A 23 de junho nasceu a Confraria da Carne Guisada da Maia, numa cerimónia de entronização na Igreja do Espírito Santo daquela freguesia. Uma confraria que tem como missão preservar os sabores deste prato tradicional da Maia, bem distintos, de acordo com o Confrade-Mor, Luís Lindo, de qualquer outra carne guisada.
Após a cerimónia de entronização dos 13 confrades que constituem a Confraria da Carne Guisada da Maia, o AUDIÊNCIA entrevistou Luís Lindo para melhor perceber a história deste prato, bem como os objetivos desta nova confraria.
“Os projetos da Confraria da Carne Guisada da Maia têm como missão a preservação dos sabores da Carne Guisada da Maia tal como foram transmitidos de geração em geração ao longo de séculos.”, diz-nos Luís Lindo, explicando que estes sabores devem-se à confeção do molho, no qual é utilizada a pimenta-da-terra, um dos segredos do prato.
Diferente de qualquer carne guisada do país no sabor, como defende a nova confraria, a Carne Guisada da Maia surge, “possivelmente”, porque “antigamente havia pouca carne à venda e as carnes nobres nunca chegariam à Maia. Chegam as carnes menos nobres e é preciso transformar essas carnes com uma nobreza que rivalize as outras carnes”, afirma Luís Lindo.
O confrade-mor contextualiza a história da freguesia com a história do prato: “era preciso alimentar muita gente com pouca carne… é aí que entra a forma de confecionar a carne de maneira diferente. No fim [da cozedura da carne] são colocadas as batatas que ficam a cozer no molho. Este molho é o melhor que aquele prato tem”.
A Confraria da Carne Guisada da Maia já era aclamada por alguns. O Confrade-Mor defende mesmo que “esta é uma confraria desejada e que vai ter muito sucesso”. Contactos estabelecidos e reunidas as condições para avançar com a criação da confraria, Luís Lindo, apoiado também neste projeto pelo presidente da Junta de Freguesia e agora confrade, Jaime Rita, é então nomeado confrade-mor: “porque sou da Maia, porque também cozinho e porque estou numa posição de algum relevo na nossa sociedade que permite falar com conhecimento sobre a carne guisada e fazer essa divulgação”.
Sobre projetos para o futuro, surge a vontade da realização do primeiro encontro das confrarias dos Açores na Maia, na Mata do Dr. Fraga, colóquios e outras atividades que “deem a conhecer a confraria e a Carne Guisada da Maia”. Luís Linda conclui, afirmando “queremos ser um veículo de promoção da nossa freguesia”.
O traje que os confrades envergam foi idealizado por Valter Franco, membro da Confraria dos Gastrónomos dos Açores, e desenhado por Paulo Brilhante. “Define as cores da Maia, as cores da carne e as cores do Espírito Santo”.
Na segunda-feira do Espírito Santo, o Dia da Região, a Maia partilha a sua carne com mais de 5.000 pessoas. Este prato tornou-se num “chamariz” para a freguesia ser visitada naquela época, “abrindo as nossas portas e partilhando a nossa carne”.