OS VAMPIROS DO SÉCULO XXI

Genericamente, temos na memória a canção cuja letra é uma poderosa chamada de atenção para nos recordarmos que seremos sempre capazes de vencer os vampiros de hoje, os governantes que nos exploraram ou sugaram com austeridade ilegítima e forçada e que ficam escandalosamente impunes às ilegalidades cometidas.

No nosso País, o termo vampiro é usado com conotação política desde pelo menos o ano de 1823, quando o Abade de Medrões dele se socorreu para atacar os inimigos da Constituição, rotulando-os de «esses vampiros desatinados, que pertendem restabelecer о antigo absolutismo e tolher os nossos legítimos direitos».

Durante todo o século XIX o termo foi amplamente usado neste contexto em textos políticos da época, descrevendo desde a influência castelhana em Portugal até à situação da Índia Portuguesa como sorvedouro da fazenda pública.

No tempo do fascismo, uma plêiade de cantores e compositores, tais como Adriano Correia de Oliveira, José Afonso, José Mário Branco e outros, utilizaram as canções de protesto como forma de luta contra o regime e em 1963 José Afonso, no tema «Os Vampiros», usou a mesma designação de vampiro ao clamar contra a opressão do capitalismo, sendo a canção consequentemente banida pela censura.

Nos dias de hoje, podemos bem afirmar que os «vampiros» banidos do nosso País com o 25 de Abril e portanto em sono letárgico, acordaram aproveitando-se da democracia existente, a qual lamentavelmente se esqueceu de colocar em prática os mecanismos de defesa de que dispunha ou deveria dispor.

O Estado de direito está em declínio em toda a União Europeia, sendo o risco de deterioração mais elevado nos países onde os partidos de extrema-direita estão no poder ou a influenciar o poder, assim nos informa um relatório recente da rede social Liberties.

As últimas eleições no nosso País, realizadas no passado dia 10 do corrente mês, reflectem incontestáveis avanços ideológicos das classes dominantes, mas essencialmente da sua capacidade de manipular e ludibriar alguns estratos sociais, ou seja, o capital cumpriu a sua missão, aproveitando as políticas de direita postas em prática pelo socialismo dito democrático, assim prejudicando os direitos dos trabalhadores e as condições de vida do povo.

Atualmente, vivemos num mundo novamente dividido em campos e as acções das elites dominantes ocidentais, nomeadamente ao lançarem lenha para a fogueira ucraniana, colocaram a existência global em perigo por via de uma guerra nuclear.