“NÃO DEIXAR MORRER O ESPÍRITO NATALÍCIO”

A Ribeira Grande vai comemorar mais um Natal diferente, mas, desta vez, a população vai poder voltar a viver, na rua, o espírito da quadra festiva que se aproxima. Em entrevista ao AUDIÊNCIA, Alexandre Gaudêncio, presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, revelou que, pela primeira vez, a já magia chegou ao centro da cidade, sob a forma de Aldeia Perlim Pim Pim, e através de um vasto programa cultural dedicado às crianças e aos adultos. Garantindo a importância de “não deixar morrer o espírito natalício”, o autarca apelou, ainda, aos ribeiragrandenses, para terem redobrada precaução e cautela, para “termos um ano de 2022 muito bom e acima das nossas expectativas”. Relativamente ao novo ano que se avizinha e no seguimento da aprovação do Plano e Orçamento do município para 2022, o edil deixou uma mensagem de esperança, enumerando os inúmeros projetos que se vão concretizar e que contribuirão para o desenvolvimento e dinamização do concelho, assim como para a melhoria da qualidade de vida da população.

 

 

 

No contexto da época natalícia que se avizinha, que iniciativas serão promovidas pela Câmara Municipal da Ribeira Grande?

Acima de tudo, nós tivemos em conta tentar ir buscar um bocadinho do espírito natalício, que se vivia antes da pandemia, tentando respeitar, sempre, as regras que estão em vigor, no que diz respeito à autoridade de saúde. Nós quisemos enfeitar, novamente, o centro da cidade, com motivos alusivos ao Natal, mas a grande diferença, em relação ao ano passado, é precisamente um mercadinho de Natal, que tem o nome de Aldeia do Perlim Pim Pim. Esta Aldeia tem como principal objetivo criar alguma animação, ao ar livre e de acordo com as regras da autoridade de saúde, assim como recriar os mercadinhos de Natal, que são tão característicos desta altura. Vamos ter muitas atividades mais dedicadas aos mais novos, mas teremos, também, algumas iniciativas para tentarmos dinamizar o comércio local, principalmente junto aos Paços do Concelho, e que, de certa forma, representarão o retomar de uma atividade, que se perdeu por causa da pandemia. Mas, como eu referi anteriormente, sempre de acordo com as regras que estão em vigor e, por esta razão, todas as atividades serão ao ar livre, tentando, também, desta forma, minimizar qualquer propagação da covid-19, que, eventualmente, possa acontecer.

 

Como é que os ribeiragrandenses vão poder celebrar este Natal?

Acima de tudo, com uma redobrada precaução, esta é a nossa principal preocupação, mas, de certa forma, não deixar morrer o espírito natalício, que é tão característico desta época. A Aldeia Perlim Pim Pim é, também, uma forma de dinamizar a economia local, principalmente o comércio tradicional, que, devido à pandemia, sofreu bastantes entraves, no que diz respeito às suas vendas e, como esta altura do ano é sempre mais propícia a um maior consumo, esse foi um dos fatores que consideramos quando delineamos as atividades para esta época, pela dinâmica que pretendíamos instalar no nosso concelho.

 

Neste seguimento, na sua opinião, será mais um Natal diferente, num ano igualmente distinto.

Exatamente, ainda não será com aquela pompa e circunstância que desejaríamos, mas tem a ver, acima de tudo, com uma preocupação de retomarmos, na medida do possível, as atividades, sempre, como disse, com o objetivo de dinamizarmos a economia local.

 

De que forma é que a Câmara Municipal da Ribeira Grande vai apoiar e melhorar o Natal das famílias mais carenciadas?

Nós temos tido, durante o ano, a preocupação de irmos ao encontro das necessidades e preocupações das famílias mais carenciadas. No decorrer do ano, nós estabelecemos contactos, quer com as entidades de âmbito mais social, quer com os próprios regulamentos criados pelo município e eu recordo, por exemplo, que durante a altura da pandemia, nós criamos diversos programas de apoio, nomeadamente fundos de emergência sociais, e criamos, também, inúmeras parcerias com o Programa Abem, que tem a ver com a disponibilização de medicação gratuita para as famílias carenciadas. Neste contexto, nós, nesta altura do ano, em parceria com as entidades locais, especialmente as santas casas da misericórdia e casas do povo, temos trabalho para que as famílias mais carenciadas possam ter, pelo menos, uma quadra natalícia mais condicente, com mais algum poder de compra, de modo a que possam, também, passar um Natal mais condigno.

 

Como é que o senhor presidente vai comemorar este Natal?

Como tem sido hábito, junto da família, sempre de forma moderada e, principalmente, tentando respeitar as medidas que estão em vigor e não querendo criar grandes convívios à volta de muita gente, porque estamos a falar de uma altura, na qual, provavelmente, ainda poderão piorar os números de infetados na Região Autónoma dos Açores, em particular. Daí, também, fazer um alerta, para que os ribeiragrandenses possam, acima de tudo, passar o Natal de forma condigna e junto daqueles que lhes são mais queridos, mas evitando grandes aglomerações, porque os tempos ainda não estão favoráveis, para que se celebre com normalidade, mas que eu estou em crer que, se soubermos ultrapassar este Natal com as recomendações das autoridades de saúde, vamos poder, nos próximos meses, voltar a essa normalidade.

 

Relativamente ao futuro e no contexto da aprovação do Plano e Orçamento Municipal, que contou com os votos contra do Partido Socialista, de que forma é que projeta o ano de 2022?

O nosso Orçamento já foi apresentando e já foi, inclusivamente, aprovado, apenas com os votos desfavoráveis do Partido Socialista, mas é, do nosso ponto de vista, um Orçamento bastante realista. Portanto, tem uma diminuição de cerca de seis por cento, em relação ao ano anterior e isto tem muito a ver com aquilo que está a acontecer no Governo da República, pois, como sabemos, as autarquias sobrevivem, em grande parte, com transferências do Orçamento do Estado e não havendo, ainda, o Orçamento do Estado aprovado, aquando da aceitação destes documentos da autarquia, revimos o Orçamento em baixa, mas, por outro lado, não quisemos que essa diminuição fosse refletida na dinâmica, que começamos a imprimir desde 2013, relativamente às áreas social e associativa, porém, principalmente, que é uma tónica importante, no reforço das competências para as juntas de freguesia. Portanto, estas três tónicas estão presentes no Plano e Orçamento, com o reforço, inclusive, das rúbricas, o que nos parece ir ao encontro da expectativa que está criada, que é, por um lado reforçar, nas juntas de freguesia, competências com o respetivo envelope financeiro e, por outro lado, antecipando, aqui, um bocadinho daquilo que poderá ser uma retoma económica já em 2022. Portanto, o próprio município dá, aqui, um claro sinal de uma dinâmica que queremos imprimir, para que a economia do concelho possa, neste caso em concreto, em 2022, voltar a ter a dinâmica que tinha antes da pandemia.

 

Após a aprovação do Plano e Orçamento, o Partido Socialista (PS) emitiu um comunicado, no qual o acusa de não dar respostas a muitas preocupações dos ribeiragrandenses, como o Centro de Saúde da Ribeira Grande, o combate as dependências, o apoio à habitação e à fixação dos jovens. Neste âmbito, qual foi a sua visão sobre as informações divulgadas?

O comunicado do Partido Socialista (PS) causou-me alguma estranheza, quando o próprio PS não apresentou qualquer sugestão de alteração à proposta de Orçamento que, neste caso, o executivo camarário, apresentou quer aos vereadores do Partido Socialista, quer em sede da Assembleia Municipal. E causa-me, também, alguma estranheza que se faça sempre uma política do bota-abaixo, sem a apresentação de propostas em concreto, alternativas, mas fica, aqui, este desabafo. Quando à argumentação que é colocada por parte da oposição, também causa alguma estranheza, porque, como devem calcular, a atividade de um município, ou de uma autarquia, não se resume no seu Plano e Orçamento. Nós fazemos, durante o nosso dia a dia, diversas atividades que, embora não estejam refletidas no Plano e Orçamento, têm a ver com o quotidiano dos ribeiragrandenses, mais concretamente com a habitação, que é, porventura, o tema do momento, atendendo que temos muitas famílias, neste caso, no concelho, que necessitam de uma moradia própria. Aliás, nós fizemos uma estratégia local de habitação, que foi aprovada muito recentemente e que identifica cerca de 500 agregados familiares com necessidade de moradia própria. Embora isso não esteja refletido no Plano e Orçamento do município para 2022, porque o que está refletido é cerca de 1 milhão de euros nesta rúbrica, para pagar, portanto uma dívida que o Partido Socialista fez quando estava, aqui, no município, mas o que é facto é que nós temos estado em diálogo com outras entidades, nomeadamente o Governo Regional, que ainda há muito pouco tempo anunciou que vai colocar no mercado de arrendamento 52 novos focos no centro da cidade da Ribeira Grande e eu acho que esta política de proximidade e de entrega, embora não esteja refletida no Plano e Orçamento, tem a ver com o dia a dia das pessoas. Por outro lado, em relação à saúde, embora não seja uma competência do município, nós também temos manifestado a nossa preocupação, em relação às infraestruturas atuais do Centro de Saúde local, junto da tutela, isto é, junto do Governo Regional. O próprio Governo Regional já tem essa nota, atendendo a que o estado de degradação daquela infraestrutura é deveras notório. Pelo que, também, causa alguma estranheza que este Governo Regional, que tomou posse há pouco mais de um ano, tenha de resolver já, um problema que se arrasta há mais de 30 anos, mas não é por isso que vamos deixar de lutar. Nós temos manifestado essa preocupação, em sede própria, e cremos que 2022 será o ano, em que o próprio Governo Regional vai apresentar uma solução definitiva, para um possível novo Centro de Saúde do concelho. Relativamente a outras matérias, também me causa alguma estranheza que o Partido Socialista só fale daquilo que não gosta, pois poderia argumentar e eu não vi nenhuma linha sobre o reforço das competências, que a Câmara Municipal está a fazer nas Juntas de Freguesia. Aí, sim, uma verdadeira política de descentralização de competências, reforçando os poderes das juntas de freguesia, porque nós acreditamos que as juntas são verdadeiros parceiros do desenvolvimento local e, pela primeira vez, vamos transferir um valor a rondar 1,5 milhões de euros, que é um valor record, para as juntas de freguesia, o que só prova que nós estamos, aqui, numa linha de desenvolvimento, em parceria com as nossas instituições, ou em particular, com as juntas, para que as nossas localidades possam ficar mais desenvolvidas, pois é sempre esse o nosso objetivo.

 

Por conseguinte, o que é que vai acontecer na Ribeira Grande, no próximo ano? Que projetos tem em mente, tendo em vista melhorar a qualidade de vida da população?

A nível de obras mais estruturantes, realçaria a continuação da requalificação marítima da cidade, que está contemplada em cerca de 3,7 milhões de euros, no Orçamento de 2022. A inauguração do novo campo de jogos de Rabo de Peixe, também é uma obra que está numa fase final de acabamentos. Assim como um troço que é o chamado Maia-Lombinha, que é uma obra que, também, começou em 2021 e que se prevê que termine em 2022 e trata-se de uma requalificação de um caminho, na zona oriental do concelho e estava a oferecer perigo para a via pública. Portanto, eu destacaria estas três grandes obras, como aquelas que se realçam. Por outro lado, também há uma política de investimento ao nível do saneamento básico e requalificação de vias públicas, de cerca de 2 milhões de euros. Ao nível do desporto, cultura e lazer, haverá um reforço, porque, como eu referi no início da nossa entrevista, apesar de haver uma diminuição na verba geral do Orçamento, estamos a reforçar essa rúbrica em particular. Só para o desporto, prevemos investir cerca de 1,2 milhões de euros, quer com apoios diretos aos clubes federados, quer com beneficiação de infraestruturas desportivas. E uma nota importante para terminar, relativamente à cultura, atendendo que esperamos que seja um ano de retoma económica, prevemos um período bastante intensivo na oferta cultural, que o concelho pode e deve oferecer. Acreditamos que é através da cultura, que podemos trazer mais pessoas à Ribeira Grande, principalmente ao nível do turismo. Esta é uma dinâmica que nós estávamos a ver que estava a dar resultado antes da pandemia e que, agora, num período pós-pandémico, acreditamos que podemos voltar a ter essa atividade, com resultados positivos muito interessantes.

 

Quais são as iniciativas que estão a ser calendarizadas para 2022?

Nós estamos a finalizar um calendário provisório, mas posso adiantar-lhe que é nossa intenção retomar os eventos, que eram mais característicos do concelho, nomeadamente o Cantar às Estrelas, a Festa da Flor, a própria Feira Quinhentista, as Festas da Cidade e diria, também, as parcerias que tínhamos com alguns festivais de verão, que são formas, que nós acreditamos, que podem trazer mais pessoas à cidade e ao concelho e, consequentemente, gerar mais retorno económico.

 

Qual é a mensagem de Natal que gostaria de transmitir à população?

Acima de tudo, espero que o Natal dos ribeiragrandenses seja bem passado, junto daqueles que lhes são mais queridos. Acho que é muito importante dar essa nota, sem criar grandes aglomerações junto de pessoas e grandes festas à volta do Natal. A quinta vaga está aí e nós prevemos que, se as coisas não correrem bem, o início do próximo ano pode ser muito complicado, se virmos o que aconteceu o ano passado e, daí, fazer novamente uma ressalva e um apelo, para que as pessoas tenham alguma contenção nos festejos desta quadra, que se requer ainda contida, porque mais vale esperarmos mais um bocadinho para estes festejos, do que depois ficarmos, aqui, a chorar sobre o leite derramado. Daí, eu fazer esta nota, para que possamos, ainda, conter mais um bocadinho, relativamente aos festejos, e, assim, termos um ano de 2022 muito bom e acima da nossa expectativa.

 

Para terminar, quais são os seus maiores sonhos para 2022?

Eu desejo que possamos voltar a viver aquilo que estávamos a vivenciar antes da pandemia. Estávamos, aqui, numa linha claramente ascendente, falando a todos os níveis, desde a nível económico, da promoção do concelho, ou da dinâmica empresarial ou local. O nosso desejo é que a situação volte a essa normalidade. Como Câmara Municipal, tudo faremos para que isso aconteça. Como disse, o nosso Plano e Orçamento foi pensado, precisamente, para essa retoma económica. Agora, vamos esperar que a pandemia nos deixe fazer aquilo que tão bem sabemos fazer e que já demos provas disso.