“ESPERO CONTINUAR A PUGNAR PARA QUE AS CAUSAS EM QUE ACREDITO SEJAM CAUSAS GANHAS”

Premiado com um Troféu na passada Gala do AUDIÊNCIA, José Carlos Leitão, Chanceler Presidente e Confrade nº 1 da Confraria da Pedra, admitiu em entrevista ao AUDIÊNCIA que além da paixão pela educação e pelo associativismo, também o desporto, nomeadamente o voleibol, tem um lugar muito especial no coração deste gaiense de gema que já recebeu, também, uma Medalha de Mérito Municipal, Classe Ouro, pelos seus préstimos à sociedade onde se insere.

 

 

A Confraria da Pedra realizou em maio um jantar solidário de dimensão extraordinária.
Foi, na verdade, qualquer coisa de extraordinário. Do mais importante que já fizemos na Confraria da Pedra e ao nível do melhor que, pessoalmente, já fiz, e podem estar certos, já foram algumas e importantes as iniciativas realizadas! Conseguimos interiorizar e assumir o desafio público que nos foi lançado pelo nosso Confrade de Honra, Patrocínio Azevedo. Em boa verdade, tivemos um verdadeiro motor que também é nosso Confrade de Honra, o Eduardo Couto, que, diariamente, nos incentivou e nos deu a força necessária para acreditar no êxito da iniciativa. Aliás, só ele garantiu quase metade das verbas que conseguimos angariar e que se aproximam dos 18 mil euros, quiçá, até será superior a esse montante, dado que, ainda não conseguimos saber o valor ao certo porque ainda estamos na expetativa de aqui ou ali ter a possibilidade de juntar mais alguns euros. Depois, reunir num espaço de exclência como é a Quinta da Torre Bella, da família Margarida e Jaime Poças, ambos nossos Confrades de Honra e dos seus respectivos filhos, Joana e Rui Poças, que foram inexcedíveis, um conjunto de boas vontades com uma ementa de categoria superior que a Gertal, através do amigo Meireles Pinto, nos proporcionou, com um espectáculo fantástico proporcionado pelos nossos amigos Quim Roscas, Zeca Estacionâncio, Noa e Fernando Pereira com ajuda no som e vídeo dos amigos Sérgio Bandeira e Jorge Figueiredo e com a Cristina e o Zé Pedro da Narrativa Artes Gráficas, outros nossos amigos que nos trataram dos cartazes, convites, brochuras, diplomas, outdoors e fotografia e, não menos importante, os cerca de quatrocentos amigos que, com a rapaziada da organização incluída, deram um calor humano fabuloso a uma noite mágica e que a CERCIGAIA tanto merece. Depois, ter na sala um Prémio Nobel da Paz, o nosso Confrade de Honra Dom Carlos Ximenes Belo, os presidente e vice presidente da Câmara Municipal de Gaia, Professor Doutor Eduardo Vítor Rodrigues e Engenheiro Patrocínio Azevedo, ambos nossos Confrades de Honra, assim como também o nosso Confrade de Honra, Drº Albino Almeida, presidente da Assembleia Municipal, outros vereadores, conhecidos empresários e tanta gente boa que, de forma anónima, a nós se associou para ajudar a CERCIGAIA. É, na verdade, inacreditável e, por isso, digo que foi algo de extraordinário o que fizemos nessa noite de 24 de maio último.

A defesa e a homenagem dos pedreiros que trabalharam a pedra azul da Madalena esteve na origem da criação desta Confraria. De uma forma sucinta, quais os marcos mais significativos da história da sua existência?
Foram vários. Os negativos: a perda irreparável dos Confrades que nos deixaram: primeiro o presidente do Conselho Fiscal, Zé Tojal, e cem dias depois, o Chanceler Jorge Moreira. Depois o Confrade Ancião Manuel Filipe. As positivas: assim com um destaque superior pela excelência e visibilidade das iniciativas, podemos destacar a realização dos sete Capítulos onde fazemos as entronizações dos Confrades. E, apenas para que conste, vou só enumerar alguns, das mais variadas proveniências e áreas da nossa sociedade, como o Bispo Emérito de Díli em Timor e Prémio Nobel da Paz em 1996, Dom Carlos Filipe Ximenes Belo; o Comendador Rui Manuel Azinhais Nabeiro da Delta Cafés; o Comendador Augusto Ferreira Machado da AUFERMA; o Engº Vasco Teixeira da Porto Editora; o 18º Reitor da UP, Prof. Doutor José Carlos Marques dos Santos; o Pai da Sociologia, Professor Doutor Boaventura de Sousa Santos; o Sociólogo e atual presidente da Câmara de Gaia, Professor Doutor Eduardo Vitor Rodrigues; o presidente do PS Gaia e vice da Câmara de Gaia, Engº Patrocínio Azevedo; do PS Porto, o Dr Manuel Pizarro; a Drª Ilda Figueiredo; César de Oliveira; o deputado Firmino Pereira; do Hóquei em Patins, Filipe Santos e Reinaldo Ventura; do voleibol a Dupla Olímpica Miguel Maia e João Brenha; do andebol o Ricardo Moreira e o Ricardo Costa; do basquetebol o Nuno Marçal; ou o João Pinto do futebol. Já na área da música, o Maestro Rui Massena e o Filipe Fonseca; do jornalismo o Carlos Daniel, o João Fernandes Ramos e o João Ricardo Pateiro; empresários como o José Reis da Civopal; Manuel Carvalho da Taberninha do Manel; Eduardo Couto da LCP; Jaime Poças das Construções JP; o Engº Jorge Reis do Crédito Agrícola na área da banca; o Cónego Jorge Duarte e o Frei Fernando Ventura que a TSF elegeu como Personalidade do ano em 2010. Enfim, como disse, apenas alguns e que são todos amigos e Confrades de Honra da Confraria da Pedra. Aliás, temos um pedreiro com mais de 90 anos que é nosso Confrade de Honra, o Sr Hermínio Cunha, ainda vivo. Este ano, outros se vão juntar a nós e estamos atualmente a tratar desse assunto. Um dos marcos foi também a construção do Monumento ao Pedreiro, que pagamos e oferecemos ao erário público, no caso, depois de pronto e pago, foi oferecido ao património da freguesia da Madalena. Além disso, os nossos aniversários que são sempre momentos de excelência e o apoio na aquisição de uma ambulância aos Bombeiros de Valadares e, agora, este evento em favor da CERCIGAIA. Depois, são várias as nossas representações pelas outras Confrarias do Algarve até ao ponto mais a Norte, Madeira e Açores. Em Espanha já visitamos Valencia e a Galiza. E, não nos podemos esquecer também das Tertúlias mensais, que são um importante marco na vida da Confraria da Pedra como o AUDIÊNCIA bem pode testemunhar na noite em que juntamos 80 pessoas na Ribeira Grande, aquando da entronização do presidente do Município da Ribeira Grande, Alexandre Gaudêncio, e da vereadora da Câmara do Porto, Ilda Figueiredo.

O que aí vem e como pode a sociedade participar?
A 13 de outubro vamos realizar mais um Capítulo. Será o oitavo. A partir das 9h, estaremos no Orfeão da Madalena para receber os amigos que nos vão visitar e para entronizar mais alguns Confrades que a nós se vão juntar. A cerimónia é pública e acontecerá por volta das 11h30, no Salão Nobre. Depois, o almoço será por inscrição prévia e terá um custo de 30 euros, na Casa do Loureiro, também na Madalena. Este é o plano atual.

José Carlos Leitão tem uma história de vida marcante ligada ao associativismo e temas sociais. Em janeiro, o AUDIÊNCIA decidiu atribuir-lhe um dos Troféus. Como se sentiu?
Como posso explicar…. estava na conversa com o meu Confrade e vice, Abel Guedes, e, às tantas, percebi que seria de mim que estavam a falar tendo em conta que, pareceu-me ouvir dizer que era da Madalena e que tinha frequentado a Faculdade de Ciências da Educação da Universidade do Porto e, como se diz, “afitei a orelha” e eis que me estavam a chamar ao palco. Então, senti uma enorme confusão interior porque, não contava de todo. Porém, depois, a experiência que já vou tendo destas ocasiões, deu para esconder a enorme alegria que, em boa verdade, senti. Deu para partilhar com um conjunto de pessoas, desde a minha família aos amigos e confrades da Confraria da Pedra. Com o presidente e vice da Câmara de Gaia que nos permitiram fazer o Monumento que estava a aguardar autorização para poder ser colocado numa rotunda na Madalena e que a 23 de dezembro, dois meses depois de terem ganho as eleições autárquicas, estava a ser inaugurado. Na verdade, não posso esquecer que tenho uma Medalha de Mérito Municipal, Classe Ouro, que me foi entregue pelo presidente da Assembleia da República, Dr. Almeida Santos, no salão nobre dos Paços do Concelho, a 23 de abril de 2004, no mesmo dia em que festejava o meu 43º aniversário, e que estava repleto de amigos das Associações de Pais na justa medida que foi pelos “relevantes serviços prestados na educação” que ela me foi entregue pelo executivo de então, liderado pelo Dr. Luís Filipe Menezes.

A Confraria da Pedra experimentou a realização de uma tertúlia na Ribeira Grande, ilha de São Miguel, nos Açores. É algo para repetir aí ou noutro local?
Quem sabe se não haverá outra ocasião, embora seja o momento que o dite. A ver vamos e, como tantas vezes digo, sobre esse assunto… enfim… depois falamos!

É um homem apaixonado pelo voleibol. Vivendo em Gaia, mas com o coração no seu Sporting de Espinho, como perspetiva o futuro da modalidade?
O futuro desta fantástica modalidade está assegurado, dado ser uma das modalidades com mais atletas inscritos na federação. Porém, é a única onde existem dois campeões no mesmo campeonato. Na Elite é vencedor o melhor dos quatro primeiros da primeira fase. Depois, dos que sobram, dá para ser campeão da 1ª Divisão. Na minha opinião é ridículo isto acontecer, até porque teremos um clube Campeão Nacional que pode ficar em sexto ou sétimo na primeira fase. Aliás, esta é uma modalidade onde um líder associativo pode ser presidente durante algumas dezenas de anos sem grande dificuldade. É uma modalidade onde os clubes foram afastados das apostas desportivas porque havia fortes indícios de haver marosca com fartura e onde nada ou quase nada se fez (que eu saiba não se terá feito nada visível) para terminar com essas insinuações, e, onde ninguém sai a ganhar, antes pelo contrario! Mas, apesar de tudo, as competições lá se vão fazendo e sempre com muita gente a praticar e a assistir aos jogos. E, como disse, e apesar de ser da Madalena e sócio com perto de 30 anos no CAM, e de ser dragão assumido, no vólei sou e serei sempre um tigre e um apaixonado pelo Sporting de Espinho. Quiçá, se o FC Porto, um dia, voltar a ser um dos protagonistas, ficarei balançado e dividido nos amores clubísticos. Mas, sim, adoro o voleibol, uma modalidade onde ainda este São João a nossa seleção nacional conseguir garantir a presença entre as 16 melhores seleções mundiais, fruto da vitória numa competição entre grandes selecções e, não tenho dúvidas, onde um excelente treinador optimizou uma fantástica equipa que, não fosse o professor Hugo Silva e não seria certamente o resultado final o que foi, porque ele é um líder nato.

Alguma vez o Clube Atlântico da Madalena pode ambicionar ser campeão nacional do principal campeonato português? Porquê?
Não acredito que o seja na Elite. Acho que jamais. Enquanto o SCE estiver no voleibol será sempre um eterno candidato. E, depois, ou melhor, para lá dos tigres, temos os grandes e os dos Açores e Madeira com apoios desiguais. Agora temos o Sporting e o Benfica. Amanhã, poderá aparecer outro, porque, acredito, o FC Porto, mais dia menos dia, vai entrar no voleibol e, se o fizer, será para lutar pela vitória. O CAM tem de ter o seu espaço e, com estes ou com outros dirigentes, tem de fazer apostas na juventude e não poderá passar disso porque os argumentos são diferentes. Em todo o caso, e tendo em conta que tem um pavilhão e outras fontes de receita, poderá, se tiver gente competente, fazer uma caminhada segura e apostar na reconquista de um espaço logo a seguir aos grandes. Tal e qual aconteceu, recentemente, em 2013/2014, quando se sagrou campeão nacional da 1ª Divisão depois de, com todo o mérito, eliminar o meu SC Espinho. Porém, e logo a seguir, caiu na 2ª Divisão, o que, desde logo, indicia alguma ausência de estratégia ou então uma estratégia diferente da que eu defendo e onde a 1ª Divisão terá de ser o espaço próprio de quem tem um pavilhão próprio. E, depois, ainda teve uma mãozinha dos regulamentos e de quem tem o poder e decide com dois pesos e duas medidas a favor de quem tem mais ou menos peso. Já relativamente a quem dirige os seus destinos, é melhor nem me pronunciar porque me faria recordar os tempos em que, enquanto líder do SC Espinho, fui, fomos, tratados nas visitas que fizemos à terra que me viu nascer e que tão bem os recebeu em Espinho. Desde as bolas velhas no aquecimento, até ao facto de ter pedido a um colega do Espinho para, durante um jogo, ir ao supermercado comprar água porque não nos foi fornecida a necessária para um jogo que teve cinco sets, até a uma ameaça de me colocarem fora do pavilhão porque fui entregar a folha da estatística ao meu banco. Tudo me aconteceu. Felizmente, esse cretino já foi corrido do CAM que, muito fruto do seu desempenho, veio a cair na 2ª Divisão, mas, águas passadas não movem moinhos e, agora, gente nova tem de fazer a recuperação que, espero, seja rápida. Mas, em boa verdade, não me parece que seja necessária a minha ajuda porque, e apesar dos mais de 25 anos de associado, nunca me foi solicitada ajuda, ou melhor, quando foi a resposta foi sempre pronta e eficaz. Já no SC Espinho fui, por duas vezes, o responsável máximo do voleibol e com 10 anos de intervalo. Nos 90 e nos 100 anos do clube. Num deles, consegui juntar a nós apenas e só o treinador do século, o cubano Juan Dias! Fui vice-campeão e finalista vencido na Taça de Portugal. Mas, ajudei a lançar sementes…

As associações de pais não lhe são estranhas. Como viveu e sente o posicionamento atual destas no concelho e no país?
Tenho poucas palavras para definir o que sinto: “nunca voltes ao local onde foste feliz”. Que mais posso dizer? Tive, enquanto presidente da FEDAPAGAIA, 125 Associações de Pais federadas e prontas a votar na AG da CONFAP. Fizemos a Escola de Pais. Chegamos a líderes da CONFAP. Fomos parceiros das escolas, da autarquia e, sobretudo, dos pais e dos alunos. Fui membro da CPCJ, fui Juiz Social no Tribunal de Família de Gaia, eu e outros companheiros da FEDAPAGAIA. Fomos verdadeiros mentores de um movimento que era verdadeiramente agregador, inclusivo. Repito: eramos parceiros. E, do nosso trabalho, não duvido, resultavam os jovens escandalosamente felizes. Hoje, e apesar de ser sócio honorário, nem convocado sou para as Assembleias Gerais. São fases que acabam por passar e não resta outra situação que não seja saber respeitar quem dirige e estar sempre pronto para quando de mim precisarem, seja para trabalhar, seja para dar opinião sobre um assunto que me é tao querido: a educação. Apesar de tudo, sinto que aqui e ali ainda se recordam do meu tempo e isso é o que nos faz sentir bem e, repito, estar sempre disponível para, se for preciso, poder dizer “presente”. Mas, a vida é feita de ciclos e a história está escrita e ninguém a vai apagar. Com mais ou menos erros, fizemos trabalho e, creio, terá sido uma época marcante no MAP em Gaia, no Porto e, não duvido, também a nível nacional.

Vila Nova de Gaia está no 5º ano da gestão de Eduardo Vítor Rodrigues. Como analisa o seu concelho e a sua cidade?
Que se pode dizer de um líder que ganhou as eleições em todas as mesas de voto das 24 freguesias de Gaia e que em 11 vereadores elegeu 9? Que se pode dizer de alguém que, em quatro anos, equilibrou as contas e as colocou no verde? Simplesmente, enquanto gaiense, dizer: Obrigado pelo excelente trabalho que estão a desenvolver e que continuem na senda do êxito e do sucesso e sempre com a humildade e seriedade que caracteriza a equipa que tem a liderança do Professor Doutor Eduardo Vítor Rodrigues e do seu vice presidente Patrocínio Azevedo e que, com orgulho, posso dizer que são meus amigos e Confrades de Honra na Confraria da Pedra.

O que espera do amanhã?
Espero ter saúde e ser feliz. Espero continuar a pugnar para que as causas em que acredito sejam causas ganhas e onde eu possa continuar a encontrar alento e ânimo para continuar a honrar a minha Medalha de Mérito Municipal, classe ouro, que em 2004 me foi atribuída pelo executivo municipal de então pelos relevantes serviços prestados na educação. Espero poder viver a minha reforma (mais alguns uns anos e será a lei da vida a funcionar…) em paz e poder acompanhar o crescimento e respetivo desenvolvimento pessoal da minha netinha, que agora vai a caminho dos 7 anos. Espero poder ter a companhia da minha família e dos meus amigos e que o meu FC Porto continue na senda dos títulos para me ajudar a andar bem disposto e que a Confraria da Pedra continue e, se possível, com a minha liderança a ser uma Instituição de referência e respeitada em Gaia e em Portugal. Quiçá, até fora de Portugal… Como ainda no último dia 13 de junho, aquando de uma audiência publica no Vaticano, Sua Santidade, o Papa Francisco, referiu e saudou os peregrinos que estavam lá e, nomeadamente a Confraria da Pedra e, depois, assinou pelo seu punho um diploma nosso que tanta alegria nos deu e que vamos guardar para todo o sempre nas nossas memórias. Entretanto, e como bem diz o nosso Confrade Frei Fernando Ventura, “podemos não acabar com a fome no mundo… mas, podemos tirar alguém do mundo da fome”, e, se todos formos capaz de pensar um pouco no outro e por ele fazer algo, estamos a contribuir para o bem e a ser melhores pessoas.