IDENTIDADE E RESPONSABILIDADE

Contra ventos e marés a Festa do Ávante foi avante, cumprindo os seus desígnios e as medidas de segurança impostas pela autoridade de saúde, bem rigorosas se tivermos em conta outros acontecimentos musicais ou religiosos realizados e a realizar com presença pouco ou nada respeitadora do necessário confinamento.

Esta Festa foi precedida dum inconcebível coro de críticas, calúnias e desaforos diversos, no entanto e se procurarmos bem a razão do rancor anticomunista contra a Festa do Ávante não será difícil encontrá-la, pois trata-se do maior acontecimento político e cultural do nosso País e é construído pela militância comunista e de muita outra gente solidária, imagem de um País que se quer de trabalho e sem exploração, de igualdade e justiça social, de fraternidade e solidariedade, de alegria e combate democrático, de patriotismo e internacionalismo, factores que preocupam a direita, os comentadores a soldo e o grande capital controlador da comunicação social dominante, portanto apagar a Festa e o seu conteúdo cultural e político  tornou-se desde os primeiros anos em que ela se realiza um desígnio de classe jamais esquecido e sempre invocando razões que a razão desconhece.

Desta vez procuraram avançar a ideia da pandemia como um dos obstáculos principais para a não realização deste acontecimento ímpar da nossa sociedade, esquecendo-se ou fazendo-se esquecidos de que têm sido os comunistas os mais lutadores pela saúde do seu povo e pelo SNS, travando duras e históricas lutas e assim mostrando que não são irresponsáveis, aventureiros ou provocadores com cérebros enfunados por ventos ideológicos e a prova foi dada com cuidados e medidas de protecção necessárias, seguindo as determinações da DGS e surpreendendo os mais cépticos.

Apesar do recinto da Quinta da Atalaia possuir uma capacidade para receber 100 mil pessoas, este ano a limitação foi reduzida para os 16.500 e os dirigentes comunistas afirmaram que a contabilidade das presenças, assim como a dos bilhetes de entrada, serão reveladas e tornadas públicas em breve, acrescentando que «muitas pessoas compraram bilhetes em solidariedade com o partido».

No último dia desta Festa e como tem sido habitual realizou-se o comício de encerramento com grande assistência para ouvir   Jerónimo de Sousa que apontou críticas «à direita», mas essencialmente a António Costa e até a Marcelo Rebelo de Sousa. «Não vale a pena sentenciar que o PCP não conta», pois o Partido conta e «muito», e na verdade se olharmos consciosamente para o seu percurso desde a resistência ao fascismo, à sua contribuição para o 25 de Abril, para a liberdade e a democracia, mantendo intacta a sua indentidade, facilmente concluimos que se trata de um Partido único no espectro político do nosso País.

Jerónimo de Sousa referiu também que «não há solução para os problemas nacionais nem resposta aos interesses dos trabalhadores e do povo com as opções do Governo PS», tal como acontece com os «projetos reacionários» do PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega, ou seja, o País enfrenta dificuldades que já existiam antes do surto pandémico e o PCP está presente e preparado, para ajudar, porque o Partido «não faltará, como nunca faltou, a nenhuma solução que dê resposta aos problemas, não desperdiçará nenhuma oportunidade para garantir direitos e melhores condições de vida”, «Quiseram calar-nos, mas não conseguiram».

«Não estamos aqui apenas para escutar a palavra das intervenções», mas sim «para reafirmar que não abandonaremos a linha da frente do combate por melhores condições de vida para o nosso povo, pelo seu direito à saúde, à educação, à segurança social, à habitação e à mobilidade».