O VENTRE DANÇOU EM OLIVAL

No passado dia 2 de fevereiro decorreu no Auditório do Olival em Vila Nova de Gaia a 10ª edição do Suna, um espetáculo de dança do ventre que reúne escolas de dança de Matosinhos, Maia, Paredes, Paços de Ferreira, Vagos e Estarreja.

O Audiência Grande Porto teve oportunidade de entrevistar a professora Joana Marques, organizadora e principal impulsionadora desta arte de dança nas escolas participantes.

Quando despertou o seu interesse para a dança?

O meu interesse pela dança despertou muito cedo. Sempre adorei movimento, como qualquer criança. Os meus pais contam que sempre fui um ser dançante e desde a minha primeira aula de dança na vida, de Ballet, aos 4 anos de idade soube que o queria fazer na vida era dançar. 

Qual a sua formação académica e que formação específica obteve nomeadamente no que respeita à dança do ventre?

A minha formação superior é numa área distinta, em Comunicação Audiovisual, porém sempre soube que o meu caminho seria percorrido a dançar. Hoje dedico-me inteiramente à dança. A minha formação é vasta e extensa, desde workshops em Portugal e no Estrangeiro, com Mestres e Professores de renome internacional. Aqui em Portugal a minha formação começou com a Flor Coelho, depois com a Vânia Cezário, da A.P.D.V. Ao longo dos mais de 10 anos dedicada a esta forma de arte, fiz várias formações pela Europa, e no Egito, onde regresso sempre, todos os anos, para fazer formação, inspirar-me, estudar, e deixar-me envolver pela energia, cultura e sabedoria deste povo. 

Porquê a dança do ventre, como nasceu a vontade de dançar?

A música, as cores, aromas e toda a cultura do Médio Oriente sempre me seduziram e em 2006 resolvi experimentar uma aula de Dança Egípcia. Senti-me imediatamente maravilhada por este estilo de dança. Movimentos que despertam o autoconhecimento, a consciência corporal, a feminilidade e tanto mais. Além disto, o que chamou a minha atenção, logo desde a primeira aula, foi o facto de ser uma dança para todas as mulheres, e homens, com qualquer tipo de corpo, idade, tom de pele… Como eu costumo dizer: “Se tens um corpo, podes dançar.” A vontade de dançar sempre existiu. É um impulso que sinto e não consigo silenciar. 

Quais as vantagens da modalidade?

Para além dos benefícios no que toca ao corpo físico, enquanto atividade que promove o movimento do todo o corpo: Flexibilidade, definição e força muscular, postura, equilíbrio, mais consciência corporal, etc. Há os benefícios mais subtis, ou não, como o autoconhecimento, autoaceitação, desenvolvimento do amor próprio e autoestima, facilita a conexão consigo mesma e a autodescoberta, a capacidade de improvisação, de leitura musical e interpretação, estimula a criatividade, a união entre mulheres, a aprendizagem e o mergulho numa cultura diferente e muito mais. Em suma, promove a saúde como um todo, a nível físico, mental e emocional.

Quanto tempo é necessário treinar por semana e qual o preço da frequência das aulas de dança?

Se possível dance todos os dias e traga a dança para cada detalhe do seu dia. Normalmente, as alunas fazem uma a duas aulas por semana. Eu recomendo além disto, fazer workshops sempre que possível e dançar em casa, praticar o que se aprendeu na aula e dançar livremente, ouvir muita música árabe… O preço da modalidade varia de escola para escola e consoante a região do país.

Há quanto tempo organizam o Suna?

O Suna é um espetáculo, um evento, um encontro que surgiu de um sonho meu, em 2015. Já vai na sua 10ª edição. Normalmente organizo dois espetáculos deste género por ano.

O que nos pode contar sobre a fundação da vossa escola, organização e alunos?

Eu não tenho uma escola, dou aulas em várias escolas do Norte e Centro do país. Mais uma razão para organizar este espetáculo: unir todas as alunas, promover a conexão entre todas, proporcionar novas amizades e a partilha de uma mesma paixão: a dança.

Como foi possível juntar tantas escolas?

Nas minhas aulas, eu incentivo muito a união entre mulheres, portanto as alunas estão sempre envoltas numa energia contrária à da competição, rivalidade, intriga. Elas respiram paixão pela dança, amizade, união, e compaixão. São todas diferentes, mas acolhem as suas diferenças em prol do amor pela dança e para darem o seu melhor no espetáculo, nas aulas e noutros eventos.

Pode enumerar o nome e a localidade das escolas?

Neste momento dou aulas nas seguintes escolas: Academia Pedro Sousa – Matosinhos e Gulpilhares, Dance4U – Matosinhos, Paços de Dança / Conservatório do Vale do Sousa – Paços de Ferreira, Spaccio Essência – Paredes, Ritmo das Formas – Vagos, S.E.D. – Estarreja, It’s Dance – Maia, Escola de Dança Bauhaus – Paredes.

Existem projectos para o futuro?

Sim, muitos e sempre a surgir ao sabor da minha criatividade. Certamente continuar a organizar o Suna. Estou também a lançar O projeto ALMAEMDANÇA contempla vivências que combinam as minhas várias áreas de interesse, inteiramente voltadas para a mulher e para o universo feminino. Surge da fusão entre o conhecimento e a experiência de mais de dez anos de dança, do estudo constante e do contacto com as tradições e a cultura do Médio Oriente, do convívio diário com mulheres, nas aulas, da formação em Facilitadora de Círculos de Mulheres e da Especialização em Dança Movimento Terapia (DMT).

Que conselho daria a pessoas que gostam de dançar, o que fazer? por onde começar?

Para quem gosta de dançar ou tem vontade de começar, vão experimentar uma aula. Minha ou de outra professora, ou de outra dança. O que importa é ir, dançar e descobrir o que a dança pode fazer por si.

A responsável pela escola Spacio Essência, a Inês Branco, conta-nos sobre o sucesso da dança do ventre e em particular do Suna.

Como psicóloga sempre me interessou a dança como forma terapêutica para melhorar questões cognitivas e emocionais. A dança do ventre em particular quando em grupo  permite trabalhar aspectos como a autoconfiança, perda de timidez, aceitação do corpo e da feminilidade.

O Suna é um sucesso pela capacidade que a professora Joana tem tido de manter os grupos unidos num sentimento de felicidade colectiva para quem dança, o que resulta na criação de beleza artística e sensualidade para quem assiste.