GAUDÊNCIO AFIRMA “NÃO NOS ESQUECEMOS DOS FILHOS DESTA TERRA”

A 26 de julho foi inaugurada a Praça do Emigrante, a mais recente obra da cidade da Ribeira Grande, idealizada desde o início com o objetivo de homenagear os emigrantes açorianos.

 

Tudo começou há cerca de cinco anos, quando em abril de 2015 foi inaugurado o monumento “Shore to Shore” em Vancouver (Canadá), que homenageou o primeiro não nativo que casou e fez vida naquela zona do Canadá. Natural da ilha do Pico, este homem saiu dos Açores a meados do século XIX para, à semelhança de todos os que o fazem, encontrar uma vida melhor.

Na ocasião “nascia o sonho de se erguer um monumento na Ribeira Grande que apelasse ao sentimento da saudade por aqueles que partiram um dia à procura de uma vida melhor”, explicou o Presidente da Câmara Municipal, contextualizando que foi Luke Martson, trisneto desse picaroto, que “desenvolveu um monumento em homenagem a esse homem e que é uma forma de simbolizar a harmonia que se pretende entre os nativos daquela região do Canadá e o resto da comunidade”.

Luís Silva, quem idealizou a peça central desta praça – o globo “Saudades da Terra” -, na altura presidente da Associação dos Emigrantes Açorianos, contactou Alexandre Gaudêncio para que a autarquia colaborasse com aquela peça de arte através da deslocação do calceteiro Carlos Menezes, para que este pudesse desenvolver o projeto de Luke Martson.

“Recordo-me que no dia da inauguração do monumento, a 26 de abril de 2015, fui abordado pelo Luís Silva para fazermos algo parecido na Ribeira Grande, como forma de homenagear todos os nossos emigrantes”, contou o autarca durante a inauguração da Praça do Emigrante.

Entre as várias ideias que surgiram e a concretização do projeto que pretende homenagear os emigrantes passaram-se cinco anos. Do rascunho da “Praça Saudades da Terra” até à concretizada “Praça do Emigrante”, o sonho de Luís Silva foi ganhando vida e culminou num espaço localizado à beira-mar, numa zona da cidade em crescimento, numa área de 4.000m2.

Tem como principais elementos o globo “Saudades da Terra”, com quatro metros de diâmetro e revestido por calçada portuguesa, o qual simboliza as várias partes do mundo em que existem açorianos, havendo a particularidade do arquipélago açoriano figurar numa escala maior em relação às restantes terras; a pedra de basalto negro na qual assenta o globo representa a ilha, as ilhas e os Açores, e tem 1,4 metros de altura e 3,5 metros de diâmetro, apresentando uma forma irregular; por fim, o mar – “Shore to Shore” – Costa a Costa, representado através do desenho no piso que envolve o globo, da autoria de Luke Marston. Para finalizar, a ala sul da Praça do Emigrante é composta pela Calçada dos Mundos, concebida por Liliana Lopes numa alusão à hélice do ADN. Segundo a artista, “o bater do coração que sustenta o ritmo dos emigrantes funde-se com aqueles que irão passar por cima desta calçada”.

A completar a Praça do Emigrante estão dois murais que poderão ser utilizados como bancos e miradouros do Atlântico. Na face rampeada de um estão as bandeiras dos principais destinos da emigração açoriana (Bermudas, Brasil, Canadá, Estados Unidos da América, Havai e Uruguai) e também as bandeiras da Organização das Nações Unidas, de Portugal e dos Açores, todas elas em pedra de calçada.

No outro mural continuam a ser colocadas placas personalizadas das pessoas e empresas que se associam a esta homenagem através de donativos.

“Mais do que uma homenagem a quem partiu um dia à procura de melhores condições de vida, esta praça representa um marco na nossa história contemporânea porque é a simbologia de que não nos esquecemos dos filhos da nossa terra, mesmo que longe fisicamente”, declarou Alexandre Gaudêncio, assegurando que “se antes desta pandemia da COVID-19 já fazia sentido haver uma peça de arte pública que fizesse essa alusão à emigração, hoje faz ainda mais sentido porque é algo que ficará perpetuado no tempo e será para sempre recordado como um ponto de encontro de quem partiu e de quem nos visita”.

No âmbito da dinamização cultural deste espaço, a Câmara Municipal da Ribeira Grande assinou um protocolo com a Associação dos Emigrantes Açorianos, para que seja esta associação sem fins lucrativos a assegurar a animação cultural do novo espaço, sempre em consonância com as indicações dadas pela Autoridade de Saúde Regional e pela Direção Regional da Saúde.

Durante a cerimónia de inauguração deste local, Alexandre Gaudêncio anunciou que até ao final deste ano a rotunda que faz fronteira entre Conceição e Ribeira Seca será alvo de intervenção com uma pela de arte pública dedicada ao surf, fazendo alusão ao ‘slogan’ “Ribeira Grande – Capital do Surf”.

Na inauguração da Praça do Emigrante estiveram presentes o Secretário Regional Adjunto da Presidência para as Relações Externas, Rui Bettencourt, o Diretor Regional das Comunidades, Paulo Teves, a Cônsul Honorária do Canadá, Melinda Caetano, o Cônsul Geral dos Estados Unidos da América, Patrick Wingate, a 1.ª Secretária da Assembleia Municipal, Claudina Oliveira, em representação do Presidente da Assembleia Municipal, Dr. José António Garcia, o presidente da Associação dos Emigrantes dos Açores, Rui Faria e ainda Luís Silva e Liliana Lopes.

Esta obra teve um custo de 270 mil euros, tendo sido co-financiada em cerca de 190 mil euros através do programa Açores 2020, estando incluída no Plano Integrado de Regeneração Urbana Sustentável da Ribeira Grande, que inclui, para além desta praça, a requalificação do largo das Freiras, o Largo Hintze Ribeiro, o Mercado Municipal e a Frente Mar.

 

Carlos Anselmo, vereador da Câmara Municipal da Ribeira Grande

“Este é um momento importante para a Ribeira Grande. Este é um espaço que não é mais que uma homenagem a todos os ribeiragrandenses que saíram da sua terra procurando um futuro diferente noutras paragens. Fica aqui assinalado esse momento em memória de quem daqui saiu.

A Praça do Emigrante tem a particularidade de ficar muito próxima do Museu da Emigração e, como tal, pode haver uma complementaridade no sentido de quem visitar a Praça do Emigrante poder deslocar-se ao Museu da Emigração e aprofundar os seus conhecimentos sobre esse tema.”

 

André Pontes, presidente da JSD/Ribeira Grande

“Esta é uma obra que muito honra as gentes da Ribeira Grande, de São Miguel e dos Açores em geral. Penso que para nós, jovens, e falo por mim e pela minha estrutura que tenta estar presente em todos os momentos que dinamizem a Ribeira Grande, é uma honra termos eventos deste tamanho para aprendermos com o passado da emigração que faz parte da nossa Região.

Sou um estudante da área do turismo e penso que tudo o que sejam espaços públicos, hotéis, bares ou restaurantes na Ribeira Grande em específico, são bem-vindos. Este espaço vem vincar o nome da Ribeira Grande nesta área.”

 

Albano Garcia, presidente da Casa do Povo da Ribeira Grande

“A Ribeira Grande está de parabéns por esta homenagem a todos os emigrantes. Este momento é marcante. Ficará na história dos ribeiragrandenses.

É um espaço muito bonito, que é uma mais-valia para os Açores. Este é mais um local a visitar na Ribeira Grande e será, naturalmente, visitado pelos emigrantes que certamente aqui virão.”

 

 

Claudina Oliveira, 1.ª secretária da Assembleia Municipal da Ribeira Grande

“Este é um momento muito especial e esta é uma peça lindíssima. Acho que todos os emigrantes estão aqui muito bem representados. Também eu sou emigrante. Vivi 10 anos nos Estados Unidos da América e regressei aos Açores há 27 anos, pelo que também me sinto um pouco representada aqui.

Estou bastante emocionada porque sei o que é a vida de um emigrante e sei a labuta que é para vingar. Felizmente os Estados Unidos e o Canadá são grandes terras e quem quer vingar consegue. Tenho a dupla nacionalidade e é com muita honra que defendo a bandeira americana.

Este é um monumento do qual a Ribeira Grande se pode orgulhar. Este vai ser um ponto de visita para muita gente. Não só emigrantes e ribeiragrandenses, mas todos os turistas e ilhéus. É uma obra lindíssima da qual todos nós nos podemos orgulhar.”

 

Emanuel Furtado, presidente da Junta de Freguesia de Porto Formoso

“Este é um monumento que dignifica os emigrantes, em especial os ribeiragrandenses. Tenho que ser franco e dizer que até há pouco tempo não tinha conhecimento do projeto na sua globalidade. No entanto posso dizer que fiquei bastante agradado com a forma como isto foi construído. A partir de determinada altura fui acompanhando os trabalhos com mais frequência, aliás, lembro-me de passar por cá e parei várias vezes para ver os trabalhos ocorrerem.

Do ponto de vista do projeto em si, importa dizer que vem trazer uma nova forma de homenagear os emigrantes pelo trabalho que têm feito na diáspora através da divulgação da cultura açoriana, fazendo com que esta vá mais longe.

Obviamente que quando eles cá chegarem e visitarem a nossa terra, vão ficar deslumbrados com esta magnificência deste projeto.”

 

 

Filipe Jorge, vereador da Câmara Municipal da Ribeira Grande

“Este é um ponto cultural e turístico do concelho da Ribeira Grande. Através de possíveis eventos culturais que podemos projetar nesta praça, atrairá também locais e turistas na cidade, indo atrás da parte cultural que a praça poderá oferecer.

Esta praça fica muito bem localizada, numa zona nobre da cidade, em expansão, e virada para o mar. Em consonância com a Associação de Emigrantes dos Açores, temos de perceber como se poderá dinamizar este espaço, em que alturas do ano e, depois, projetar então o programa cultural para esta zona da cidade para podermos atrair não só os locais mas também turistas.”

 

Gisela Rodrigues, presidente da Junta de Freguesia da Conceição

“Já tinha conhecimento deste projeto, já muito falado pelo Luís Silva, sendo este um dia muito especial para ele, por ser o concretizar de um sonho. Este espaço simboliza os nossos emigrantes espalhados por todo o mundo. Aqui temos uma pequena representatividade do que têm percorrido os nossos açorianos, deixando marcas por todo o mundo. Esta é uma forma de os homenagear e de dizermos que estamos sempre com eles. Os açorianos são um povo caloroso, lutador e por onde passa deixa marcas.

A zona está muito bem localizada. Só posso dizer que a praça está lindíssima, mais ainda por estar localizada na Conceição. Está com vista para a montanha e para o mar e acho que não poderia ter melhor localização. Enche-me de orgulho assistir a mais uma das inaugurações que tem decorrido aqui na Conceição.

Apelo a todos os açorianos residentes nas nove ilhas que passem na Ribeira Grande, na Conceição e visitem a Praça do Emigrante.”

 

Hernâni Costa, presidente da Junta de Freguesia da Matriz

“A minha presença hoje tem duplo significado: estou presente na inauguração desta nova lindíssima praça dedicada aos emigrantes açorianos como presidente de Junta de Freguesia da Matriz, mas também representando os Amigos da Ribeira Grande da Nova Inglaterra nos Estados Unidos da América que devido à pandemia causada pelo COVID-19 não puderam marcar presença neste evento histórico. O Presidente da Comissão João Luís Morgado Pacheco teve muita pena por não estar presente, mas delegou na Junta de Freguesia da Matriz essa representação porque tem sido esta entidade que tem estado sempre presente nos convívios anuais organizados pelos Amigos da Ribeira Grande da Nova Inglaterra.

No nosso programa anual da Junta de Freguesia, temos um dia dedicado ao emigrante, em que homenageamos aqueles que saíram da nossa terra à procura de melhores condições de vida. Acho que esta praça foi uma excelente ideia. Além de ser um local de homenagem aos emigrantes, é um local que vai estar na moda na Ribeira Grande e que terá paragem obrigatória.”

 

Jaime Vieira, deputado regional e presidente da Junta de Freguesia de Rabo de Peixe

“Mais que um ponto turístico, esta praça faz justiça àqueles que foram e são a outra parte dos Açores e do concelho da Ribeira Grande. Digo aos nossos emigrantes que merecem esse reconhecimento, pois ninguém mais que eles ama a sua terra. Neste sentido podemos dizer que aqui estão reunidas duas faces da mesma moeda: por um lado o enriquecimento cultural no concelho da Ribeira Grande e por outro o reconhecimento que o concelho da Ribeira Grande e a Associação de Emigrantes dos Açores fazem àqueles que amam a sua terra.

Sendo nós, rabopeixenses, pertencentes ao concelho da Ribeira Grande, este também é o nosso lugar. Neste sentido devo dizer que a Junta de Freguesia irá divulgar este espaço e, acima de tudo, estará sempre em contacto quer com a Associação de Emigrantes, quer com a Câmara Municipal, no sentido de, e noutra ocasião quando existir novamente a nossa normalidade, podermos potenciar este local de excelência que os emigrantes vão ter para se verem representados e àquilo que fizeram pela sua terra.

Mais uma vez os Açores e o concelho da Ribeira Grande não se esqueceram daqueles que muito já deram à sua terra. Envio para a Associação dos Amigos de Rabo de Peixe de Montreal, Nova Inglaterra e também Ontário um grande abraço. Esta obra também é para eles e estaremos à sua espera quando voltarem aos Açores.”

 

Luís Silva, desenhista do globo “Saudades da Terra”

“Emigrei para o Canadá em 1956. Nem me lembro porque tinha três anos. Regressei e voltei várias vezes até perder a conta. Já conheço praticamente todas as comunidades de emigrantes e achei que era altura de se fazer um monumento. A praça vem um pouco depois, a ideia era este monumento [globo]. Apresentei a proposta ao Presidente da Câmara Municipal ainda nem existia o hotel. Mostrou-me esta zona que era um espaço verde, em frente ao Arquipélago que conheço tão bem. Fiquei surpreendido… não poderia haver melhor lugar. Fiquei muito entusiasmado e o resto é história. Foram-se desenvolvendo diversas ações até chegarmos ao dia de hoje.

Muitas pessoas acreditaram neste projeto. Tive alguma persistência e determinação de empurrar as responsabilidades para as pessoas. Não sou artista mas posso intitular-me de “fazedor de coisas”. Toda a minha experiência na construção civil e no ramo imobiliário deu-me confiança para desenhar algo desta magnitude.”

 

Madalena Motta, empresária

“Esta é uma homenagem muito bem feita. Quem saiu da sua terra não estava bem e foi atrás de uma vida, vida essa que nem sempre foi fácil para conquistar o que conquistaram. São pessoas que admiro muito. Quem ficou também fez muito pela sua terra, mas quem vai, não vai pelo comodismo, vai mesmo à procura de um futuro melhor.

Até nos dias de hoje os emigrantes abrem as suas portas nos Estados Unidos, no Canadá e em outros países, quando vamos lá fora em missões empresariais para fazermos negócios lá. É bom ver esta homenagem. Os emigrantes são gente de coragem e eu não sei se teria essa coragem… hoje em dia é mais fácil, num clique até marcamos o hotel e os sítios onde devemos ficar, mas antigamente não era assim.”

 

Maria Tavares, emigrante no Canadá

“Esta aqui é a minha terra. Vim matar saudades. Estou há 43 anos em Montreal mas venho cá todos os anos. Gostava de cá estar de vez, mas a vida é outra.

É bom ver os emigrantes homenageados nesta terra através desta praça, que ainda por cima está à frente da minha casa. O significado desta peça central é grande e representa os emigrantes.”

 

 

 

Miguel Sousa, vereador da Câmara Municipal da Ribeira Grande

“Esta é uma praça muito elaborada e idealizada. Era um projeto que já tem mais de cinco anos e finalmente foi concretizado. Está lindíssimo. Também me diz alguma coisa porque inclusive eu e os meus pais fomos emigrantes. Os meus estiveram 14 anos na Bermuda e nasci lá.

Esta praça vai ficar na história, é pena ter sido inaugurada nesta situação que estamos a viver, mas espero que no futuro as pessoas percebam o porquê e o que significa a emigração nos Açores. Viviam-se tempos difíceis e havia muitas dificuldades. Esta praça vem relembrar que hoje em dia as coisas são diferentes também devido àqueles que partiam e foram procurar melhorias, e depois trouxeram-nas para cá para usufruirmos delas.

Este é mais um ponto turístico na Ribeira Grande, ainda para mais nos tempos em que vivemos, porque o turismo é muito importante nos Açores. Espero que a COVID-19 passe rapidamente e voltemos à verdadeira normalidade, para que se tire o verdadeiro proveito deste espaço, de forma a que possamos usufruir melhor da Praça do Emigrante.”

 

Paulo Teves, ribeiragrandense e Diretor Regional das Comunidades

 “Este é, sem dúvida, um espaço de homenagem ao povo açoriano que emigrou e ao trabalho que tem sido feito pela Associação dos Emigrantes Açorianos que incentivou desde a primeira hora a que fosse feita esta praça.

Sendo esta Associação parceira do Governo Regional dos Açores e da Direção Regional das Comunidades, estou aqui a testemunhar este trabalho que tem sido feito por eles. Qualquer homenagem a um emigrante é boa. São percursos de vida que pretendem ser ressalvados e também homenageados.”

 

Osvaldo Janeiro, fotógrafo

“A paixão pela minha terra levou-me a fazer bonitas fotografias a esta praça. Este é um monumento do qual os ribeiragrandenses se podem orgulhar. Ainda por cima fica na minha freguesia.

Esta é uma forma de valorizarmos a nossa terra. Saíram de cá muitos emigrantes, esta é uma terra de emigrantes. Muitos dos meus seguidores nas redes sociais motivam-me diariamente para fazer fotografia pela paixão contínua que têm por esta terra.”

 

Rui Maré, deputado da Assembleia Municipal da Ribeira Grande

“Este acaba por ser um monumento muito justo que, simbolicamente, representa todas as famílias que saíram da sua terra, mas nunca esquecendo as suas raízes. Nós, açorianos e ribeiragrandenses, não nos podemos limitar à população residente, mas também aos emigrantes.

A Ribeira Grande tem muitas associações espalhadas pelo mundo fora, muito unidas, e que vivem as suas raízes de uma forma muito entusiasta. A dimensão da Ribeira Grande não se resume a esta localidade.”