“SINTO-ME UM ASSOCIATIVISTA REALIZADO”

Há 45 anos no movimento associativo, Manuel Francisco Almeida lidera a Associação de Amigos Aposentados de Leça da Palmeira. Situada na Rua do Corpo Santo, esta instituição conta com 252 associados que frequentam, diariamente, a sede desta coletividade e participam nas inúmeras atividades que são promovidas, com o intuito de promover a melhoria da qualidade de vida de todos os sócios. Em entrevista exclusiva ao AUDIÊNCIA, o presidente da Direção falou sobre o seu percurso profissional e a história da sua envolvência nas associações locais. Atualmente, com 70 anos, Manuel Francisco Almeida continua a dedicar o seu quotidiano ao associativismo, porque gosta muito de ajudar o próximo e de contribuir para a promoção do bem-estar da comunidade.

 

 

Quem é o cidadão Manuel Francisco Almeida?

Sou um cidadão comum, que nasceu há 70 anos em Custóias, em Matosinhos. Tive duas profissões e depois fui durante cerca de 45 anos profissional de seguros da Zurich, de onde me reformei como coordenador de zona. A vida profissional levou-me a viver em Vila Nova de Gaia, porque quando inaugurei a delegação gaiense da Zurich, uma das imposições era residir no concelho. Eu vivo muito das minhas próprias ambições, sempre com objetivos realistas, um pouco materialista, também saudosista, pois visito assiduamente aqueles que respeito e que me foram muito queridos nos cemitérios. Também, sou um pouco impulsivo, mas muito respeitador de tradições. Posso dizer-lhe que ninguém conhece a minha convicção política, apesar de votar em todas as eleições. Sou católico não praticante, mas não abdico das raízes da Páscoa, da família no Natal, de visitar o Santuário de Fátima, assim como Santiago de Compostela. Também, sou calculista e previdente por natureza, assim como respeitador dos contratos que assino. Comovo-me com facilidade e gosto muito de ajudar o próximo. Há 45 anos no mundo associativo ininterruptamente, atualmente, sinto-me um associativista realizado.

 

Como mencionou anteriormente, está há 45 anos no movimento associativo. O que o levou às coletividades?

Quando casei fui morar para a rua do Campo de Futebol de Leça do Balio e tinha uma grande amizade com o então presidente da Junta, o senhor Salomão Monteiro e foi ele que me foi empurrando, até que eu acabei, com 25 anos, por assumir a presidência do clube, cargo que desempenhei durante inúmeros anos, onde vivi momentos muito bons, nomeadamente duas subidas de divisão. Na altura, na Câmara o presidente era o senhor Narciso Miranda e eu tive a oportunidade de assinar com ele a compra do terreno e a edificação do atual campo do Desportivo de Leça do Balio, mas, entretanto, depois, saí e outros deram continuidade. Por outro lado, quando fui viver para Vila Nova de Gaia, o meu filho foi estudar para o Colégio Internato dos Carvalhos e liderei a associação de pais, não só para acompanhar a vida do meu filho, mas também para perceber como funcionava a instituição. Também, fui presidente da Assembleia Geral e fundador do Clube Futevolei Horizonte e Mar, assim como do Centro Hípico da Costa Verde, em Espinho. Exerci igualmente o cargo de presidente da Assembleia Geral do Grupo de Bombos da Cruz de Pau e liderei a Associação das Coletividades do Concelho de Matosinhos. Neste seguimento, também fui presidente do Conselho Fiscal do Custóias Futebol Clube, onde tive a felicidade de ser campeão na subida de divisão, tal como membro do Conselho Consultivo da Câmara Municipal de Matosinhos na área do desporto e cultura e diretor do Sindicato Nacional dos Profissionais de Seguros, para além de conselheiro da Confederação Portuguesa das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto. Atualmente, lidero a Associação de Amigos Aposentados de Leça da Palmeira e sou presidente da Assembleia Geral do Clube Araújo Patinagem, assim como da Rádio Matosinhos Online e do Rancho Folclórico Os Padeirinhos de Freixieiro, além de ser presidente do Conselho Fiscal da Associação Desportiva e Recreativa Águias de São Mamede Infesta, da Associação de Fados e Poesia de Matosinhos, do Círculo Católico de Operários do Porto, que é o mais antigo do país e fez este ano 126 anos, e da Academia das Coletividades do Distrito do Porto.

 

Atualmente é presidente da Direção da Associação de Amigos Aposentados de Leça da Palmeira. Qual é a história desta instituição?

Esta é uma coletividade diferente, que foi fundada, em 2000, por um senhor de Leça da Palmeira, Joaquim Rios. Eu apareci aqui a convite do falecido doutor Guilherme Pinto. Na altura, eu era presidente da Associação das Coletividades do Concelho de Matosinhos e o então presidente da Câmara ligou-me a dizer que eu tinha de vir urgentemente a esta instituição falar com o então presidente, que estava muito doente. Então, eu vim para cá para apoiar em termos administrativos e foi o que eu fiz durante alguns anos. Depois, integrei algumas Direções como secretário, até que acabei por ficar como presidente da Direção.

 

Qual é a missão e os principais objetivos desta associação?

O único objetivo é ocupar os tempos livres da terceira idade, organizando passeios e festas durante todo o ano. Nós também realizamos bailes dançantes de 15 em 15 dias para os seniores aos sábados e posso dizer-lhe que temos sempre a sede cheia. Também, temos aulas de ginástica, grupo coral e passeios assíduos. Portanto, a nossa preocupação é, realmente, criar um certo bem-estar junto dos nossos sócios, assim como manter esta instituição sempre aberta para os associados.

 

Quantos sócios tem a instituição, neste momento?

Atualmente, temos 252 sócios ativos.

 

No âmbito da sua atividade, esta associação também promove inúmeros almoços e jantares temáticos. Que balanço faz destas iniciativas?

Nós promovemos vários almoços na nossa sede, desde o aniversário da instituição, que este ano foi comemorado de uma forma diferente, uma vez que recorremos a um restaurante fora da zona e oferecemos o tradicional cozido à portuguesa a todos os sócios com as quotas em dia. O nosso jantar de Natal, também é muito especial e é só para os sócios, onde é servido o habitual bacalhau com todos na primeira semana de dezembro. A nossa Festa de Natal também é muito concorrida, onde fazemos a troca de presentes entre os sócios e contamos sempre com a participação de belíssimos artistas, assim como de elementos da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia.

 

Paralelamente, também fundou o Clube Araújo Patinagem Artística e a Rádio Matosinhos Online. Qual é a relevância destas instituições?

Eu faço parte de um grupo de pessoas que constituíram a fundação. O Clube de Patinagem Artística eu posso considerar esta instituição como a menina dos meus olhos. Quando se iniciou a abertura desta coletividade, eu estava muito longe de imaginar que a minha neta ia ser uma patinadora. Eu ocupo o cargo de presidente da Assembleia Geral desde o seu início e já pus o lugar à disposição, mas parece que as pessoas exigem que continue. A patinagem artística é, efetivamente, uma atividade pesada, em termos financeiros, porque há muitas deslocações. Nós também disputamos todos os anos a Taça de Portugal, o que já é uma honra para uma coletividade pequena como a nossa, mas o intuito é ocupar também os tempos livres da juventude. Por outro lado, a Rádio Matosinhos Online foi uma ideia que surgiu. Eu fui convidado pelo atual presidente da Direção, o senhor Adelino Costa, e se calhar sou um dos diretores que apoia com alguma frequência a rádio, que vai crescendo e tem muitos ouvintes.

 

Também, liderou a Associação das Coletividades de Matosinhos, que é uma importante instituição do concelho. Como descreve a experiência?

Eu estive a presidir a Direção da Associação das Coletividades de Matosinhos durante três mandatos e, efetivamente, demos um grande salto, porque, na altura, o doutor Guilherme Pinto, que era presidente da Câmara, cedeu-nos as instalações e aí pudemos crescer muito. A Associação das Coletividades foi efetivamente uma escola e, hoje, é uma referência em Matosinhos e as instituições recorrem muito ao seu serviço. Posso dizer-lhe que eu fico muito feliz, porque fui uma das pessoas que deu um impulso forte a esta associação, porque quando entrei, nós reuníamo-nos uma vez por mês e não tínhamos nenhumas instalações, pois éramos muito limitados. A partir do momento em que mudamos para umas instalações e eu assumi a presidência, efetivamente tudo mudou e hoje a Associação de Matosinhos é uma referência no concelho. Enquanto presidente, também fui convidado pela Confederação das Coletividades de Cultura, Recreio e Desporto, a fazer uma visita a Bruxelas. Foi uma viagem extraordinária, onde fomos conhecer o Parlamento Europeu e no regresso visitamos o Campo de Concentração de Brendonk, estivemos em Paris e visitamos o centro histórico de Burgos. Foi uma viagem que premiou o movimento associativo e, realmente, ficamos a conhecer o que se passava no Parlamento Europeu.

 

Qual é o seu maior sonho?

Com 70 anos, os sonhos já se esvaziaram. Agora, por exemplo, eu tenho uma ocupação aos fins de semana, pois tenho uma quintinha no Marco de Canaveses, que me distrai, porque durante a semana continuo, em prejuízo da minha família e da minha esposa, a dirigir coletividades, porque quando entro num mandato quero chegar até ao fim.

 

Qual é a mensagem que gostaria de transmitir?

As coletividades precisam de juventude e é muito difícil cativar os jovens para as associações, mas, para isso, temos de lhes dar objetivos, porque ser diretor de uma instituição é algo diferente de ser sócio, pois aprende-se a ter responsabilidade. O movimento associativo está instalado é preciso é continuar, renovar, chamar a juventude, assim como criar estímulos aos objetivos de cada associação, o que é extremamente relevante.