Estamos a cerca de três meses das eleições e é tempo de retrospetivas. Cipriano Castro, presidente da Junta de Freguesia de Avintes, falou, em entrevista ao AUDIÊNCIA, sobre os oito anos que se passaram, as obras e os projetos mais significativos da freguesia. Além disso, o autarca avintense deixou clara que a sua recandidatura tem como objetivo a vitória, com maioria, se possível, até porque garante que ainda há muita coisa para ser feita em Avintes, dando, como exemplo, a conclusão do Teatro de Almeida e Sousa. Ainda assim, mais importante que a percentagem e a maioria, Cipriano Castro fala da aprovação e confiança no trabalho da sua equipa por parte da população, materializado em forma de votos.
Como é que a política local entrou na sua vida e como tem sido o percurso à frente da política local desta freguesia?
Eu comecei na política local já há muitos anos. Fiz o percurso mais ao menos tradicional. Militei, inicialmente, na juventude do Partido Socialista. Fiz parte da secção do Partido Socialista, aqui em Avintes, e, depois, aos poucos, fui fazendo parte das listas da Assembleia de Freguesia. Comecei a participar através da Assembleia de Freguesia na vida autárquica. Em 2005 fiz parte do executivo, num mandato, fui vogal na área da juventude. Também fiz dois mandatos na Assembleia Municipal e, depois, chegou a altura de ser proposto o meu nome para ser cabeça de lista e eu aceitei, e estou aqui com muito gosto, é com muito prazer que faço parte desta equipa que está à frente da Junta de Freguesia de Avintes.
Na altura, nunca hesitou?
Não, porque nós também nos vamos envolvendo nesta atividade, vamos ganhando gosto, por isso achei natural, ao fim de alguns anos, e depois de já ter feito parte, quer da assembleia, quer do executivo e, inclusive, da assembleia municipal, achei que tinha condições para poder assumir a liderança da autarquia.
Lembra-se do seu primeiro dia como presidente? Como foi?
Não me lembro propriamente do primeiro dia, mas lembro-me da vontade com que todos estávamos de começar a trabalhar, de fazer as coisas o melhor que sabíamos e que podíamos e, por isso, foi um momento de grande satisfação.
Como tem sido este percurso à frente da Junta de Freguesia de Avintes?
Desde o primeiro dia que tem sido um desafio. Nós queremos sempre fazer mais e melhor e as necessidades são sempre muitas e, por vezes, os recursos e os meios não são assim tantos quanto isso. Tem sido sempre um trabalho, principalmente, de equipa. Sempre assumi isto, não como um objetivo pessoal ou individual, mas como um projeto que envolve, não só a minha pessoa, mas todos aqueles que me têm acompanhado, quer no executivo, quer na assembleia, e também, fundamental, a interligação com o executivo e os dirigentes a nível municipal. Nesse sentido, tem sido um mandato pleno de realizações. Efetivamente, a freguesia de Avintes estava carenciada de muitas coisas, não por inércia propriamente da Junta, mas porque o poder municipal aliou-se muito da nossa freguesia, por vários motivos, políticos até, porque a Junta foi sempre, grande parte do tempo, contrária ao poder municipal, não era da mesma força política, e por isso a freguesia carenciava de alguns investimentos que a população queria e exigia. Nesse sentido, sinto-me satisfeito com estes últimos anos, com o que fomos fazendo, embora ache que ainda há algumas coisas para fazer.
Qual foi o momento mais marcante destes oito anos?
Olhe, talvez por quem esteve cá, na minha maneira de ver, foi a inauguração do Pavilhão Salvador Guedes. Era um investimento que, talvez há 20 anos, eu era ainda jovem, e já se falava da necessidade de um pavilhão para Avintes. Esse assunto foi-se arrastando. Primeiro era para ser num sítio, depois noutro, arrastou-se por muito tempo e, só agora, nos últimos anos, foi possível concretizar. Depois porque, esse pavilhão, teve a presença, na sua inauguração, do Sr. Presidente da República, o que foi um orgulho para os avintenses, e por isso também para mim, poder estar presente nesse momento em que se concretizou um desejo, uma vontade que nós tínhamos, e ter cá o Presidente da República.
Mas como estávamos a falar, ao longo destes oito anos, foram muitas as obras e projetos de relevância na Freguesia de Avintes. Fale-nos das mais relevantes e daquelas que mais se orgulha.
O Pavilhão Salvador Guedes foi, sem dúvida, um dos investimentos que nós muito gostamos e que, finalmente, conseguimos ter. A reabilitação da frente de rio, do Areinho de Avintes, é outro momento muito importante, porque foi como que um voltar a virar Avintes para o rio. Em Gaia, e não só, também pelo país fora, houve uma altura em que se virou muito as costas aos rios e, nomeadamente, aqui também em Avintes. Se recuarmos no tempo, 50 ou 60 anos, ou mesmo 100 anos, o rio era fundamental para a freguesia, para a mobilidade da freguesia. Nos últimos 50 anos, virou-se muito as costas ao rio, e esta oportunidade de reabilitação da frente fluvial, quer do areinho, quer agora da parte do passadiço, do Esteiro, que ainda está a decorrer, neste momento está na zona de Espinhaço, foi muito importante. Vai avançar também, na zona do Esteiro, uma reabilitação urbana. Isso também foi um momento muito importante, e continua a ser porque não está concluído. Depois, obras mais pequenas, e que são aquelas onde a Junta de Freguesia se envolve mais diretamente. As que tenho falado, é evidente que são obras de dimensão municipal. Temos, por exemplo, a reabilitação das casas mortuárias. Tinham já 30 anos de existência. Há 30 anos eram casas mortuárias com boas condições, mas, naturalmente, precisavam de ser melhoradas. Construiu-se uma cobertura no átrio, para as pessoas poderem estar nos velórios e ter algum conforto, quando está sol ou chuva. Anulou-se as escadas, que dificultavam muito o acesso, quer das pessoas, quer de quem estava a fazer o serviço funerário, por isso, anulou-se as escadas e construiu-se rampas. Isso é também uma obra que muito nos orgulha. Por razões que não são as melhores para as pessoas, mas é um local pela qual as pessoas têm necessidade de passar por lá. Isso é uma obra que muito nos orgulha por esse facto. Algo que ainda se está a desenvolver, ainda não está concluída, temos vindo a fazer, é a reabilitação da rede viária secundária. Avintes tem, essencialmente, uma rua principal, que é a Rua 5 de outubro, que percorre de um lado ao outro toda a freguesia, e depois tem, como qualquer outra localidade, dezenas de pequenas ruas que servem os moradores locais. Essas ruas, uma grande parte delas, estava em muito mau estado. Foi um investimento que a Junta de Freguesia fez e a Câmara Municipal também apoiou. Reabilitamos, até ao momento, mais de 30 arruamentos. Às vezes pode não parecer, mas foram muitos quilómetros de ruas que foram pavimentadas. E não foi tapar buracos, as ruas foram pavimentadas de novo. Falta meia dúzia delas. Naturalmente fica a faltar a rede viária em cubo, o chamado paralelo. Esse é um investimento mais avultado e ainda não foi possível avançar, mas a parte da rede viária em asfalto, posso dizer que entre 80 a 90% das ruas estão, hoje, com um piso em bom estado. Mais uma obra importante para Avintes, e que vamos concluir agora, é o Parque de Estacionamento na zona do Palheirinho. Um espaço, um terreno, que foi cedido pela paróquia, num protocolo que fizemos, que vai permitir o estacionamento de cerca de 15 viaturas, numa zona em que faz muita falta o estacionamento. Essa também é uma obra com a qual nos sentimos muito satisfeitos. Depois, há coisas mais pequenas, mas que têm também muito significado para nós, como, por exemplo, a reabilitação do edifício da Junta de Freguesia de Avintes, tornando-o um edifício acessível a todos. Construímos uma rampa, sem estragar a arquitetura do edifício, ou seja, uma rampa que a qualquer momento, se for essa a vontade, pode ser retirada sem alterar a arquitetura do edifício, que é centenário. Construímos também uma plataforma elevatória para vencer os degraus no interior. Portanto, hoje em dia, qualquer pessoa que queira vir à secretaria da junta, ou assistir a uma assembleia no salão nobre, pode vir, mesmo que tenha mobilidade reduzida.
E para terminar, e resumir, também muito nos orgulhamos do relacionamento que temos com a Câmara Municipal. Eu acho que nunca é demais referir porque, é essa a minha opinião e o que eu sempre defendi, uma Junta de Freguesia precisa de ter um bom relacionamento e uma boa interligação com a Câmara Municipal, isso tem sido fundamental para que Avintes tenha progredido nestes últimos anos.
Receberam também, recentemente, a PATA, que é um projeto municipal.
Sim, e como essa, posso falar ainda de mais obras que não falei, porque embora sejam na freguesia, são de uma dimensão muito maior. Temos a PATA e uma obra que deverá abrir, se não for antes, pelo menos para o próximo ano letivo, na antiga Escola do Magarão, na zona mais antiga da freguesia, que é o Centro de Inclusão Social, obra municipal, e que, naturalmente, não é só para cidadãos de Avintes, mas sim para de todo o concelho. Será para cidadãos com deficiência, maiores de 18 anos, portanto que já saíram da escolaridade obrigatória, e que muitas vezes ficam sem ter nenhuma ocupação. Através deste Centro de Inclusão Social, que tem um projeto na área das artes gráficas, vão poder aprender uma profissão ligada às artes gráficas, e outra que até é muito importante aqui para Avintes porque temos muitos grupos de teatro, terá também uma formação na área do teatro, de técnico de luzes e som. É para cidadãos com deficiência, que a partir dali poderão obter determinados conhecimentos e capacidades para uma integração, naturalmente que, por vezes, com algumas limitações, mas para terem um conhecimento de uma profissão, isso vai ser muito importante para a freguesia. Vai trazer gente para a zona antiga da freguesia, não só os utentes, mas também professores, familiares, entre outros. É outra obra municipal.
Deixando um pouco as obras físicas de lado e falando agora de outros projetos mais imateriais, quais destacaria?
Um que é municipal, mas que tem influência em Avintes, e é transversal a todo o concelho, é o Gaia Aprende+. Acho que nunca é demais referi-lo porque, aqui em Avintes, ele é coordenado por uma IPSS, que é a Abrigo Seguro, e, sem dúvida, é uma mais valia para os pais. Há quem critique que as crianças passam muito tempo na escola, mas quem tem filhos e precisa de trabalhar, poder ter um local onde deixar os filhos e depois, no final da atividade letiva, terem atividades extracurriculares que também os ajuda a desenvolver. É um projeto fundamental. Isso é um projeto muito importante. A nível de mobilidade, um projeto que a Câmara lançou, e nós fomos das primeiras freguesias a agarrar, é o projeto de mobilidade interna, o chamado MOB+. Este projeto foi, e está a ser, por exemplo nesta altura de vacinação, um apoio fundamental para levarmos as pessoas até ao Centro de Vacinação. O objetivo principal é a mobilidade interna, mas neste momento foi fundamental. O principal objetivo é trazer as pessoas dos locais mais afastados do centro, onde estão os serviços. A própria Junta de Freguesia está aqui próxima da Rua 5 de outubro, mas as farmácias, os correios, o posto de saúde, tudo fica na Rua 5 de outubro. E lá há transporte, mas quem mora, por exemplo, em Espinhaço, em Campos, ou assim, não tem facilidade para chegar a esses locais. Essa é uma das grandes mais-valias desta carrinha que temos ao serviço da Junta.
Estou a lembrar-me de outros projetos, como por exemplo, o transporte gratuito para o Areinho de Avintes, o vosso concurso internacional de fotografia. Fale-nos um pouco mais destas valências da freguesia.
Se quisermos ir mais para a cultura, até porque o associativismo é muito importante para a nossa freguesia. Uma das obras ou projetos que nos orgulhamos muito neste mandato é a Casa da Cultura. É um aproveitamento de uma escola primária que deixou de ter função, e se quisermos fazer aqui um parêntese, também foi concluído já neste mandato, apesar de já vir da anterior governação, a Escola Fernando Guedes, que abriu, e a Escola do Palheirinho ficou sem atividade. Fizemos, então, o aproveitamento da antiga Escola do Palheirinho, abrimos lá a biblioteca, que é um polo da Biblioteca Municipal que já funcionou aqui na junta, mas que estava desativado. Temos duas salas de exposições e, neste momento, temos lá uma exposição do pintor gaiense, Agostinho Santos. Tem um miniauditório e ainda se localiza lá a sede de algumas associações aqui de Avintes que não tinham sede, como a Confraria da Broa e a Ilha Mágica, por exemplo. O festival de fotografia que falou, o InsTantes, que embora nos últimos anos tinha a envolvência direta da Junta de Freguesia, nós sempre achamos que aquilo era um projeto que deveria evoluir e ter vida pública. Por isso, o InsTantes, que até agora era o Festival Internacional de Fotografia de Avintes, passou a ser também uma associação, a Associação InsTantes, que também tem sede na Casa da Cultura e que vai ser a associação responsável pela organização de todo o projeto do festival de fotografia, que é um projeto encabeçado pelo avintense Pereira Lopes. Isto mais na área cultural. Depois, a nível da terceira idade e do apoio no Verão, tínhamos, que estão parados neste momento devido à situação da pandemia, a Colónia Balnear, que nós chamamos de “Avintes vai à praia” e que consiste na disponibilização de autocarros para transportar os avintenses, durante 15 dias, para a praia de Valadares. Criamos também um transporte aqui, internamente, que ainda estamos a avaliar se estará em funcionamento este ano, que é o transportar desde o centro de Avintes até ao areinho. O passeio da terceira idade também está interrompido, e ainda se manterá este ano, porque é preciso viver, mas temos de fazer as coisas com calma. E nesta área, que era a nossa principal bandeira de promoção da freguesia, que era a Festa da Broa, que também está suspensa e que com este, infelizmente, já é o segundo ano que não se pode realizar.
A Festa da Broa é, efetivamente, uma das grandes bandeiras da freguesia, é um evento que mobiliza milhares de pessoas e muda até a dinâmica da freguesia e dos comerciantes naqueles dias. É já o segundo ano sem esta festa.
É o segundo ano, e já é certeza que não vamos realizar. Para que a Festa da Broa seja viável e tenha razão de ser, tem dois aspetos fundamentais. O primeiro é a promoção da broa e da freguesia, mas principalmente da freguesia: atrair pessoas. Depois é proporcionar às nossas associações um rendimento extra que elas tiram da participação naqueles cerca de 10 dias, com as tasquinhas e algumas atividades. Ora, se pensarmos um bocadinho vemos que toda aquela dinâmica das tasquinhas, de saírem uns e entrarem outros, neste momento não era possível. Os restaurantes já estão abertos, mas com um número reduzido de pessoas, mesas muito mais afastadas, desinfeções constantes. Quem conhece a dinâmica das tasquinhas sabe que aquilo, um ainda não saiu e o outro já se está a sentar, e se assim não for também não dá para que as associações tirem resultados. Por isso, quer por razões sanitárias, que não é fácil neste momento implementar uma festa dessas, e por outro lado porque, a implementarmos, não seria muito rentável para as nossas associações, não vamos fazer. É com muita pena nossa, porque além das tasquinhas, era a representação histórica, tudo isso, todas as associações, e não só as que tinham atividade comercial na festa, mas também todas as outras que participavam de alguma forma, tudo isso saiu prejudicado. Temos pena, mas não vai ser possível ainda fazer a Festa da Broa este ano.
De que forma é que a pandemia e a Covid-19 afetou este último mandato, uma vez que estamos a falar de um mandato de quatro anos, e dois deles foram ocupados por isto? O que mudou, que tipo de investimentos diferentes tiveram de fazer? Além desta parte que falava de não haver Festa da Broa, Carnaval, entre outras.
Sim, o Carnaval, as Marchas de São João também que nós desenvolvíamos também com a Câmara Municipal e as associações daqui. Tudo isso parou. O que mudou? Mudou, essencialmente, a atividade, não a diária da freguesia, mas toda a que era desenvolvida com a sociedade e as coletividades, essa atividade parou. Nós tivemos de nos virar mais para o apoio direto às populações. Juntamente com a Câmara Municipal, durante o primeiro confinamento, centralizamos aqui a resposta às refeições dos alunos das escolas, alguns pais vinham cá buscar, noutras situações íamos nós levar a casa. Apoiamos também pessoas que deixaram de poder ir para os Centros de Dia ou Centros de Convívio e que tinham dificuldade a nível de alimentação, nós também íamos levar as refeições. Também as pessoas que não podiam sair de casa, e era porque estavam positivas, ou porque tinham alguém positivo e tinham de estar em quarentena, nessas situações também levávamos as refeições. Nessa altura foi muito importante a ajuda que tivemos de alguns voluntários. Desde o início que tivemos apoios individuais, essencialmente, que vinham aqui e levavam as refeições a casa das pessoas. Foi muito importante esse apoio. A nível social, e até com alguma ajuda e colaboração de grandes superfícies aqui de Avintes, fizemos distribuição de cabazes alimentares a pessoas com alguma dificuldade. Isso foi um aspeto que, naturalmente, alterou um pouco a nossa forma de atuar. Se até aqui as pessoas precisavam já muitas vezes de apoio, neste período aumentou essa necessidade, as pessoas estavam mais fechadas em casa, precisavam mais da nossa presença. Felizmente as coisas estão a melhorar, e eu espero que isto continue só a melhorar.
Mas sente que ficou alguma coisa por fazer por causa do dinheiro que foi preciso manobrar para a pandemia?
Em termos de projetos, estamos a falar dos arruamentos, por exemplo, até mesmo do MOB+ e assim, nesse aspeto, nós não reduzimos a atividade. A atividade que foi reduzida, foi essencialmente a nível de eventos. Nós fazíamos, por exemplo, o Mês de Avintes, que era uma atividade que consistia num conjunto de iniciativas durante o mês de fevereiro, isso paramos. As atividades com as crianças na altura do Natal. Portanto, toda a parte mais ligada aos eventos, atividades culturais e recreativas, isso sim, paramos. No que diz respeito à atividade de trabalho para a população, obras, projetos sociais, não paramos. Aliás, aproveitamos, por exemplo, a altura em que os cemitérios estiveram fechados e fizemos melhoramentos nos passeios, um trabalho que numa situação normal era mais difícil de ser feito. Aproveitando o facto do cemitério ter estado encerrado, aproveitamos e fizemos o trabalho de uma vez, noutra altura teria de ser aos poucos. Por isso, não houve uma paragem no trabalho do executivo.
Como está a ser este retomar da vida aqui em Avintes, do que vê na população?
Aqui, o que me parece que foi mais afetado, foi o pequeno comércio e a restauração. Nós temos, aqui em Avintes, uma série de restaurantes, uns mais locais, outros até já com alguma capacidade de atração de pessoas de outros locais, e que já empregam um número significativo de pessoas, normalmente daqui da zona de Avintes. Aí sentimos, e mesmo em conversa com as pessoas, que tiveram alguma dificuldade. Fui apercebendo-me que não houve grandes despedimentos, as pessoas foram-se aguentando, mesmo no pequeno comércio, porque é essencialmente familiar, portanto, aí não houve grande necessidade de despedimentos, apesar das dificuldades. Na restauração, onde já há alguns empregados, em geral, foram aguentando, através do take away, e agora nota-se que a retoma está a ser efetiva, com muitos cuidados, mas quase todos procuraram um cantinho para fazer uma esplanada, mesmo em sítios que à partida não se pensava, conseguiram criar esplanadas. As pessoas tiveram muita capacidade de adaptação e penso que se não houver mais nenhuma grande onda de infeções, as pessoas vão começar, gradualmente, a tomar o rumo normal.
Estamos a cerca de três meses das eleições. Não é novidade que o sr. Cipriano Castro vai ser candidato. Que projetos espera ver terminados até outubro, e depois, o que espera das próximas eleições?
Neste momento temos um projeto a arrancar que é a requalificação do espaço entre os bombeiros e a Pedra da Audiência. Há ali um terreno, que resultou da demolição de uma habitação há uns quatro ou cinco anos. Fica próximo ao quartel dos bombeiros, à Pedra da Audiência e à Capela do Senhor dos Aflitos. Aquele terreno é um projeto, que vai ser desenvolvido, de um jardim. É uma obra significativa porque, não só decorre na zona antiga da freguesia, como vai criar ali um espaço de encontro para as pessoas, mais descentralizado. Esse projeto já era para ter arrancado, mas lá está, esta questão da pandemia atrasou os projetos e essas coisas. Sem o apoio financeiro da Câmara era impossível, mas está a andar e deverá ficar concluído até ao final de agosto. É a obra que queremos concluir, para além da pavimentação de mais umas cinco ou seis ruas que não foi possível ainda fazer, mas serão concluídas agora no mês de julho. São as obras que terminarão este mandato. Sou efetivamente recandidato. Quando há oito, ou dez anos, lançamo-nos para este projeto, ele seria sempre para, em condições normais, fazer os três mandatos, tanto aqui em Avintes, como a nível municipal. Portanto, sinto-me ainda com total vontade e capacidade para fazer o próximo mandato. É isso que pretendo, se a população de Avintes assim entender, que eu deva continuar aqui mais quatro anos. Pensando assim, em quatro anos já tanta coisa foi feita, o que falta? Falta sempre muita coisa, mas há uma que eu gostava de me empenhar no próximo mandato, não estou a dizer que seja obra que se pode concluir no imediato, mas é algo que é necessário, que acho que está na altura e está na hora de pensarmos nele. A população de Avintes tem vindo a envelhecer, é o projeto de um espaço ou um lar para que os nossos idosos possam descansar no final das suas vidas, quando não têm oportunidade de ficar nas suas casas. Às vezes há a ideia de que em Avintes não existe um lar, e eu não acho que este tipo de equipamento seja propriamente obrigatório cada freguesia ter um, mas de qualquer maneira, Avintes tem um lar e de excelente qualidade, que é o Lar Adventista para Pessoas Idosas (LAPI), e que neste período de pandemia, devido à qualidade dos seus serviços, não teve qualquer problema a nível de Covid, e esperemos que assim continue .Mas, efetivamente, a freguesia precisa de uma outra estrutura. Este projeto do LAPI não tem a comparticipação da Segurança Social. O lar, apesar de estar ligado à religião adventista, recebe todas as pessoas, tem apenas algumas condicionantes a nível alimentar, próprias da religião adventista. A condicionante principal ainda é que tem de se ter, no mínimo, 1000 ou 1200 euros, por mês, para ir para lá. A maior parte das pessoas, que têm uma reforma de 300 ou 400 euros, a família tem de compensar com o que falta. É preciso um equipamento que tenha comparticipação da Segurança Social, para que as pessoas ponham o seu rendimento e o Estado suporte o restante, que é o que acontece na maior parte dos lares. Há uma parte que é o utente que paga, de acordo com as suas capacidades económicas, e o Estado compensa a instituição com o restante. É um projeto que eu pretendo congregar pessoas, porque isso não é propriamente a Junta de Freguesia que vai construir um lar. Uma IPSS, uma instituição aqui de Avintes, ou do concelho, por exemplo a Misericórdia de Gaia que tem terrenos aqui na freguesia e que já chegou a pensar num lar aqui, portanto, congregar esforços para que se possa avançar com a criação de um, vulgarmente dito, lar. Penso que esse é, neste momento, o que deverá congregar esforços, a nível da freguesia, para se poder avançar. Se nos próximos quatro anos conseguir contribuir para que isso venha a ser uma realidade, sentir-me-ei bastante satisfeito. Depois, um que penso que ainda terá desenvolvimentos neste mandato, não diria a conclusão, porque isso é difícil, mas pelo menos criar condições para um outro tipo de utilização do Complexo Desportivo do Futebol Clube de Avintes. É um projeto que está adiado há muito tempo.
Quando falamos em condições de utilização, falamos de uma nova bancada?
Sim, para os sócios. E que, efetivamente, já há garantias que a Câmara está disponível para apoiar o clube. Como faz daqui a dois anos 100 anos, penso que era uma prenda boa que a autarquia, Junta e Câmara juntas, podiam dar aos sócios do Avintes: a construção de uma bancada.
E há alguma obra que a população vá reivindicando?
Aquilo que, neste momento, continua a ser alvo de muitas críticas é a rede viária em cubos, ou seja, dos paralelos. Também acho que é algo que teremos de pensar nos próximos quatro anos para, gradualmente, ir melhorando. É algo muito mais manual, ou seja, exige muito trabalho manual, enquanto o asfaltamento é uma máquina com alguns homens. O trabalho também é muito mais demorado. Num dia faz-se 100 metros de asfaltamento, enquanto que num dia, se fizermos 20 metros de cubos é muito. Vai demorar cinco ou dez vezes mais. Algo que me estava a esquecer, e que a população também falta muito, é a conclusão do Teatro de Almeida e Sousa. Era um projeto que esteve muitos anos adiado e neste mandato foi possível desbloquear a questão da propriedade. Neste momento é propriedade da Câmara Municipal, foi adquirido à paróquia pela Câmara, foi retomado o projeto para a reabilitação do espaço, mas por razões que têm a ver com o facto do projeto já ter 18 anos, e não estar adaptado à nova legislação, e por outras razões, nomeadamente, de todo o processo burocrático dos concursos públicos, não foi ainda possível avançar com a obra e eu presumo que não será também agora que irá arrancar. Mas é uma obra que terá mesmo que ser concluída no próximo mandato.
Quais as perspetivas para as eleições?
A nossa lista teve 72 ou 73% dos votos, portanto, neste momento o meu objetivo não é a questão de ter mais um voto ou menos um voto, mais percentagem ou menos percentagem. Aquilo que eu queria e gostava que se refletisse na votação, era que a população, através do seu voto, me desse a confiança de que a nossa equipa está num bom caminho. Se há quatro anos atrás já tínhamos quatro anos de trabalho, agora temos oito, portanto, será importante para que os próximos quatro anos sejam de muito empenho, de concretização dos objetivos, que a população possa, através do seu voto, dar-nos esse sinal de que está satisfeita com o nosso trabalho. É isso que eu espero, que realmente haja por parte dos avintenses, uma manifestação de que estão satisfeitas. Claro que é para ganhar, queremos ter uma maioria que nos permita trabalhar, e que a população nos mostre isso através da votação.
É avintense, cresceu em Avintes. É mais difícil governar aqui? Ir na rua e as pessoas conhecidas, até da sua infância, interpelarem-no?
Não, eu acho que é mais fácil, porque, primeiro, no fundo, pertenço também a este coletivo que são os avintenses. Nós todos ganhamos um espírito coletivo, e isso é mais fácil à partida, saber o que as pessoas, em geral, gostariam, porque eu também pertenço a esse coletivo. É evidente que isso também traz o lado contrário, que as pessoas estão sempre à espera de cada vez mais, mas até agora não tenho tido razões de queixa da forma como as pessoas interagem comigo. Eu frequento as coisas por aqui, ao sábado de manhã vou tomar o pequeno-almoço a uma confeitaria, vou às compras…
Isso dá abertura às pessoas para se dirigirem mais facilmente a si, em qualquer momento, mesmo quando está, por exemplo, na padaria?
Sim, isso acontece, mas eu acho que resulta naturalmente, ou seja, não me sinto mal com isso. Procuro responder sempre às pessoas, normalmente encaminho-as para a junta, digo “vá à Junta na próxima semana ou amanhã”, mas ali no momento tento dar uma resposta para que a pessoa fique, não vou dizer satisfeita, porque o objetivo de governar não é satisfazer as vontades das pessoas, é fazer o melhor que é possível fazer. Às vezes a ideia de que só quando uma pessoa está a fazer o que os outros querem é que está bem, isso não é verdade, nem sempre o que as pessoas querem é o melhor, tem de haver uma simbiose entre aquilo que é preciso e o que é possível fazer. As pessoas procuram sempre aquilo que acham necessário, que precisam, e nós temos de ir respondendo e agindo com aquilo que, dentro do necessário, é possível.
Terminávamos então com uma mensagem para os avintenses…
A mensagem, e fugindo um bocadinho à questão da política e das eleições, eu dava mais uma mensagem de otimismo, para que as pessoas aproveitem o tempo de verão para desanuviarem, aqueles que puderem, descansar um pouco. Fazer coisas diferentes do habitual, aproveitar o bom tempo e o ar livre, em sítios que possam estar sem máscara, porque acho que isso é importante para o bem-estar das pessoas. Nós temos alturas em que temos de trabalhar e nos esforçar, mas também precisamos de momentos para desanuviar e de algum descanso, e eu acho que o período de verão, depois de mais um ano de tanto stress, tanto confinamento, eu acho que é isso que eu desejo: que as pessoas aproveitem o verão e desanuviem um pouco. Aproveitem para ir até ao Areinho de Avintes, ou fazer o percurso, que se faz bem, do Areinho de Avintes até ao Cais de Gaia e passarem assim uns momentos agradáveis.