PARA ONDE CAMINHA O PLANETA

Em 6 de Agosto de 2003, no Dia de Hiroshima, que comemora o lançamento da primeira bomba atómica, realizou-se uma reunião secreta na Sede do Comando Estratégico, a Base Aérea de Offutt em Nebraska, onde executivos da indústria nuclear e do complexo industrial militar dos Estados Unidos estiveram presentes.

Esse grupo de personalidades,  cientistas e receitadores de políticas, não pretendia, no entanto, comemorar o acontecimento, exorcizando-o, mas sim preparar o terreno para o desenvolvimento de uma nova geração de armas nucleares «menores», «mais seguras» e de «melhor utilização», para serem usadas de futuro nos teatros de guerra.

Nos dias de hoje, com as tensões a crescer na Europa, Ásia e Médio Oriente, uma nova geração de tecnologia de armamento nuclear está a tornar a guerra muito diferente e, com muito pouco alarido, os EUA estão a apostar na guerra nuclear própria, obedecendo à doutrina do primeiro ataque.

Estatísticas fornecidas pelo Departamento de Defesa dos EUA, ainda em 2003, apontavam para a existência de cerca de 725 bases militares americanas posicionadas naquele ano no exterior em 38 países, incluindo a presença de 100.000 soldados americanos na Europa.

Uma década depois, houve um aumento para 750 bases militares, incluindo 1 milhão  e 400 mil soldados, sugerindo que os americanos possuem ou mantêm autoridade sobre mais de 1.000 instalações militares no exterior.

Na Europa, algumas das instalações militares dos EUA actualmente em operação datam da era da Guerra Fria, porém muito mudou na última geração, dado que muitos estados europeus aderiram à NATO, dominada por Washington, uma associação militar cada vez mais agressiva e em expansão contínua, apesar do facto de a adesão conduzir inevitavelmente a uma erosão significativa da soberania e independência, especialmente para os países mais pequenos que optaram por aderir.

Desde 2004, aviões espiões operados pela NATO, sob a designação do Airborne Warning and Control System, patrulham nações como Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia, Roménia, Hungria, Turquia, recentemente a Suécia e Finlândia, todas posicionadas nas actuais fronteiras da Rússia, uma superpotência nuclear e o facto é que tais acções a que podemos acrescentar as manobras militares efectuadas com a Ucrânia, antes da  invasão russa e da orientação dos EUA no golpe de estado em 2014, resultaram num claro potencial para a eclosão de uma guerra nuclear, uma ameaça que está aumentando à medida que as tensões crescem com a crise da Ucrânia.

O projeto militar global do Pentágono é de conquista mundial e o desdobramento militar das forças EUA/NATO está a ocorrer em várias regiões do mundo simultaneamente, sob o pretexto da defesa do ocidente «ameaçado pela expansão da Rússia», ou seja, os perpetradores são apresentados como vítimas, assim considera a campanha de mídia e a narrativa de responsáveis políticos da UE, orientadas por Washington.

É esta realidade a que estamos a assistir de maneira acelerada nos últimos anos desde a crise dos subprime em 2008, a salvação com dinheiros públicos  dos bancos privados, a pandemia, as sucessivas guerras, desde a imposta ao Afeganistão, à Jugoslávia, ao Iraque até à mais mediática na Ucrânia que tem servido de nuvem de fumo às que continuam em curso na Líbia, Síria e Iémen, onde o Estado Islâmico continua bem presente, todo esta panorama acrescido das sanções económicas aos que um pouco por todo o mundo não se submetem a estas regras, que subvertem sistematicamente o direito internacional e ocasionam graves prejuizos às populações com o acelerado aumento dos preços dos bens essenciais, bem visível também nos países que seguem sem reservas os ditames vindos de Washington, de onde seguramente não surgirão ajudas credíveis.

Pelo exposto, resta aos povos romperem esta grande mentira, que sustenta a guerra como um empreendimento humanitário, pois trata-se dum projeto criminoso de destruição global, em que a busca da hegemonia geoestratégica, a rapina de recursos naturais e a procura do lucro para o grande capital, constituem projectos dominantes, pois esta agenda, além do mais, destrói os valores humanos e está a transformar as pessoas em sonâmbulos.

Há doze anos, mais propriamente em 15 de Outubro de 2010, foi gravada a seguinte mensagem de Fidel Castro contra a Guerra Nuclear: Haveria «danos colaterais», como sempre afirmam os líderes políticos e militares americanos, para justificar a morte de inocentes, mas numa guerra nuclear o «dano colateral» seria a vida de toda a humanidade, tenhamos a coragem de proclamar que todas as armas nucleares ou convencionais, tudo o que é usado para fazer a guerra, deve desaparecer!