“HOJE EU VENDO CHÁ COM TRADIÇÃO, INOVAÇÃO E COM MUITO CONHECIMENTO”

O projeto TEAhealth uniu a Fábrica de Chá Gorreana à Universidade dos Açores (UAc) e dessa parceria nasceram dois novos chás da marca. No dia 21 de outubro, aconteceu o lançamento dos mais recentes produtos da empresa familiar, dois chás com propriedades que preservam as funções cognitivas dos seus consumidores e previnem o aparecimento de outras doenças, como a alzheimer e a demência. Madalena Motta, proprietária da Fábrica de Chá Gorreana, mostrou-se entusiasmada com a inovação da empresa e confessou que a parceria com a UAc é para continuar, sendo que o próximo passo é investigar as propriedades antivirais do chá.

 

 

 

No passado dia 21 de outubro, aconteceu o lançamento de dois novos chás da Fábrica de Chá Gorreana, resultantes de uma parceria com a Universidade dos Açores (UAc). A sessão aconteceu nas instalações da empresa familiar e contou com a presença de diversas personalidades, entre as quais Pedro Hintze Ribeiro, diretor regional da Agricultura, Alexandre Gaudêncio, presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, José António Garcia, vereador da Cultura da mesma autarquia, Susana Ferreira, presidente da Junta de Freguesia da Maia, Luís Pereira, em representação do presidente do Governo dos Açores, e Artur Gil, vice-reitor para a Ciência e Transferência de Conhecimento da UAc.

A investigação da qual resultaram os dois novos chás Gorreana, com propriedades que preservam as funções cognitivas de quem os consume e previnem o aparecimento de algumas doenças, foi liderada por José Baptista, professor e investigador da Universidade dos Açores, bem como pela investigadora Lisete Paiva, ambos presentes no evento. O projeto, denominado TEAhealth, foi financiado pelo Programa Operacional para os Açores 2020 e teve uma duração de quatro anos.

José Baptista é um grande estudioso na área. O seu interesse pelos chás e as suas propriedades já vem de há muitos anos. Na sua intervenção, na sessão de lançamento destes novos produtos, relembrou os presentes que “a tendência genética pode ser atenuada, ou até mesmo eliminada, através da nossa alimentação”, exaltando a velha máxima de que “somos o que comemos” e explicou que o chá tem propriedades antioxidantes. Essa característica atua no organismo de forma a neutralizar os radicais livres, que são os responsáveis por transformar, por exemplo, as células saudáveis em células cancerígenas. Ou seja, afirmou que o consumo de chá pode diminuir a probabilidade de uma pessoa ter cancro. Além disso, também tem um aminoácido benéfico para a saúde, a L-teanina, que pode reduzir a probabilidade da pessoa contrair a doença de alzheimer ou demência. “Para chegarmos aos 120 anos, temos de beber muito chá”, terminou em tom de brincadeira.

Depois do professor, a investigadora Lisete Paiva também se dirigiu à plateia e explicou a forma como este projeto foi implementado na Gorreana. “O TEAhealth teve como objetivo o desenvolvimento de metodologias, para a produção de um chá rico em L-teanina, único no mundo e com vários benefícios para a saúde. Para isso, tivemos de estudar as condições de produção e de processamento, atuando sobre o tempo de amadurecimento das folhas, a temperatura e tempo de secagem das mesmas, e estudar também a localização, em termos de altitude, para vermos se havia diferenças ou não, bem como analisar a época de colheita das folhas”, referiu, concluindo que “no geral, o chá melhora a nossa saúde e o nosso bem-estar, melhora a qualidade de aprendizagem e do sono, previne o cancro e doenças neurológicas, como alzheimer e demência”.

Madalena Motta, proprietária da Fábrica de Chá Gorreana, confessou ao AUDIÊNCIA que ficou entusiasmada com esta pesquisa, desde a primeira vez que o professor Baptista falou da possibilidade, no entanto, não achou que tomasse uma proporção tão grande. “Ao longo do processo fomos tendo uma outra perceção da vida e um projeto que eu achava que era mais de investigação interna, para a Gorreana, acabou por ser algo com que aprendemos todos muito e que veio trazer valor acrescentado aos nossos produtos”, contou a empresária, que ainda destacou o facto da investigação ter ido parar a revistas científicas e ter arrecadado prémios em congressos, nos quais o professor Baptista participou. Além disso, houve um reconhecimento do aminoácido que, hoje, está a ser mais estudado.

“Somos uma empresa familiar e esta parceira com a Universidade dos Açores só mostrou que a Fábrica de Chá Gorreana, além da traição e inovação, tem mais conhecimento, eu acho que este é o segredo da Gorreana e da sua longevidade, nós estamos a viver o nosso tempo, cada vez há mais conhecimento e nós vamos atrás dele”, aludiu Madalena Motta, afirmando que o processo de aprendizagem não excluiu ninguém e foi desde a vertente agrícola à parte industrial.

A gama de chás da empresa já era vasta e rica, no entanto, a proprietária só vê vantagem em acrescentar este produto ao seu role de ofertas, porque se trata de algo “único no mundo dos chás”, mesmo quando se guerreia com grandes plantações. “Somos uma empresa com uma plantação pequena, quando comparados com Bangladesh, India, China, mas não estou preocupada com a quantidade, mas sim com a qualidade e estamos a trabalhar nesse patamar de grande qualidade aliada à investigação. Hoje, eu vendo chá com tradição, inovação e com muito conhecimento”, mencionou.

“A Gorreana e a Universidade dos Açores foi uma simbiose perfeita, por isso vamos continuar a fazer vários estudos, não paramos por aqui”, desvendou Madalena Motta, que ainda revelou que a próxima pesquisa será sobre as características antivirais do chá, no entanto, a mesma ainda se encontra em fase embrionária.