“Registos de Luz são Poesia” é uma exposição que agrega fotografia e poesia. Foi inaugurada no passado dia 15 de fevereiro no Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, tem entrada livre e estará patente até 15 de março.
O fotógrafo e a poetisa
Osvaldo Janeiro e Sandra Fernandes inauguraram a sua primeira exposição conjunta a 15 de fevereiro no Centro de Artes Contemporâneas, juntando a fotografia e a poesia. Uma iniciativa da Junta de Freguesia da Conceição, presidida por Gisela Rodrigues, que contou com o apoio da Direção Regional da Cultura através do Arquipélago.
Em conversa com Osvaldo Janeiro, fotógrafo amador há largos anos, a fotografia surgiu na sua vida de forma muito natural. Foi com a digitalização da mesma que começou a sair de casa e a fotografar a natureza, apaixonando-se pela arte de fotografar. Conta ao AUDIÊNCIA que tem um lema: “vendedor por profissão, fotografia por paixão”. O gosto foi crescendo e em 2008 tornou-se sócio da Associação de Fotógrafos Amadores (AFA), onde teve a oportunidade de tirar um curso com António Luís Campos (fotógrafo da ‘National Geographic’).
Por outro lado, se Osvaldo Janeiro já tem alguma experiência na fotografia, também Sandra Fernandes tem na escrita, mais propriamente na poesia. A poetisa já conta com quatro livros lançados e encontra-se a preparar o quinto, sendo no entanto a primeira vez que escreve “em fusão com a fotografia.
“Registos de Luz são Poesia”
Em 2013 surge a oportunidade de Osvaldo Janeiro fazer uma exposição tendo como parceira a Junta de Freguesia da Matriz “nos mesmos moldes que esta”, explica: “após a exposição das fotografias estas podem ser compradas; 50% reverte a favor da Liga Portuguesa Contra o Cancro e os outros 50% para os vicentinos da paróquia”, neste caso, para os vicentinos da paróquia da freguesia da Conceição.
Desta feita, e após um período de espera por motivos de saúde, Osvaldo Janeiro aceitou a proposta de Gisela Rodrigues para fazer uma exposição. No entanto, havia uma condição: que Sandra Fernandes participasse na mesma, escrevendo alguns poemas sobre as fotografias.
“Um dia a Sandra pediu-me uma fotografia – que está aqui – para fazer um poema. Quando vi o que ela tinha escrito, disse à Gisela que fazia a exposição com esta situação: propor à Sandra o desafio de olhar para a fotografia e inspirar-se”.
O facto de se conhecerem fez de Osvaldo e Sandra dois aliados na construção da exposição e na escolha dos elementos que a compõem, tornando esta exposição única pela experiência que proporciona ao público.
Questionada sobre a reação das pessoas ao verem as fotografias e lerem os poemas, Sandra Fernandes diz crer que as pessoas vão gostar, olhando para a fotografia e para a poesia de outra forma.
Se por um lado é essa a reação que querem que o público têm, também por outro têm um propósito: “que as pessoas venham mais para a arte, que a cultura chegue a mais pessoas e que não seja uma casa fechada, tal como o Arquipélago que hoje abre portas e deixa de ser uma ‘casa fechada’ à comunidade”, disse, referindo-se ao facto de esta ser uma exposição de entrada livre.
Gisela Rodrigues, a principal responsável por esta exposição (já que partiu dela o convite ao fotógrafo há já cerca de três anos), confessa ter adorado a ideia proposta pelo fotógrafo em inserir a poesia da conterrânea na exposição. O desafio foi avançando até à sua inauguração no Centro de Artes Contemporâneas, “um espaço com uma magnitude fantástica e que merece muito ser aberto à nossa comunidade”.
O Arquipélago na sociedade ribeiragrandense
À margem da inauguração da exposição de Osvaldo Janeiro e Sandra Fernandes, Alexandre Gaudêncio admitiu a “recuperação bastante benéfica” daquele património onde se situa atualmente o Centro de Artes Contemporâneas, que se encontrava “bastante degradado”.
No entanto, “a própria gestão do espaço em si merecia uma outra amplitude, nomeadamente uma abertura à comunidade local que, numa opinião pessoal, julgo que se fechou muito sobre si própria”.
É neste momento que Gisela Rodrigues e Alexandre Gaudêncio estão de acordo. De acordo com a presidente da Junta de Freguesia da Conceição, “a nível de programação e exposições há imenso, mas a nível de abertura à população e à comunidade, deve ser hoje um ponto de viragem”, referindo-se, uma vez mais, ao facto da exposição ali inaugurada contar com a presença de vários ribeiragrandenses, ser da autoria de dois ribeiragrandenses e, também, ao facto de a entrada ser livre.
Ainda sobre este assunto, Alexandre Gaudêncio afirma que o facto de haver um novo diretor (tendo em conta que a antiga diretora do Arquipélago, Fátima Marques Pereira demitiu-se no final de janeiro) pode ser um ponto de viragem e de mudança de estratégia naquele Centro de Artes que, “pela sua excelência e amplitude deveria ter uma maior proximidade com os locais.
O Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande deixou o compromisso da autarquia em colaborar com o futuro diretor daquele espaço de forma a fazer-se uma “agenda cultural” cujos eventos não sejam sobrepostos aos da Câmara Municipal, o que tem vindo a acontecer, para que “ambos beneficiemos”.
Por fim, o autarca deixou um reparo: “julgo que esta exposição vem dar o mote precisamente para esta necessidade, e acho que este exemplo com artistas locais, mostra exatamente aquilo que esperamos deste espaço: que se abra à comunidade local”.