“NÃO VOU AFIRMAR QUE HÁ UMA GESTÃO DANOSA DA INSTITUIÇÃO, MAS EXISTE UMA GESTÃO NEGLIGENTE COM TODA A CERTEZA”

Numa altura em que decorre o período de campanha para a eleição de novos órgãos na Associação Oliveirense, o AUDÊNCIA esteve à conversa com Joaquim Fonseca Santos, presidente da Assembleia Geral da Associação Oliveirense, que resumiu de forma bastante clara a situação atual da instituição.

“A situação económica e financeira é débil, não há conhecimento do valor envolvido, e tenho impressão que nem eles (a direção) sabem, é uma gestão deficiente”, afirma o presidente da mesa que deixa ainda patente várias denúncias existentes no lar Quinta dos Avós. Criticando a atual direção, ainda em funções, Joaquim Fonseca Santos acredita que se os mesmos vencerem as eleições de julho, a instituição pode estar numa situação sem retorno. “Temo muito pelo futuro da associação”, remata.

O que se passa realmente na Associação?
A Associação, em termos de instituição, está mal. E eu, enquanto presidente da Assembleia Geral, tenho vindo a tentar estabelecer uma ponte entre todos os atores sociais. Mas não o consegui fazer porque houve uma mudança substancial, nas eleições de 2017, no procedimento da direção para com os outros órgãos. Por exemplo, durante 2018, não tivemos nenhuma notícia sobre a situação económica e financeira da instituição. Todas as reuniões que tivemos, ou foram a meu pedido, ou foram uma mão cheia de nada. Quando tomamos posse, em 2014, a necessidade era abrir o lar, A Quinta dos Avós, que só conseguimos fazer em 2016, ou seja, estamos a falar de um prazo de dois anos onde encontramos de tudo, e na altura até dei uma entrevista ao AUDIÊNCIA e, se calhar, fui injusto para com os que lá estiveram antes, porque também me deixei envolver por uma situação de informação deturpada, e hoje questiono algumas coisas que se passaram aquando da nossa reentrada na instituição. Hoje reconheço que aquilo foi uma luta política e eu, infelizmente, não me apercebi disso.

Porque diz isso?
Na altura estava tudo gente ligada ao PS, atualmente está lá gente toda, ou quase toda, ligada ao PSD. E eles fizeram aqui uma confusão tremenda porque eu como concorri em Canidelo pela lista do Joaquim Andrade, como independente, e pensaram que eu era do partido, mas nunca fui do PSD, nem sou filiado em nenhum partido. Mas aceitei a proposta de ir para a Assembleia Geral. A partir daí, trabalhamos todos em conjunto, mas quando abrimos o lar, não sabíamos ao certo o que íamos encontrar pela frente. Não sabíamos quanto se ia gastar de luz, de água, não tínhamos ideia dos custos associados, havia uma perspetiva de um economista que fez um estudo da capacidade que iria ter, mas depois na realidade não se confirmou. A verdadeira questão que se pôs foi uma casa que ia custar 1 milhão e 800 mil euros, custou 2 milhões e 900 euros e, neste momento, se calhar, já passou os 3 milhões, o que também foi muito estranho. Depois, quisemos fazer uma auditoria interna e não tínhamos dinheiro para a fazer, ficamos com muito pouco dinheiro na altura e aquilo era só para suprir aquelas falhas. Fomos compondo com apoios, com os bancos a apoiarem, fizemos reconversão da dívida, ou seja, trabalhamos no sentido de reorganizar a empresa. Em 2016 foi muito complicado, nunca estivemos a 100 por cento da ocupação, nunca tivemos as crianças todas porque arrancamos tarde… O problema surgiu no final de 2016, foi um susto que levamos porque fechamos com resultado negativo de cerca de 12 mil euros. A partir daí, tivemos de reconverter o orçamento para 2017, adaptá-lo, e mesmo assim não chegamos a atingir os objetivos. Em 2017, houve eleições no final do ano e voltamos a ser lista única e houve uma inversão total no comportamento da direção.

O que alterou no comportamento da direção a partir de 2017?
Sem saber porquê, comecei-me a aperceber que tudo o que era informação importante não chegava aos outros órgãos. E comecei a observar e a tomar nota e a dar conselhos de uma pessoa já com alguma experiência mesmo na gestão, porque fui gestor bancário, porque havia coisas que eu considerava que estavam mal, como um crescimento abrupto do movimento financeiro da empresa em que sai de meio milhão de euros para cerca de dois milhões e sem nenhuma reorganização administrativa. E comecei a pressionar no sentido de estabelecer uma ponte entre o lar e a direção e a própria instituição, nomeando, para além da diretora técnica que é obrigatório, um diretor que fizesse a ponte e o controlo do que se estava a passar na instituição. E nunca foi necessário, o senhor presidente achou que não era preciso, que a diretora técnica era capaz e tinha o profissionalismo necessário para suprir essa necessidade. E eu achava que não. Uma coisa é gerir funcionários, segurança social e os papéis, outra coisa é gerir o infantário, a creche, e outra coisa é gerir a gestão própria da casa que compete à direção. Fui pressionando o senhor presidente que, numa reunião em fevereiro de 2018, propôs um organograma e eu achei que eram demasiados departamentos para a necessidade e para o que pretendíamos, mas apresentou um organograma só com departamentos, mas conteúdos e competências, nada. Faltava tudo, tinha nome, mas não tinha substância. Nessa altura, disse mesmo que isto era uma mão cheia de departamentos mas vazia por completo e que, se calhar, era importante o presidente dizer o que quer que cada um dos departamentos faça porque não estou a ver o departamento de recursos humanos a sobrepor-se à diretora técnica na contratação de seja quem for, por exemplo. Achei que tinha de haver um estabelecimento de uma regra para cada departamento senão íamos ter guerras. Acabou por se adiar a discussão daquilo para o dia 19 de fevereiro e nunca mais voltou. Nessa mesma reunião de 2 de fevereiro estabeleceu-se o evento dos 125 anos da instituição, onde se nomeou um diretor, ligado a uma empresa de segurança e que está habituado a fazer eventos, para fazer uma festa condigna, e eu achei que um só elemento para criar uma festa daquelas era insuficiente, e propus a nomeação de alguns colegas para trabalharem com ele. O presidente, Vítor Martins, disse que não era necessário, porque já tinha três pessoas da confiança dele para a organização. A partir daí, ficamos todos à espera que alguma coisa acontecesse.

E o que aconteceu?
O que aconteceu foi que se chegou a abril e ninguém sabia nada de nada. Não havia nenhuma informação sobre a festa que se ia realizar em maio. Eu pedi uma reunião urgente com o presidente da direção, e no dia 6, sou confrontado com um convite para a minha própria casa, uma casa de onde sou dirigente, quando recebo um convite por email com uma festinha que eu não percebi. A reunião foi no dia 7, e eu frontalmente expus o meu desagrado relativamente ao comportamento da instituição. Primeiro, porque achei que aquilo não era a tal festa que eles idealizavam, segundo porque achei que as pessoas trabalhavam em cima do joelho e em cima da hora, pouco antes da festa se realizar não havia local, depois lá arranjaram, mas como eu e todos os outros órgãos fomos postos de lado, mandei um email ao senhor presidente a dizer que não iria estar presente, porque não gosto de ser convidado para a minha própria casa e porque, como elemento da componente dos órgãos sociais, deveria ter sido elucidado porque sou o único representante dos sócios naquela casa. A partir daí, entramos num confronto muito grande. Comecei a ser muito mais cuidadoso na análise que fazia e cheguei à conclusão que aquilo não estava mau, está péssimo. No meio disto tudo, fui alertando para situações que estava a ver que estavam a piorar. Um pequeno exemplo é uma pessoa que me veio perguntar diretamente se a Associação não precisava de dinheiro porque há seis meses que a medicação do pai não era debitada. A instituição tem o FarmaPark, não temos nada a ver com aquilo, mas os utentes recebem as receitas, enviamos para a farmácia, a farmácia faz as caixinhas semanalmente e envia para a instituição. E depois é preciso pagar à farmácia, nós somos apenas intermediários dos utentes. Achei isto estranho, questionei o presidente por email sobre o assunto e a resposta dele foi que a pessoa em questão tinha lá colocado o pai e na altura tinha prometido dar dois mil euros à instituição e que até esse dia não tinha dado. Relativamente à medicação, disse que estava tudo em ordem só faltava uma receita. Ou seja, mais uma vez, não respondeu às questões colocadas, desconhece o que se está a passar e que iriamos ter problemas. Outra situação parecida foi um amigo que tem lá o sogro e recebeu uma conta de 197 euros para pagar. Foi discutir com o presidente e disse que pagava apenas 88 euros porque queria provas de que o sogro tinha gasto aquela medicação toda. Resultado? Pagou 113 euros e ainda recebeu de retorno medicação para três meses.

Tem tido conhecimento de mais casos assim na instituição?
Outro caso que me alertou foi a existência de uma denuncia anónima que chegou à Câmara de Gaia e à Liga das Associações, em julho do ano passado. Na altura, quando soube, liguei imediatamente ao tesoureiro e ele só me disse “vale o que vale. Não te preocupes com isso, dorme sossegado”, quando aquilo era tão grave, sobre algumas coisas que se passavam no lar. Há uma denúncia anónima sobre maus tratos a idosos que chega à Câmara de Gaia, que chega à Liga das Associações da qual nós somos sócios, e uma pessoa que está na direção me dizer que o facto daquilo ser anónimo “vale o que vale” é grave. Eu fiquei assustado, não se averigua? Nem sequer me pediu a denúncia. Quando tiveram acesso a ela, porque sei que tiveram, embora eles digam que não, não a transportaram para quem de direito, e eu quando cheguei de férias, em finais de agosto, disseram-me que o presidente da Câmara já teria chamado alguém para validar aquilo, até porque é uma das competências da área social da autarquia, e questionei por escrito quais foram as determinações. A resposta dele foi “desconheço completamente qualquer denúncia anónima”, quando toda a gente sabia e falava-se em tudo o que era sítio. Passados uns tempos, tenho uma chamada anónima, confidencial, a alertar-me para uma situação que se tinha passado no lar, e fui averiguar a situação com autorização com a encarregada do turno. Mais uma vez, comuniquei ao senhor presidente o que tinha encontrado e ele respondeu que lamentava que eu tivesse tido aquele comportamento, que era um assunto do foro interno do lar, que deveria ter chamado a Drª Sónia Loureiro e disse que ainda tinha posto em risco o posto de trabalho da empregada que me tinha acompanhado. Mais tarde, durante uma reunião em setembro, perguntei-lhe onde tinha posto em risco o posto de trabalho da funcionaria e ele disse que eu tinha interferido numa questão que não me dizia respeito. E o que aconteceu? Foram averiguar? Foram tratar do assunto? Não. Até hoje ninguém quis saber.

Diria, então, que a situação da Associação é complicada neste momento…
Sem dúvida. As coisas começaram a ficar complicadas entre todos os órgãos, depois a empresa da cozinha vai-se embora, por dívidas, o processo penso que estará numa solicitadora ou até no próprio Tribunal, temos um processo do empreiteiro no valor de 234 mil euros que está em tribunal… já este ano, em janeiro, saiu a empresa da limpeza, também por falta de pagamento e nós não sabemos de nada. Ou seja, passamos 2017 e 2018 quase sem saber nada. Por isso, começamos a pedir contas. Tivemos reuniões em julho, não tínhamos contas nenhumas, porque o nosso TOC já tinha 50 anos de casa mas adoeceu gravemente em janeiro de 2018. Em maio, como já não aguentava mais, mandou um email ao senhor presidente a dizer que não se encontrava em condições e que agradecia que promovessem um novo TOC para ele puder passar o serviço. E quando eu falo do presidente não tenho nada contra o Vítor Martins, é ele o representante perante o conselho fiscal e a assembleia, mas ele simplesmente deixou andar e chegamos a setembro e o conselho fiscal começou a ter muita dificuldade em ver livros de atas, contratos, conferir contas e chegamos a 12 de setembro de 2018 e apresenta-nos contas de maio de 2018. Estamos a falar de um espaço temporal de quatro meses e eu claro, já andava de pé atrás com eles, disse que era a mesma coisa que eu estar a ler o jornal de há 15 dias. A realidade de há quatro meses atrás não é a de hoje. Então ele disse que iria falar com o TOC e tivemos outra reunião a 19 de setembro onde ele apresentou as contas de junho. Mais um mês, para mim é igual, em vez de quatro, eram três meses de diferença. E aí já tínhamos acumulado um prejuízo de cerca de 40 mil euros, e a partir daí nunca mais tivemos reuniões a não ser em novembro. Voltei a dizer que desconhecia a situação económica e financeira, e essa reunião foi para apresentar o novo TOC e aí já tínhamos contas de agosto e chegamos às vésperas da aprovação do orçamento que é feito em dezembro, a assembleia geral era a 27, no dia 26 ele marca uma reunião nós a pensar que era para discutir os pormenores das contas, mas não. Continuava a desconhecer a situação económica e continuávamos a ter as contas de agosto. Portanto, fizemos um orçamento baseado no passado e em suposições. Mas agosto é mês de subsídio de férias, assim como dezembro é mês de subsídio de natal, portanto, estamos a falar de sete pagamentos. Se já temos 40 mil euros de prejuízo, sem entrada, que se saiba, de nada palpável, seja donativos ou receitas extraordinárias, a nossa vida estava-se a complicar. E eu, atendendo a que eles não sabiam o que estavam a fazer e era tudo em cima do joelho, achei que estava tudo tão mal feito até porque o TOC novo não tinha tudo preparado, se eles não cumpriram os prazos que estavam estipulados nas normas e nos estatutos, já tinha convocado a assembleia, e fiz mal em a ter convocado, mas para cumprir as obrigatoriedades dos estatutos abri a assembleia às 21h30 e fechei-a às 21h40. Portanto, não pus em aprovação o próprio orçamento por incumprimento das determinações das convocatórias e da exposição aos sócios das contas. Isto foi uma bomba claro, pela primeira vez na vida, o presidente da Assembleia não pôs em discussão as contas. Depois resolvemos o problema das leis e das faltas de cumprimento, e fizemos essa aprovação a 7 de fevereiro, e nessa altura o presidente continuava sem saber qual era a situação económica e financeira da Associação.

Mas por que é que ele não sabia?
Só tinha as contas de agosto. Não vou afirmar que há uma gestão danosa da instituição, porque não tenho dados para isso, mas posso-lhe afirmar que uma gestão negligente existe com toda a certeza. Porque é impossível que um homem peça a substituição em maio, em setembro quando lhe dá um AVC e não consegue sequer falar e foi a mulher e a filha que passaram o serviço ao novo TOC, que o novo TOC tenha tempo para analisar o ano de 2018. Isto é negligência pura, porque se o homem pediu é porque não se sentia bem. E a negligência partiu porque entregaram a gestão a duas pessoas que eu considero que não são capazes de fazer gestão, não vou falar da parte técnica da Drª porque essa não sei validar, mas na área da gestão, ela deve ser fraquinha e foi um elemento da Assembleia Geral, que é a esposa do senhor presidente, que andou lá estes dois anos a fazer uma gestão de compras e vendas e não sei quem mandava em quem. Como não me eram dadas justificações de forma nenhuma, eu fui questionando e agora sou apelidado de “querer o poder”, e de “que estraguei a associação”. Porque, entretanto, em março, por altura da aprovação do relatório e contas do ano de 2018, aparece um documento da aprovação de contas que em junho tinha um prejuízo de 30 e tal mil euros, e fecha com um lucro de 43 mil euros. Isto quer-me parecer, a mim, que apareceu um deus na instituição, ou uma direção que conseguiu transformar um cêntimo em muitos euros no período do ano em que há mais despesa, por vários fatores, ele consegue sair de um prejuízo para um lucro assim num passe de mágica. São estas pequenas coisas que acabou por nem sequer ser discutido nem aprovado, porque entretanto o conselho fiscal demitiu-se, em março, porque não conseguia ver nada e sem o parecer do conselho fiscal não pode haver a aprovação de contas. Que é que esta gente resolveu fazer? Contactar os suplentes. A direção da instituição, usurpou de poderes do presidente da Assembleia Geral para ultrapassar um problema que foi criado por eles, mas não cumprindo os estatutos que dizem que quando há vacatura do lugar, os substitutos só tomam posse passado 30 dias. E eu ainda estava nesse período de avaliação e eles já tinham contactado os suplentes todos, um até já tinha falecido, e iam optar pelo secretário e pelo redator para fazer o parecer. E eu disse que isso era impossível, não podia acontecer de acordo com os estatutos mas o que é certo é que no relatório e contas os dois elementos suplentes fazem uma declaração explicando que lhes foi pedido pela direção da Oliveirense mas que não reuniam condições.

Então, criou-se um impasse na Oliveirense…
Sim. Neste momento, a associação não tem contas aprovadas, não tem conselho fiscal, não tem conselho executivo, ou seja, entrou num impasse. Resumindo, existiu e continua a existir algum desconforto entre os órgãos sociais por falta de informação, por sonegação constante de informação por parte da direção. Tanto o conselho fiscal como a mesa da Assembleia Geral com a exclusão da dona Eunice Neves Martins, que fazia parte da Assembleia Geral, mas como é esposa do presidente tem informação privilegiada, tanto o presidente como o secretário da assembleia desconheciam totalmente durante 2018 tudo aquilo que se passou na instituição. Sonegação de tudo. E foi esse desconforto que levou à demissão do conselho fiscal e que entramos nesta situação numa altura em que mais precisamos de toda a gente. A Associação não está bem, nem económica nem financeiramente e está mal organizada administrativamente, não há regulamento de funcionamento, há um desconforto muitíssimo grande por parte dos funcionários, é um entrar e sair de funcionários que só prejudica a instituição, e depois há os boatos que ferem mais que uma lâmina, há coisas que são verdade e outras que não são e temos de ter o cuidado de saber discernir o que é uma coisa de outra. Eu tenho sempre o cuidado de ouvir as duas partes. E posso dizer que neste momento tenho as relações cortadas com a direção da associação, até porque estamos em altura de candidaturas e eleições e não posso estar a beneficiar nem um lado nem outro, e o meu diálogo com eles é através do advogado. Isto chegou a este extremo porque o senhor presidente da direção numa reunião que eu promovi a 6 de maio, para sabermos a situação da instituição, não deixou ninguém discutir fosse o que fosse, chamou-me mentiroso, manipulador…

Diria então, que o problema está na gestão da direção?
Exato. É uma gestão negligente porque tudo o que seja problema para eles não são problemas. Ninguém, além deles, sabe de nada, eles decidem, mandam, fazem, usurpam os poderes de toda a gente, mandam naquilo. Quando analisei isto pedi o balancete discriminativo de todas as contas até ao último grau para saber a quem devemos dinheiro, pedi-lhe o mapa de reintegrações e amortizações onde aparece espelhado os nossos edifícios e o valor que eles têm e o senhor presidente resposta até hoje zero. Como é que eu posso exercer as minhas competências que é controlar e vistoriar o conselho fiscal e a direção se nada me é concedido? E dou-lhe outra perspetiva. O presidente da associação zangou-se com o presidente da Câmara de Gaia, não temos apoio da Câmara de Gaia, não temos apoio da Junta, estamos de costas voltadas, não há diálogo nenhum. O senhor presidente não gostou do Dr. Luís Alberto da União das Mutualidades Portuguesas e fez uma assembleia em 2016 para sairmos na União das Mutualidades e entrarmos para a rede MUT, e em novembro de 2016 os sócios aprovaram e não fazemos parte de nada porque não nos inscrevemos. Portanto, das associações acima da nossa, da Liga, a direção não fala com ninguém. Não temos um único representante na Liga após as eleições do ano passado, não temos delegados para ir a uma assembleia geral, não temos relacionamento com nenhuma estrutura superior à Liga, que é a União das Mutualidades ou a MUT, não falamos com ninguém. Estamos orgulhosamente sós. Não temos nenhuma porta a que bater. Responsabilizar uma direção por uma gestão danosa é grave, não tenho acesso à informação, posso suspeitar, mas garanto que é negligente porque deixaram aquilo na mão de pessoas que não têm competências.

Mas isso não seria um problema se a associação estivesse bem.
Poderia ou não, porque aí entra o fator pessoal. Porque antes do senhor presidente tomar posse já havia um problema com a Câmara de Gaia relativamente a casos pessoais dele, e depois no transportar os problemas pessoais para dentro da instituição, trazer para a instituição a política, não procurar soluções condignas porque há dois anos que ouço dizer que a Câmara deve 100 mil euros, o Estado por força das cativações, que não sei se é verdade ou não, devemo-nos mais de 90 mil euros, a Junta deve-nos 419 e que se recebermos isto que ficávamos bem, não ficávamos porque o nosso endividamento tem vindo a crescer. Devemos à cozinha, certamente devemos à limpeza embora não tenha a certeza, devemos ao empreiteiro no mínimo 80 mil euros, devemos os funerais que é uma coisa que devia ser pago no momento e já tivemos atrasados mais de um ano, portanto devemos aos sócios e às funerárias. Como é que uma empresa que dá lucro tem um endividamento a crescer? Se devemos e pedíamos fiado, acabamos por ter lucro. E depois esconder tudo aos sócios, e fazer uma coisa que a mim me arrepia que é rebaixar as pessoas. Eu neste momento sou conhecido como o porco do presidente da assembleia geral.

Só porque tentou perceber o que se passava…
Só porque quero por as coisas direitas porque sei que estamos com muitas dificuldades e a Associação, pelos 126 anos que tem, não merece aquilo por que está a passar. É muito triste aquilo a que estamos a assistir. Se for a Oliveira do Douro e perguntar pela Oliveirense, se calhar, vai ouvir coisas que não são agradáveis. É o insulto, eu fui insultado de estar doente da cabeça, de ser mentiroso, em plena assembleia à frente de todos os sócios. E depois eu não faço as coisas nas costas de ninguém e o senhor presidente da Câmara pôs cá fora uma notícia do corte do apoio do protocolo, porque a autarquia tinha-nos concedido um subsídio de 100 mil euros, 60 mil para 2016 e 100 mil para 2017, que eram para aplicação para coisas para o lar, inclusive alimentação para os idosos, e durante uma assembleia questionado pelo Cancela Moura afirmou que a Associação não tem as contas aprovadas, não tem fiscalização e que ia cortar o apoio e também referiu a profissionalização da direção.

E por causa destas situações todas é que vai haver eleições em breve, certo?
Exato, porque estamos ilegais. Não havendo conselho fiscal cai toda a estrutura. Eles estariam na direção até 2020. Tivemos de fazer uma adaptação aos estatutos porque eram omissos nestes casos, não previam a perda de mandato, inclusive todo este processo dei conhecimento à Direção Geral da Segurança Social, pois o código das associações mutualistas obriga a que quando há divergências de órgãos sociais ou algum caso mais complicado mais delicado relativamente a situações das associações mutualistas o único meio que eles têm para validar isto é através do Ministério Público. Portanto, o senhor presidente abriu as hostilidades em dezembro ao participar de mim por não ter feito a Assembleia, e eu achei que estava na hora, e a conselho de uma advogada, dar conhecimento porque estava a ser conivente com o esconder da situação. Transmiti tudo, e já o disse em assembleia que a minha posição era que a tutela tem de saber o que se está a passar. As eleições serão o mais tardar nos princípios de julho, porque tenho de analisar as listas e ver se todos cumprem os requisitos. E há outro requisito que não está nos nossos estatutos, mas que está na lei, que é a idoneidade das pessoas. Nunca nos preocupamos muito com isso porque conhecemos toda a gente, sabemos a vida de toda a gente que colabora connosco e por vezes descuidamos de coisas que são importantes como insolvências ou processos judiciais. Das muitas coisas que nós sofremos, essa foi uma delas, quando nos perguntam se analisamos a idoneidade das pessoas para mim toda a gente é idónea mas pode mudar. E vou ter algum tempo para analisar isto. Vamos ter um problema aqui ainda mais agravado porque não estou a ver um conselho fiscal a tomar posse agora e vistoriar as contas de 2018 para as levar a aprovação a correr. E em conversa com a gestora do nosso processo na Direção Geral da Segurança Social de Lisboa, disse que possivelmente nem em setembro teremos as contas aprovadas. Porque há muita coisa que não percebemos, já deixei no ar que não acredito no que está escrito, fui diretamente à Segurança Social do Porto tentar saber como se processam as coisas, mas não tenho acesso. Sabemos que há uma senhora que doou uma casa à instituição, eu desconheço. Acho que ele distribuiu pela assembleia umas fotografias, mas não teve a dignidade de mostrar ao presidente nem ao secretário da assembleia.

“Acho que aqui há uma luta de poder, é uma luta política também”

Mas acha que há aqui também um problema pessoal consigo?
Agora sim. Passou a ser o entrave de muita coisa que está a acontecer. Porque acho que a gestão não está a ser a mais correta para uma instituição que tem 40 idosos, 66 crianças e que há omissão por parte da direção a todos os órgãos. Neste momento, tanto o conselho fiscal como o órgão Assembleia Geral desconhecem a situação da empresa, sabemos que existe um buraco… As contas não batem certo, os 100 mil euros de subsídio que a autarquia nos tinha concedido, 60 mil para 2016 e 100 mil para 2017, que eram para aplicação para coisas para o lar, inclusive alimentação para os idosos, acabam por entrar quando nunca recebemos nem vamos receber. Há muita coisa que é precisa explicar e eles não explicam. Há desfasamentos que eles nem se aperceberam que fizeram porque foi tudo feito à pressa. Resumindo, esta é uma situação económica e financeira débil, sem conhecimento do valor envolvido, e tenho impressão que nem eles sabem, é uma gestão deficiente. As reservas matemáticas que estavam destinadas ao pagamento de subsídios de funeral, que foi as contribuições que cada um deu ao longo destes anos todos, e nós pagamos o funeral do vizinho que vem a seguir, que é assim que funciona. A construção do lar e a falta do tal dito apoio que a Junta na altura em 2008 subscreveu para que o processo fosse aprovado a dizer que iria comparticipar com duas verbas, e que depois pela crise que se instalou em Portugal e pela alteração da lei complicou, foi obrigatório o uso desse dinheiro agora depois é preciso repô-lo. Como? É aí que ponho em questão a gestão, porque tivemos muitas ajudas no princípio, tivemos problemas gravíssimos para resolver e estivemos sempre em uníssono. Porque é que quando as coisas estão a funcionar e deviam funcionar bem, começam a funcionar torto? Eu acho que aqui há uma luta de poder, é uma luta política também, e eu não posso admitir que coisas que o senhor presidente da direção, que é o segundo elemento eleito pelo PSD na Assembleia de Freguesia, que vá questionar coisas da própria instituição. Não tem que o fazer. Ele não conseguiu ainda perceber o que é estar nos dois lados. Ele como elemento do PSD não pode chegar ali e questionar uma coisa que é ele que gere. Pedia ao parceiro do lado, ao número 1, que fizesse essa questão.

Quantas candidaturas existem para estas eleições?
Duas. Uma com a direção atual e outra encabeçada por um dissidente da anterior direção, que saiu e bateu com a porta, porque alegou que tinha problemas de emprego e andava a completar os estudos para poder subir na sua carreira profissional, mas não só, porque foi maltratado em termos da Liga das Associações também. Porque houve eleições em dezembro, houve uma assembleia para discutir a alteração de estatutos da Liga, e a direção não compareceu nem discutiu nenhum dos documentos. Foram eleitas as listas, por isso agora estão a contestar tudo, os estatutos, a eleição, tudo e mais alguma coisa. E neste momento, toda a gente que tomou posse em janeiro, deste ano, e a Oliveirense, sócia da instituição que é o segundo maior acionista da Liga das Associações, não tem lá ninguém nos órgãos sociais nem ninguém nos delegados que terão de estar presentes nas assembleias gerais, portanto, aquilo está a funcionar manco. De quem é a culpa? Não é do presidente da mesa da Assembleia Geral com toda a certeza. A outra lista é do senhor Alfredo Gonçalves. E também posso dizer que irei apoiar a lista do Alfredo Gonçalves com o mesmo cargo atual. Mas há aqui um problema…

Que problema é esse?
Eu pedi duas assembleias gerais em dezembro, em março e maio e não consegui que eles publicassem, tive de pagar do meu bolso o Jornal de Notícias, que não é barato, para publicar o anúncio da assembleia de 6 de maio, e também pedi ao AUDIÊNCIA. Como é que os sócios sabem, porque a finalidade é dar conhecimento aos sócios que existem eleições, fiz um edital de candidaturas e o senhor presidente da direção disse que não era para publicar nos jornais. E não publicou. Por isso, não sei se as minhas eleições vão ser legais ou não. Mas já falei com a advogada da rede MUT, que me tem ajudado imenso no que a lei e o código dizem sobre o assunto para me poder movimentar corretamente nisto. Mas essa pergunta por acaso ainda não lhe fiz, que é a falta de um edital num jornal público, se terá validade ou não. Porque não há divulgação para os sócios, zero. E já disse isso em plena assembleia, que primeiro perdi a confiança na gestão deles, e que isto não é dele nem meu, é dos sócios. Temos de dar conhecimento aos sócios do que se está a passar. Depois eu também queria promover uma assembleia no sentido de cada um deles, no início, ou antes me dessem o panorama das projeções do que pretendem fazer, mas até tenho receio porque também sou candidato e não posso misturar as coisas.

Disse há pouco que não têm relação nem com a Câmara nem com a Junta neste momento…
Não temos, nem com a Câmara, nem com a Junta nem com ninguém. Mas isso deve-se a um problema pessoal do presidente da direção.

E pensa que mudando a direção esses problemas podem ser resolvidos?
Posso dizer que o conselho fiscal anterior a este se demitiu, pediu uma entrevista ao presidente da Câmara e foi recebido, e o que foi transmitido foi que enquanto essa gente estiver lá, não há nada para ninguém. Portanto está na altura de mudar.

Acha que a atual direção tem capacidade para vencer as eleições?
Acho que não temos feito uma divulgação muito grande, mas aproveitamos essa divulgação pela boca da dona Eunice, porque ao andar a denegrir tudo e todos, ao dizer em pleno supermercado insultando todos os elementos e dizendo que sem ela aquilo fecha, dizendo nos restaurantes que tem um lar de idosos… ela é conhecida como a dona daquilo tudo. E ela própria se intitula a dona e acaba por fazer campanha por nós porque cada vez que abre a boca só diz asneiras. Ela maltrata toda a gente, sócios, fala com arrogância. Mas se eles ganharem as eleições vão ter em mim um adversário em assembleia geral que vai por tudo cá fora.

Mas se eles vencerem, também há a possibilidade de a associação fechar…
Exato. Mas isso está na mão da justiça, porque a direção geral da Segurança Social o que me diz é que comunicamos a quem de direito, e esse é o Ministério Público. Eu tenho a certeza absoluta que existe um processo qualquer porque fui chamado a juntar uma atas a esse processo, atas essas que o presidente se queixou, de dezembro, e da aprovação de fevereiro, e foi uma queixa que ele apresentou.

Mas esses processos que estão no Ministério Público, neste momento, podem prejudicar esta candidatura?
O que estamos a falar é questões burocráticas. Que o órgão da direção não está a cumprir com as suas atividades, mas prejudicar candidaturas não poderá, mas poderá prejudicar gravemente a instituição porque não sei que género de investigação o Ministério irá fazer. A minha questão é a Oliveirense, que está numa situação muito complicada em termos financeiros, uma instituição que está de costas voltadas contra tudo e contra todos, não só Junta e Câmara mas também Liga e órgãos sociais de nível superior à nossa sediadas em Lisboa com a qual não temos relação nenhuma. Estamos orgulhosamente sós, posso dizer que a União das Mutualidades pela sua intervenção no ato da construção através de uns subsídios do Estado de ajuda às IPSS trouxe para a instituição meio milhão de euros a custo zero, e hoje não temos acesso a isso. Estamos como eu digo, sós. Tenho muita preocupação pelo que se está a passar no lar, na Quinta dos Avós, pelo desconhecimento de muitas coisas e por muitas coisas que vejo que não estou de acordo. Sinto que este estado de coisas vai prejudicar gravemente a instituição, a não aprovação de contas foi um fator que ponderei seriamente no sentido de saber se ia aprovar as contas o resultado que iria ter e se não aprovasse o que poderia acontecer. Optei por não aprovar porque achei que o prejuízo iria ser muito maior do que aquele que efetivamente possa ser do outro lado. Continuo preocupado porque não sei o que se passa na instituição desde a última assembleia que se fez, continuo sem saber se existe TOC, se existem contas, sei que há coisas que se pagam aos bocadinhos, há um descontentamento generalizado das funcionárias pois já deram conhecimento que não irá haver dinheiro para os subsídios, e toda esta instabilidade cria mau estar.

E a Quinta dos Avós era um projeto solidário e muito querido da freguesia…
E é. E não percebi a mudança de paradigma da gestão da casa. Nós tínhamos uma coisa que era todos num só durante três anos, até 2017, e de repente isto muda. A gestão financeira tem muitas dificuldades, precisamos do apoio dos oliveirenses, da comunidade em geral, se calhar até fora do nosso âmbito regional, temos de pedir nem que seja porta a porta um auxílio porque estamos a atravessar graves dificuldades para resolver as nossas dívidas e os nossos compromissos. E, acima de tudo, estão as pessoas. Temos gente com 93 anos dentro da instituição, e além disto tudo precisamos de uma grande organização administrativa para que tudo funcione dentro do que é uma gestão normal de um empreendimento daquela envergadura. Não temos experiência? Façam aquilo que eu quero fazer, não sei, pergunto, vou aprender. Há muita coisa que desconheço como funciona o lar, mas tenho na freguesia de Canidelo uma pessoa que tem três lares em funcionamento que já se disponibilizou para me ajudar a perceber. Mas fata dinheiro e não vejo ninguém a trabalhar nesse sentido.

Mas acredita que ainda há solução?
Pode acontecer que a justiça possa intervir face à gravidade daquilo que se consta e correr com aquela gente e por aquilo numa situação fragilizada e aí terão de entrar os sócios. Só que os sócios têm todos muita idade, ninguém está para se aborrecer, não há uma cativação dos interesses da juventude, temos espaço para isso e está abandonado, temos um salão para reuniões e para montar coisas e não é usado. Fala-se numa farmácia social há anos, não sabemos em que situação isso está. Falaram numa atividade que era abrir uma agência funerária e temos as instalações ao lado que estavam vagas e poderia ser usado. Temos muitos projetos mas falta o dinheiro, falta organização, saber, e falta uma coisa que para mim é fundamental que é o dialogo. Não há abertura total, o discurso durante um ano inteiro foi “temos projetos mas temos de limar arestas” e nunca houve nada pormenorizado. Considero que há muita coisa recuperável e há gente séria lá no meio, não estou a acusar nem apontar o dedo a ninguém, mas que vejo que há coisas muito estranhas no domínio de uma determinada pessoa até sobre a própria direção, acho estranho que seja uma pessoa a fazer tudo. Quando tudo se centraliza numa só pessoa e se considera imprescindível.

Mas nunca ponderou apresentar uma lista sua?
Não. Nunca ponderei isso. Acho que neste momento os meus 70 anos, há a possibilidade de eu vir a ter alguma dificuldade em termos de saúde. Não estou preocupado com a minha imagem, acho que já passei essa fase, mas não deixo que me calquem. Se for a Oliveira do Douro ouve o meu nome como o “coveiro da associação”, que “quero é o poder”, e eu não quero poder nenhum, nem quero ir para a direção, agora quero é colaborar com a direção, com a instituição, quero ser uma pessoa válida. E assumo que no decurso da conclusão das obras se calhar fechei os olhos a algumas coisas que não devia ter fechado. Mas como não era a pessoa interveniente nas negociações, apresentavam-me as coisas, eu analisava, dava a minha opinião e mais nada. Eu olho para a instituição e vejo que esta a precisar de ajuda, seja de quem for. O presidente deu uma entrevista quando foi do Lar à CMTV, e eu respondi por escrito coisas que me arrependo de ter escrito e outras que não porque recebemos um lar cheio de nada, foi inaugurado sem ter nada lá dentro, nem camas tinha, mas há coisas que hoje reconheço que a informação que chegou a toda a gente não era a correta.

Teme pelo futuro da Associação?
Temo muito pelo futuro da associação, não no sentido que ela vá à falência porque não é por aí, porque existe um património, o lar vale dois milhões de euros, a sede vale 600 mil euros, a casa que nos foi doada vale mais 100 mil, temos património que cobre efetivamente o prejuízo ou o que temos para liquidar e depois está centralizado numa instituição que também é uma mutualidade, a Caixa Económica Montepio Geral, mas temo pelo encerramento e por me preocupar onde serão colocados os 40 idosos que estão ao nosso cuidado, onde serão colocadas as 66 crianças que estavam a ser apoiadas por nós e o que vai acontecer às famílias dessa gente toda.