Para muitos pode ser incrível, mas a realidade sobrepõe-se às dúvidas e eis que a extrema direita chega de novo ao Parlamento alemão o Bundestag, passados 72 anos sobre o fim da II Grande Guerra e depois das proibições surgidas de qualquer ideologia do mesmo tipo ter possibilidade de singrar no País.
Em reportagem da televisão portuguesa há dias apresentada, infelizmente não em horário nobre, tivemos também oportunidade de ver e ouvir um reputado professor e sociólogo alemão a discorrer em Frankfurt sobre a qualidade na área do trabalho do seu País, a baixa de ordenados para naturais e não naturais a que os sindicatos procuram fazer frente e até, imagine-se, alguma degradação de serviços públicos, tais como, a Saúde e a Educação, ou seja, a herança de um passado nazi ressurge e a campanha da AfD, Alternative für Deutschland, com todos os condimentos de racismo e xenofobia, traz-nos à memória os acontecimentos que antecederam a grande conflagração mundial.
O facto da AfD ter conseguido um resultado desta dimensão está a chocar as elites institucionais e académicas alemãs e, se conseguir mesmo ficar à frente da Esquerda 11% e dos Verdes 8%, será com toda a certeza o principal partido da oposição depois da mais do que provável coligação que se estabelecerá nas próximas semanas, o que lhe dará um papel preponderante na assembleia, como por exemplo presidir à comissão que prepara o orçamento do país, restando saber com quem irá coligar-se a CDU/CSU, se fará outra grande coligação com o SPD 22% ou se escolherá outros partidos para formar governo.
O perfil do eleitor AfD é claro e está em consonância com os outros partidos nacionalistas internacionais, ou seja, cidadãos trabalhadores, com fracos rendimentos e baixa escolaridade, desiludidos com o rumo do país e com a entrada de cerca de um milhão de refugiados na sua terra natal, em 2015, o que fez disparar a base de suporte desta direita radical.
Mas o problema do nazismo não existe somente na Alemanha, pois basta lançarmos um olhar politicamente criterioso para a França e a sua Marine Le Pen, para a Áustria e o seu Partido da Liberdade, para a Polónia e o seu Partido da Lei e da Justiça, para a Holanda e o seu Partido da Liberdade e ainda para a Ucrânia cujo governo engloba elementos caracterizadamente nazis, isto é, o vírus tende a espalhar-se ou disseminar-se como autêntica epidemia.
E bem podem as elites institucionais ou académicas chorar lágrimas de crocodilo e ficarem chocadas com o desenvolvimento destas situações, pois elas sabem muito bem que em todo o continente europeu, as políticas liberais e neoliberais, assim como as teorias pseudossocialistas e as suas alianças espúrias com partidos de direta, têm muitas vezes atirado as populações para os braços dos xenófobos e racistas com os resultados bem à vista.
A União Europeia, por exemplo, também não está isenta de culpas, se atentarmos no seu contínuo e prejudicial alinhamento com as teses estado unidenses, donde resulta a perigosa situação na Ucrânia e o contínuo confronto com a Rússia, China e mais recentemente com a Coreia do Norte, colocando em perigo constante a Paz mundial que devia constituir um desígnio global.
Tanto o Brexit como Trump, estão a constituir os sinais claros para nos mostrar que o populismo se prepara para a invasão europeia. Saibamos combatê-lo e ultrapassá-lo, caso contrário seremos engolidos.