JAIME RITA PASSA PASTA DA PRESIDÊNCIA A SUZANA FERREIRA

Depois de 12 anos à frente dos destinos da Junta de Freguesia da Maia, Jaime Rita passa agora a ocupar o cargo de presidente da mesa da Assembleia de Freguesia, dando, assim, lugar a Suzana Ferreira, a primeira mulher a ocupar o cargo na freguesia. Frisando que não é um “rosto sem voz” como a acusaram durante a campanha eleitoral, Suzana Ferreira apresentou já alguns dos projetos que têm em mente para a Maia.

Suzana Ferreira, eleita pelo PS para a Junta de Freguesia da Maia, com 51% dos votos, tomou posse no início de outubro numa cerimónia que marcou não só a confirmação da primeira presidente de Junta daquela freguesia como também a despedida, ao fim de 12 anos, de Jaime Rita.

Apesar de a eleição ter sido renhida, com o PSD a conseguir 46% dos votos e a eleger 4 deputados, mais dois do que no mandato anterior, Jaime Rita fez questão de, no seu discurso de despedida do cargo, lembrar que “não há meias vitórias”.

“A Suzana recebeu o mandato do povo. Não há meias vitórias, ganhou pela sua postura, pelo projeto e pela equipa que apresentou. Quanto à oposição, faço um apelo para que todos partilhemos o mesmo objetivo que é a Maia em primeiro lugar e que a Maia esteja acima de tudo”, referiu o presidente cessante, dando ainda destaque ao facto de esta ser a primeira vez, após 47 anos do 25 de Abril, em que a Maia elege uma mulher para presidente.

Agradecendo a todos os membros que fizeram parte do seu executivo, Jaime Rita deixou ainda um apelo para que as quezílias da campanha fiquem para trás e que todos se unam em prol da Maia. “Nestes últimos 12 anos houve outras eleições, mas sempre foram feitas com grande respeito e alguma amizade até. Infelizmente nesta campanha aconteceu o contrário e isto pesa muito. Não estou a apontar para ninguém, mas a falar para os dois lados. Peço encarecidamente até porque sou o mais velho a que se limitem a criticar aquilo que é criticável, a apelar pela freguesia que bem precisa. A freguesia não precisa de traidores nem de gente que só vem nos momentos que são convenientes, precisamos de alguém que dê a cara e que defenda esta freguesia. Estamos a definhar economicamente e não só, alguém tem interesse em definhar esta freguesia, a morrer asfixiada, mas não vão conseguir. E é preciso que todos demos as mãos se quisermos que a Maia continue a avançar e atinja os objetivos a que se propõe”, referiu.

Jaime Rita lembrou ainda a “forma como os opositores se comportaram na Junta e na Assembleia” durante os seus mandatos, frisando que “99,9% das propostas e do que levamos à Assembleia foram aprovadas por unanimidade”, precisamente porque todos queriam e lutavam pelo mesmo.

“Muitas vezes fomos criticados por sermos exigentes demais, mas se não fossemos exigentes, se não tivéssemos tido o comportamento que tivemos, a Maia estava como há 30 ou 40 anos atrás. A Maia, se calhar, difere um bocadinho do resto do concelho, mas há coisas que não devemos deixar passar em claro. Muita coisa foi falada na campanha e colocada nos manifestos eleitorais, mas quase que passou ao lado uma coisa de extrema importância que está a asfixiar a Maia, que é o caminho da Lombinha. Neste momento, se não for feita alguma coisa, se a obra não arrancar a todo o vapor, corremos o risco de haver mais encerramentos nesta freguesia. E a culpa nunca será da Junta. Deixa-me também alguma apreensão se aquilo que está a acontecer na Maia não é feito propositadamente. E cada vez me convenço mais de que é. A Maia sempre andou quilómetros à frente das outras freguesias, porque teve ao longo das décadas pessoas que se empenharam e que tudo fizeram, e os descendentes ainda fazem, para que a Maia seja o que é hoje. Não pode haver futuro se esquecermos o presente e o passado. Se somos o que somos hoje, devemos àqueles que muito fizeram para sermos aquilo que somos hoje”, rematou.

Também Luís Lindo, presidente da Mesa da Assembleia de Freguesia cessante, agradeceu aos seus companheiros de 16 anos e reforçou as palavras de Jaime Rita, dizendo mesmo que “não havia oposição, era construção, a união de todos para o bem comum da terra”.

“Em freguesias como esta, temos de trabalhar o dobro, porque só assim conseguimos chegar lá. Está na altura de esquecermos as pequenas quezílias, o que tivemos de menos bom, e transformar em bom. Nestes anos todos, sempre tive o melhor apreço por todos e a colaboração de todos. E é isso que o futuro presidente da assembleia e a presidente da Junta precisam, de caminhar com um caminho certo, seguro, e acima de tudo defendendo os interesses da Maia”.

Luís Lindo deixou ainda palavras de apreço ao presidente cessante, elogiando o seu “trabalho, empenho e dedicação” ao longo dos últimos 12 anos, mas também de incentivo à nova presidente, Suzana Ferreira. “A freguesia vai ficar bem entregue”, garantiu.

Por sua vez, a presidente eleita aproveitou o momento para afirmar, novamente, que tem “voz própria” embora não descarte a ajuda do seu antecessor. “Uns dizem que sou uma marioneta, sem pensamentos e ideias próprias, outros dizem que sou mentirosa e que andei a enganar as pessoas, outros dizem que sou uma pessoa muito honesta e que por isso não vou conseguir vingar nesse mundo de tubarões, outros dizem que sou molinha demais para conseguir vingar na junta e que a oposição vai fazer-me a vida negra! Houve até quem escrevesse sobre mim dizendo que sou um Rosto sem voz e que aqui estou para que o sr. Jaime continue a comandar os destinos da freguesia! Tenho de vos dizer, que este Rosto sem Voz que aqui está perante vocês tem pensamento próprio, ideias próprias e projetos ambiciosos para a Maia! É com orgulho que vos digo que conto com o apoio da minha equipa, e entre ela, está o Sr. Jaime, pessoa que muito admiro por tudo o que fez e deu pela nossa freguesia. É sem vergonha que digo, como sempre o disse, que conto com o seu apoio e que sempre que precisar vou recorrer aos seus conhecimentos, para ajudar-nos a vencer dificuldades! Porque, o trabalho em equipa, ao contrário do que muita gente pode pensar, é uma mais-valia em todas as áreas da nossa vida”, afirmou Suzana Ferreira.

Esperando e apelando ao apoio de todos, incluindo da oposição, a presidente relembrou que tem projetos delineados já para a freguesia, nomeadamente, o caminho que liga a Maia à Lombinha. “Iremos, o quanto antes, pressionar a Câmara para que seja resolvido com a maior brevidade possível. Esta situação não pode prolongar-se indefinidamente, tem-nos prejudicado duramente. Mas queremos apostar também nos nossos jovens e na sua educação e vamos já começar a elaborar regulamentos e critérios de seleção para que possamos atribuir uma bolsa aos jovens economicamente mais desfavorecidos que queiram apostar num curso superior”, adiantou.

Admitindo que há muito trabalho a fazer, Suzana Ferreira destacou ainda a ampliação do centro paroquial da Lombinha, o parque de estacionamento do Calços da Maia, a paragem de autocarros e passadeira subterrânea de peões na Gorreana e o Projeto Calços que vai permitir criar mais postos de trabalho, como os projetos mais fortes para este seu mandato.