os artistas são os melhores agentes para defenderem a própria arte”.

O presidente da direção da Cooperativa Artistas de Gaia falou sobre os tempos difíceis vividos pela instituição e aproveitou ainda a ocasião para sublinhar que “a melhor coisa que nos podia ter acontecido foi termos tido um executivo municipal que nos incentivasse e que nos apoiasse e que nos desse condições para pormos em marcha as nossas ideias e as nossas iniciativas e uma delas é a Bienal, que é, de facto, o nosso grande evento, que começou em 2015 e que, se tudo correr bem, em 2021 haverá outra edição e será uma Bienal de causas, uma Bienal que se preocupa com os outros, porque nós não queremos fazer arte por arte, só para beleza exterior. Nós queremos que a nossa arte, que a arte que esteja exposta na nossa Bienal tenha uma mensagem e que contribua para abanar as consciências e despertar as mentalidades. Por isso, estamos aqui a comemorar o nosso 35º aniversário, mas com o sabor a vitória das nossas Bienais, sobretudo, porque são, de facto, as meninas dos nossos olhos”.

Para Agostinho Santos, a Bienal Internacional de Arte de Gaia sempre se definiu como uma “Bienal de causas” e, nesse seguimento, a Cooperativa Artistas de Gaia lançou um concurso artístico, com o tema “Coronavírus: reações e consequências”, com o intuito de promover a criação artística em tempo de crise e, assim, combater a desmotivação que se vem fazendo sentir de forma generalizada.

A ideia era que os participantes criassem obras nas áreas da pintura, escultura, desenho ou fotografia durante o período de quarentena. O presidente da direção da Cooperativa explicou que os trabalhos submetidos foram avaliados por um júri e “as melhores obras vão integrar uma exposição na Bienal, agendada para 2021, exclusivamente sobre o novo coronavírus”.

A realização da primeira edição da Bienal de Gaia culminou com a concretização de um sonho antigo. Agora, Agostinho Santos tem a pretensão de elevar Gaia a “cidade das artes”.

“Nós também achamos que a Cooperativa Artistas de Gaia com, nomeadamente, a realização da Bienal e da Onda Bienal, que se realiza nos anos em que não há Bienal, tem todas as condições para contribuir para que Gaia seja a «cidade das artes». Nós queremos, temos esse grande sonho, esse grande objetivo e eu acho que estamos a conseguir, de ano para ano, de degrau, para degrau, que Gaia seja a «cidade das artes» e não temos dúvida nenhuma de que a boa relação entre os Artistas de Gaia e o município, nomeadamente com o doutor Eduardo Vítor Rodrigues, tem funcionado muito bem e, juntos, estamos a contribuir para que Gaia seja a «cidade das artes»”, afirmou o presidente da direção da instituição.

Relativamente ao futuro, Agostinho Santos revelou que “o grande objetivo é sensibilizar as pessoas, desde o público em geral, desde os autarcas, desde os deputados, desde os governantes, e mostrar-lhes que a arte não é um bem secundário, mas um bem essencial. A arte pode não alimentar a barriga, mas alimenta o espírito. A arte é fundamental na educação dos jovens. A arte é fundamental na formação das pessoas e, portanto, o que eu esperaria que acontecesse era uma maior sensibilização da parte das pessoas, da parte dos educadores, da parte dos encarregados de educação e da parte das crianças. Um certo animo, uma certa esperança de que a arte pode ajudar a mudar as coisas e é importante nós levarmos os filhos a ir ver uma exposição de arte ou a um museu. O que eu gostaria que acontecesse no futuro, era que a arte fosse mais bem recebida e, sobretudo, que as pessoas entendessem que a arte é muito importante para a formação das pessoas e para a educação de todos nós, essencialmente, para a melhoria da qualidade de vida de todos nós. O que eu gostaria que acontecesse era que se tornasse evidente uma maior sensibilidade por parte das pessoas para a arte”.

A vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Gaia, Paula Carvalhal, também fez questão de marcar presença nas comemorações do 35º aniversário da Cooperativa Cultural Artistas de Gaia e de enaltecer que esta instituição “representa um parceiro muito importante que nos apoia e que nós apoiamos também neste grande objetivo que é afirmar Gaia como a «capital das artes»” e é uma instituição “que nós temos de acarinhar e apoiar, porque o seu trabalho é muito válido e representa muito para esta cidade”.

“Efetivamente, enquanto este executivo cá estiver, nós vamos continuar a apoiar e a trabalhar em conjunto, na dinamização das atividades que nos são propostas pelos Artistas de Gaia” e estamos a trabalhar da execução de um grande objetivo, que é a democratização da arte, de chegar a mais pessoas com todas as demonstrações de arte e com este trabalho, que os Artistas de Gaia fazem, muito dedicado às artes plásticas. Aliás, eu não me canso de dizer que Gaia é uma terra de artistas muito ligados às artes plásticas”, ressaltou Paula Carvalhal.