36º ANIVERSÁRIO DA CIDADE DA RIBEIRA GRANDE

Durante a sessão solene comemorativa do 36º aniversário de elevação da Ribeira Grande a cidade, que decorreu no passado dia 29 de junho no Teatro Ribeiragrandense, Alexandre Gaudêncio, presidente da autarquia destacou a “nova dinâmica” que a cidade vive, fruto das apostas feitas ao longo dos últimos anos.

Nesse sentido, e aproveitando a presença no evento de vários emigrantes de sucesso radicados nos Estados Unidos da América e no Canadá, Alexandre Gaudêncio lançou o desafio que estes empresários apostem na sua região natal.

“Numa altura em que se vive uma nova dinâmica na nossa terra, onde se destaca o setor turístico que está em franca expansão, é importante não deixar passar esta oportunidade. Agora, mais que nunca, temos uma grande oportunidade para agarrar, atendendo ao acordo entre a Europa e Canadá para a transação de produtos”, afirmou o autarca acrescentando que “a existência de cada vez mais ligações aéreas entre a América do Norte e os Açores podem ser propícias a um incremento das transações”.

Na cerimónia, Alexandre Gaudêncio homenageou ainda com a Medalha Municipal de Mérito alguns dos emigrantes presentes que se destacaram na diáspora açoriana ao longo das suas vidas.

Um dos homenageados foi Duarte Miranda, natural das Calhetas que emigrou para o Canadá em maio de 1963, aos 14 anos. Estabeleceu-se na cidade de Montreal e sempre se interessou pelas causas e atividades ao serviço dos outros, colaborando na ajuda da juventude mais carenciada, apoiando mesmo jovens estudantes universitários e jovens artistas líricos em início de carreira. Em 2013, Duarte Miranda tinha já sido agraciado com o grau de Comendador da Ordem de Mérito de Portugal.

Outro dos homenageados foi Ildeberto Silva, nascido em 1953 na cidade da Ribeira Grande. Apaixonado pela natureza, a grande paixão de Ildeberto Silva sempre foram os animais, especialmente cavalos e vacas. Após casar, cumpriu o serviço militar obrigatório e emigrou para o Canadá, para a cidade de Montreal, onde já vivia parte da família materna e a irmã, deixando para trás a sua esposa e filha de apenas seis meses. Em 1982 abriu a sua própria empresa, “Silva Couvreurs”, que tem crescido ao longo dos anos na comunidade portuguesa e que emprega não só os seus quatro filhos como vários portugueses e pessoas de outras nacionalidades. Em 2016, a Casa dos Açores do Québec tinha já distinguido Ildeberto Silva pelo seu trabalho voluntário e dedicação à comunidade portuguesa de Montreal.

Também Manuel Puga, natural da Matriz, foi um dos distinguidos. Emigrado desde 1969 no Canadá, recebeu em 1978 o convite para assumir o cargo de comprador geral para hotéis Ramada, na província do Québec. Mais tarde, em 1996, adquiriu o Hotel Lord Berri, em Montreal, e posteriormente o Waldlyn e o hotal Days Inn Blainville. É também presidente da Cruz Vermelha, membro do Clube Lions e embaixador do torneio de golfe organizado pela Associação de Emigrantes Açorianos, tendo recebido, em 2009, o Prémio Investimento do Ano pelo Hotel Days Inn, atribuído na Gala Anual da Sociedade Económica e Desenvolvimento da Região.

 

 

A entrega das medalhas de Mérito estendeu-se ainda a Manuel Clementino, natural da freguesia da Lomba da Maia que, aos 19 anos, rumou com os pais e irmãos para o Canadá onde trabalhou numa variedade de indústrias e estudou à noite para aprender a língua inglesa. Presidente e CEO da Hallmark Housekeeping Services, Inc, Manuel Clementino é atualmente proprietário de diversas companhias que empregam mais de quatro mil pessoas e, através da sua empresa, estabeleceu um programa anual de bolsas de 25 mil dólares que é distribuída a dez dos seus funcionários ou respetivos filhos, que precisam de assistência financeira para alcançar o ensino superior. Em 2003 recebeu a Medalha do Jubileu da rainha e o seu nome foi também introduzido no “Walk of Fame” canadense.

Outra das personalidades distinguidas foi Márcia Sousa, natural de Rabo de Peixe, licenciada em Gestão de Empresas pela Universidade dos Açores, que se destaca pelos estudos económicos e estratégicos realizados e pela preparação de candidaturas a sistemas de incentivos de empresas regionais e Câmaras Municipais. Em 2014 Márcia Sousa foi nomeada vice-cônsul no Consulado de Portugal de Rhode Island, estando sempre ligada ao movimento associativo, seja na Assembleia de Freguesia de Rabo de Peixe, como chefe de escuteiros, membro do grupo de folclore e de clubes e associações portuguesas no estado de Rhode Island.

Além destas personalidades, a autarquia ribeiragrandense distinguiu também a Casa do Povo da Ribeira Grande, que completa, este ano, meio século de vida, bem como os Amigos da Ribeira Grande da Nova Inglaterra que promovem um convívio anual de ribeiragrandenses.

No final, Filomeno Gouveia, presidente da Assembleia Municipal da Ribeira Grande, fez questão de se congratular com estas homenagens, não só à Casa do Povo “por saber servir o povo ribeiragrandense” mas também “aos que de forma corajosa foram à procura de uma vida melhor e que dedicaram muito tempo da sua vida a ajudar os que chegam de novo com atividades e promovendo os valores da sua terra”.

Aproveitando o momento, Filomeno Gouveia deixou ainda um alerta a todos os políticos, principalmente em tempos de eleições próximas. “É necessário dotar de mais poder legislativo as Assembleias, bem como de meios humanos e financeiros com vista a conferir mais competências para conseguir uma maior fiscalidade e eficácia de forma antecipada. As Assembleias não podem ser o parente pobre do poder autárquico, servindo apenas para aprovar propostas. Torna-se necessário gerir a diferença que nos afasta de quem nos elegeu e em nós depositou a sua confiança. Por isso, espero que se mude alguma coisa a bem da democracia. Precisamos de mentes abertas”, referiu.

A cerimónia contou ainda com a presença de Marta Guerreiro, secretária regional da Energia, Ambiente e Turismo, e de Osvaldo Cabral, jornalista e orador convidado para esta sessão que falou sobre a cidade, as suas características e pessoas, marcadas, inevitavelmente pela emigração, assim como sobre a luta que se travou para elevar a Ribeira Grande a cidade. Aproveitando a oportunidade, Osvaldo Cabral deixou também o desafio à autarquia para criar mais condições de investimento e menos desafios para que as pessoas se possam instalar na região.

Foi, igualmente atribuída uma Menção Honrosa do Prémio Literário Gaspar Frutuoso a Nuno Rafael Costa.
A sessão foi ainda animada pelas atuações do grupo Musik’Alma e pela visualização de uma pequena apresentação do documentário “Ribeira Grande – Terra de Moinhos”, de Sérgio Ávila com realização de José Serra.

 

 

Discurso de Alexandre Gaudêncio, presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande

“Em primeiro lugar, permitam-me agradecer a vossa presença nesta sessão solene de elevação a cidade, que muito nos honra e eleva a relevância desta comemoração do 36o aniversário de elevação de vila a cidade.

Agradeço também, em nome da autarquia, a Osvaldo Cabral, ilustre orador convidado desta sessão. Foi, para nós, uma honra contar com a sua presença. Para além de ser um ilustre munícipe do nosso concelho, a sua atividade profissional como jornalista, e a sua experiência na temática da emigração foram motivos mais que suficientes para ter sido o orador de excelência da sessão solene deste ano.

A sua intervenção merece a nossa reflexão e coloca-nos uma série de desafios para que os possamos colocar em prática, procurando desta forma dar uma nova dinâmica nas relações com a nossa comunidade emigrante.
E essa dinâmica passa pelos homenageados desta sessão, a quem, aproveito, para saudar e agradecer a presença neste dia.

Ildeberto Silva, Manuel Puga, Duarte Miranda, Manuel Clementino e Márcia Sousa, para além de serem naturais do nosso concelho, têm como mérito o sucesso profissional, mas também a relevância que têm na comunidade portuguesa onde residem.

Com esta homenagem pretendemos, não só reconhecer o vosso mérito, mas também passar às novas gerações verdadeiros exemplos de sucesso e de integração na comunidade. Se já eram conhecidos pela dedicação, solidariedade e entrega cívica, a partir de hoje gostaria que também ficassem conhecidos como embaixadores da nossa terra, levando desta forma o nome da Ribeira Grande nas vossas ações diárias.

Aos Amigos da Ribeira Grande da Nova Inglaterra, que se fazem representar por Salvador Couto e Alfredo da Ponte, a nossa homenagem é mais que merecida, não só por manterem o convívio dos Ribeiragrandenses há 25 anos consecutivos, mas por desenvolverem inúmeras atividades que visam, sempre, ajudar a Ribeira Grande e as suas diversas instituições. Bem hajam!

À Casa do Povo da Ribeira Grande, que este ano comemora 50 anos de atividade, não poderíamos deixar passar este momento sem reconhecer todo o empenho, dedicação e toda a atividade desenvolvida, sempre com preocupação social.

Numa altura em que se vive uma nova dinâmica na nossa terra, onde se destaca o setor turístico que está em franca expansão, é importante não deixar passar esta oportunidade e olharmos para o mercado da saudade nessa vertente.
É por isso que temos desenvolvido uma série de atividades que passam por retomar ligações às nossas cidades irmãs, divulgar o nosso cartaz cultural para que nos possam visitar mais vezes e, mais recentemente, pela apresentação do projeto “Saudades da Terra” que consiste na construção de uma praça dedicada ao emigrante.

No entanto, queremos ir mais além, com captação de investimento dos nossos emigrantes e fazer chegar às novas gerações luso-descendentes o sentimento da saudade para que possam visitar mais vezes a terra dos seus antepassados.

Para isso contamos com a colaboração dos homenageados desta sessão, mas também das forças vivas da sociedade, destacando o papel que a Associação de Emigrantes Açorianos pode ter neste aspeto.

Agora, mais que nunca, temos uma grande oportunidade para agarrar, atendendo ao acordo entre a Europa e Canadá para a transação de produtos, mas por haver cada vez mais ligações aéreas entre a América do Norte e os Açores.
Essa será, sem dúvida, uma preocupação da nossa ação como responsáveis autárquicos, atendendo àquilo que almejamos diariamente que é o desenvolvimento da nossa terra.

Este é também um momento para se fazer um breve balanço do mandato autárquico 2013-2017, destacando-se três áreas fundamentais: rigor e transparência das contas públicas, dinamização da economia local e apoio social.
Em 2013 a autarquia tinha um passivo consolidado de quase 30 milhões de euros e ao longo destes quatro anos reduzimos 70% desse montante.

O rigor das contas está também patente na percentagem de execução dos orçamentos anuais, ficando acima dos 90% nos últimos dois exercícios contabilísticos.

Criamos ainda o portal da transparência, colocando on-line e à disposição de todos os pagamentos efetuados e documentos contabilísticos.

Na dinamização da economia local desenvolvemos um plano estratégico de turismo que nos permite ter um rumo bem definido dos investimentos públicos a realizar sempre com a preocupação de gerar mais economia local.
Tivemos também a preocupação de adjudicar o máximo de obras possíveis às empresas locais, garantindo desta forma a manutenção e criação de postos de trabalho.

A dinamização da economia local também passa pela notoriedade e promoção do concelho fora da ilha. Isso tem sido conseguido através de um programa cultural intensivo e divulgado com bastante antecedência, de modo a gerar mais movimento no concelho e dessa forma mais receitas na economia.

Prova dessa dinâmica são os investimentos já anunciados ao nível do setor turístico. Iremos ter os maiores projetos a nível regional, estimando-se em cerca de 30 milhões de euros que serão investidos nos próximos dois anos e que irão duplicar a oferta de camas disponíveis no concelho.

Para além disso, o mercado mobiliário local começa a dar provas de dinâmica, seja através da transformação de moradias para alojamento local, seja através do mercado de arrendamento, em particular dos espaços comerciais.
Podemos, por isso, afirmar que existe um potencial elevado para a diversificação e sustentabilidade da economia do concelho da Ribeira Grande através do setor terciário, nomeadamente através do aumento da atividade económica relacionada com o turismo, onde se destaca o potencial termal e manifestações vulcânicas, o mar e a natureza.

Por fim, este mandato também ficou marcado pela constante preocupação social, tentando acudir a quem realmente necessita e que devido aos fracos recursos financeiros, tivemos que criar programas sociais de apoio direto às famílias.

Uma palavra a todos os parceiros sociais, passando pelas entidades desportivas, musicais e culturais, que foram verdadeiros agentes para melhorarmos a nossa sociedade, sem esquecer as nossas juntas de freguesia, que são fundamentais para identificação e resolução de problemas que surgem diariamente.

A todos eles o nosso muito obrigado.

Viva a Ribeira Grande”