“ENTUSIASMA-ME FAZER O QUE MAIS GOSTO, PARA UM GRANDE PÚBLICO”
Rui Cansado tem 19 anos e foi o primeiro sénior masculino luso a apurar-se para uma final do Campeonato da Europa, em Ginástica Aeróbica. Natural do Pico da Pedra, na Ribeira Grande, o ginasta estuda em Leiria, mas é nas suas raízes que encontra a paz necessária para o seu quotidiano. Conquistando medalhas e reconhecimento, o atleta enalteceu que a ginástica aeróbica é a sua paixão, enquanto a dança inspira e complementa a sua vida.
Para quem não o conhece, quem é o Rui Cansado?
Sou uma pessoa simples, com objetivos cada vez mais definidos e que luta sempre para alcançá-los.
Como e quando surgiu a sua paixão pela ginástica?
Quando eu tinha 6 ou 7 anos, um professor pediu-me para fazer alguns elementos básicos de ginástica e eu consegui fazer tudo à primeira, de forma natural. Depois, continuei sempre a querer aprender mais e entrei em apresentações na escola. Em 2010, fui ver uma Taça do Mundo e senti que o meu caminho era por ali e, em 2014, entrei para a ginástica. Entusiasma-me muito a ideia de estar em palco, a fazer o que mais gosto, para um grande público.
Apesar de jovem, o Rui Cansado levou Portugal a fazer história no Campeonato da Europa em Ginástica Aeróbica. O que representou para si?
Foi o culminar de muito trabalho, pois tivemos o Campeonato do Mundo e significou passarmos mais de dois meses com treinos bidiários. Por isso, acho que foi muito gratificante, como é sempre, ver que todo o trabalho foi recompensado. Para além disso, estar presente nas finais e levar Portugal ainda mais longe na ginástica aeróbica, foi muito bom e foram objetivos mais do que superados.
Fale-me um pouco sobre o seu percurso e os seus feitos desportivos.
Eu iniciei a prática da modalidade em 2014 e trabalhei muito. Em 2016, no escalão juvenil, iniciei as primeiras competições internacionais e consegui o ouro em todas elas. Em 2017, alcancei pódios em competições internacionais e fui ao meu primeiro europeu, já no escalão de júnior, no qual acabei na 7ª posição. Em 2018 foi o meu primeiro mundial, no qual me classifiquei em 4º para as finais, mas depois acabei em 5º. Em 2019 foi o ano em que consegui mais medalhas internacionais, tanto na vertente individual, como em par misto, começando pelo Open Internacional de Cantanhede, em que fui 1º no par e 2º em individual, depois seguiu-se o Suzuki World Cup, no Japão, em que fui 2º no par e 3º no individual. E a grande competição foi o Campeonato da Europa, no Azerbaijão, onde consegui um dos meus melhores resultados, o 3º em individual e o 4º no par. No final da época de 2019, nos Jogos Mediterrâneos, subi ao pódio três vezes, dois ouros e uma prata. Em 2021, e já em sénior, tive o Campeonato do Mundo, no Azerbaijão, no qual consegui o 6º lugar em grupo. E em setembro desse mesmo ano consegui o 5º lugar no europeu, em Itália, um resultado histórico para a ginástica aeróbica em Portugal, que me deu acesso ao estatuto de Alto Rendimento Nível A, atribuído pelo IPDJ.
Quais diria que têm sido as vantagens e as desvantagens de viver nos Açores?
Em 2020, ingressei no ensino superior em Leiria, ou seja, treino e estudo lá fora. Eu cresci cá e acho que isso trouxe-me muitas vantagens no que toca à ginástica, pois, por ser um meio mais pequeno, temos mais apoios e acabamos por ter uma paz para trabalhar, que eu admito que só dei valor, vivendo lá fora. Relativamente ao futuro, eu realmente sinto que lá fora tenho um leque mais vasto, para aquilo que pretendo, mas sei que, para restabelecer energias e sentir-me em casa, tenho sempre de voltar às minhas raízes e, por isso, sempre que posso venho cá.
Quais são as suas perspetivas para o futuro desta modalidade em Portugal?
A ginástica aeróbica tem vindo a aumentar muito de nível nestes últimos anos. Somos um país que já se faz sentir a nível internacional e eu espero que assim continue. Infelizmente, a ginástica aeróbica não é uma modalidade olímpica e devido a isso também não é uma modalidade tão conhecida, mas creio que o caminho é termos mais atletas a praticarem a modalidade tanto a nível nacional, como internacional.
Qual é o seu maior sonho?
Neste momento, acho que é poder trabalhar, através das minhas capacidades físicas e sempre ligado aos palcos, que é onde eu, realmente, me sinto bem. Eu, em paralelo com os meus estudos, em Leiria, frequento algumas aulas no Conservatório Internacional de Ballet e Dança Annarella Sanchez e é realmente um sonho estar rodeado de bailarinos e professores que me inspiram.
Como vê a distinção com este Troféu do Jornal AUDIÊNCIA?
Para mim é um sentimento de gratidão muito grande, pois é o reconhecimento do meu trabalho e é também um sinal de que estou no caminho certo.
Que mensagem gostaria de deixar à população e aos nossos leitores?
Gostaria de dizer que continuarei sempre a lutar por aquilo que quero e ambiciono. Espero inspirar as pessoas com todo o meu percurso, mostrando sempre que com disciplina, trabalho e perseverança podemos fazer com que os sonhos se tornem realidade.